Caras/os amigas/os
A Amnistia Internacional Portugal irá realizar, no próximo dia 01 de Novembro, uma sessão de formação sobre a AI, os Direitos Humanos e as formas de participação no movimento. Irá também ser abordada a questão da Educação para os Direitos Humanos.
A sessão será levada a cabo no Espaço Multiusos de Albufeira, entre as 14h30 e as 17h00.
Em simultâneo, estará a decorrer o IX Campo de Trabalho da AI Portugal, uma acção destinada a jovens entre os 15 e os 18 anos, na qual se procura promover o debate e a reflexão sobre várias temáticas de Direitos Humanos.
Convidamo-vos a estar presentes na sessão de formação e, assim, acompanhar mais de perto o trabalho da AI Portugal.
A sessão é gratuita, não sendo necessária qualquer inscrição prévia. Dado que os responsáveis pela sessão não estarão na Sede da AI Portugal a partir de Quinta-Feira, agradecemos que qualquer pedido de esclarecimento seja feito através do telefone 91 850 33 74.
Cumprimentos,
Daniel Oliveira
Amnistia Internacional Portugal
Telf: 21 386 16 52
Fax: 21 386 17 82
e-mail: d.oliveira@amnistia-internacional.pt
Visite o nosso website em www.amnistia-internacional.pt
quinta-feira, outubro 30
quarta-feira, outubro 29
VENHA DESFRUTAR DE COZINHA CASEIRA NA BELEZA DA NAMAACHA.
ESPAÇO CULTURAL ACACIA
Rua Principal n 48 Vila da Namaacha
Contactos
824274047 - Mario
826904050 - Esmeralda
827059578 - Olga
MENU FIM DE SEMANA
SABADO
MTS
Sopa de vegetais ------------------------------------ 40.00
Pato estufado com batata corada e salada ------------150.00
Salada de fruta ------------------------------------- 50.00
Doce de mandioca com coco---------------------------- 50.00
DOMINGO
Sopa de vegetais ------------------------------------ 40.00
Macofi de camarao, casquinha de caranguejo e arroz --130.00
Espeto de gazela na brasa, batata frita e salada ----120.00
Pato estufado com batata corada e salada ------------150.00
Salada de fruta ------------------------------------- 50.00
Doce de mandioca com coco---------------------------- 50.00
Mousse de ananas ------------------------------------ 60.00
Dispomos ainda de
Frango, Tbone e Lamb chops na brasa.
VENHA DESFRUTAR DE COZINHA CASEIRA NA BELEZA DA NAMAACHA.
FACA A SUA RESERVA COM 48H DE ANTECEDENCIA.
Melhores cumprimentos,
Arlete Fernandes Calane
Cel n 823003190
Email afcalane@tvcabo.co.mz
acacianamaacha@yahoo.com.br
Rua Principal n 48 Vila da Namaacha
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Pato estufado com batata corada e salada ------------150.00
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Doce de mandioca com coco---------------------------- 50.00
DOMINGO
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Macofi de camarao, casquinha de caranguejo e arroz --130.00
Espeto de gazela na brasa, batata frita e salada ----120.00
Pato estufado com batata corada e salada ------------150.00
Salada de fruta ------------------------------------- 50.00
Doce de mandioca com coco---------------------------- 50.00
Mousse de ananas ------------------------------------ 60.00
Dispomos ainda de
Frango, Tbone e Lamb chops na brasa.
VENHA DESFRUTAR DE COZINHA CASEIRA NA BELEZA DA NAMAACHA.
FACA A SUA RESERVA COM 48H DE ANTECEDENCIA.
Melhores cumprimentos,
Arlete Fernandes Calane
Cel n 823003190
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acacianamaacha@yahoo.com.br
sábado, outubro 25
Sou carioca
Sou do Rio de Janeiro, cidade linda por sua natureza,
Gente alegre com o sol a brilhar.
Amores sem fim para concretizar.
Amores com fim para sarar.
Praias deslumbrantes.
Matas e morros com seus figurantes
Corpos bronzeados por todas as partes.
Desejo sem fim por alegrar
Musicas trauteando por cada passar
Olhares gulosos para se amar
Chega o carnaval para se deliciar
Pés no chão para sambar.
Sou carioca sim, até em Portugal!
Madalena Lemos
sexta-feira, outubro 24
O olho gordo
21/10/2008 16:32:18
“Tempo, na mediunidade, a gente não tem mesmo, mas para fazer o que não deve, a gente arranja” (Chico Xavier)
Lembro quando contava apenas nove anos de idade, minha mãe e eu estávamos no portão de casa aguardando meu pai retornar do trabalho. Uma vizinha parou para conversar com minha mãe. Em determinado momento, ela voltou-se para a jardineira onde minha mãe cultivava suas plantas. E, indignada, exclamou:
— Dona Aurora! Que avenca bonita! Por que a minha avenca nunca ficou tão linda?
Logo depois ela foi embora. Minha mãe, após alguns instantes, apontou para a avenca cujas folhas se fecharam como se estivessem murchando, e explicou-me:
— Viu, meu filho, o que o pensamento de despeito e de inveja da nossa vizinha fez com a nossa plantinha? Guarde esta lição! Nunca use o seu pensamento para invejar ou odiar alguém. Da mesma forma que a planta se ressentiu do magnetismo negativo, as pessoas mais sensíveis também se ressentem e podem até adoecer. Mas, se você usar os seus pensamentos para ajudar, envolvendo-as com amor, o magnetismo poderá curar as suas enfermidades.
Dizendo isso, voltou-se para a planta e impôs suas mãos sobre ela e orou. Antes que meu pai retornasse do trabalho, a avenca já se recuperara, voltando a ficar bonita e viçosa como era antes da influência.
Minha mãe passou-me esta lição como conhecimento de causa, pois, durante toda sua vida, aliviou muita gente impondo suas mãos nas pessoas. Ela se revestiu da generosidade e do amor que nos ensina o Espiritismo Cristão.
No ano 1970, morava numa casa com quintal muito grande. Como gosto de animais, passei a criar um casal de gansos, um peru e algumas galinhas. E estava muito feliz porque a gansa chocara, trazendo à vida 6 filhotes. Uma conhecida nossa, dona do armazém onde realizávamos nossas compras, ficou sabendo e quis ver os gansos, pois eles não procriam facilmente em cativeiro.
Certo dia, ela apareceu em casa e, logo ao entrar no quintal, demonstrou ser apaixonada pela criação de gansos e revelou-me que possuía três casais que nunca procriaram. Percebi no seu olhar e semblante uma certa indignação. Ficou algum tempo olhando para os gansos, admirando-os e elogiando a beleza de todas as aves do meu quintal. Logo depois, despediu-se e partiu.
No dia seguinte da sua visita, as galinhas não desceram do poleiro para se alimentar e ali ficaram defecando fezes líquidas até morrerem. No terceiro dia, foi o galo que, à semelhança das galinhas, permaneceu no poleiro até a morte. No quarto dia, morreram os gansos. Entretanto o peru continuava vivo, mas apresentava sinais de que também morreria, pois já não descia do poleiro e não se alimentava.
Foi quando, conversando com minha mãe, cheguei à conclusão que aquela mulher poderia estar por trás daquelas mortes, pois nenhum remédio veterinário conseguira curá-los.
Foi então que resolvemos tentar salvar o peru, magnetizando-o. A nossa surpresa foi que o peru, após algumas horas de termos atuado sobre ele, apresentava visível revitalização. Não precisa dizer que ele se recuperou completamente ao final do dia.
Nelson Morais
http://www.jornaldemocrata.com.br/materias
“Tempo, na mediunidade, a gente não tem mesmo, mas para fazer o que não deve, a gente arranja” (Chico Xavier)
Lembro quando contava apenas nove anos de idade, minha mãe e eu estávamos no portão de casa aguardando meu pai retornar do trabalho. Uma vizinha parou para conversar com minha mãe. Em determinado momento, ela voltou-se para a jardineira onde minha mãe cultivava suas plantas. E, indignada, exclamou:
— Dona Aurora! Que avenca bonita! Por que a minha avenca nunca ficou tão linda?
Logo depois ela foi embora. Minha mãe, após alguns instantes, apontou para a avenca cujas folhas se fecharam como se estivessem murchando, e explicou-me:
— Viu, meu filho, o que o pensamento de despeito e de inveja da nossa vizinha fez com a nossa plantinha? Guarde esta lição! Nunca use o seu pensamento para invejar ou odiar alguém. Da mesma forma que a planta se ressentiu do magnetismo negativo, as pessoas mais sensíveis também se ressentem e podem até adoecer. Mas, se você usar os seus pensamentos para ajudar, envolvendo-as com amor, o magnetismo poderá curar as suas enfermidades.
Dizendo isso, voltou-se para a planta e impôs suas mãos sobre ela e orou. Antes que meu pai retornasse do trabalho, a avenca já se recuperara, voltando a ficar bonita e viçosa como era antes da influência.
Minha mãe passou-me esta lição como conhecimento de causa, pois, durante toda sua vida, aliviou muita gente impondo suas mãos nas pessoas. Ela se revestiu da generosidade e do amor que nos ensina o Espiritismo Cristão.
No ano 1970, morava numa casa com quintal muito grande. Como gosto de animais, passei a criar um casal de gansos, um peru e algumas galinhas. E estava muito feliz porque a gansa chocara, trazendo à vida 6 filhotes. Uma conhecida nossa, dona do armazém onde realizávamos nossas compras, ficou sabendo e quis ver os gansos, pois eles não procriam facilmente em cativeiro.
Certo dia, ela apareceu em casa e, logo ao entrar no quintal, demonstrou ser apaixonada pela criação de gansos e revelou-me que possuía três casais que nunca procriaram. Percebi no seu olhar e semblante uma certa indignação. Ficou algum tempo olhando para os gansos, admirando-os e elogiando a beleza de todas as aves do meu quintal. Logo depois, despediu-se e partiu.
No dia seguinte da sua visita, as galinhas não desceram do poleiro para se alimentar e ali ficaram defecando fezes líquidas até morrerem. No terceiro dia, foi o galo que, à semelhança das galinhas, permaneceu no poleiro até a morte. No quarto dia, morreram os gansos. Entretanto o peru continuava vivo, mas apresentava sinais de que também morreria, pois já não descia do poleiro e não se alimentava.
Foi quando, conversando com minha mãe, cheguei à conclusão que aquela mulher poderia estar por trás daquelas mortes, pois nenhum remédio veterinário conseguira curá-los.
Foi então que resolvemos tentar salvar o peru, magnetizando-o. A nossa surpresa foi que o peru, após algumas horas de termos atuado sobre ele, apresentava visível revitalização. Não precisa dizer que ele se recuperou completamente ao final do dia.
Nelson Morais
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terça-feira, outubro 21
Visitas ao Blog
Já cheguei às 30.034 visitas antes de completar um ano e meio do Blog.
Obrigada a aqueles que me visitaram.
Madalena Gouvêa Lemos
VISITS
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This Week 842
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Espiritismo e atualidade em discussão no dia 27
Temas polêmicos e que ocupam a pauta de discussão da sociedade serão assuntos da 12ªSemana Espírita de Ponta Negra, que terá como temática Espiritismo e atualidade e ocorrerá entre 27 de outubro e primeiro de novembro, promovida pelo Centro Espírita Irmãos do Caminho. Entre os assuntos que serão debatidos estão: doação de órgãos, células-tronco, aborto, depressão, entre outros. O evento é gratuito, aberto ao público, não precisa de inscrição e ocorrerá no próprio centro (Rua Praia de Muriú - Ponta Negra).
‘‘Escolhemos temas que pudessem colocar em debate a opinião espírita’’, afirma o presidente do centro há 12 anos, José da Costa Ferreira Júnior, conhecido como Duda. Toda a programação da semana será iniciada com apresentações culturais espíritas, às 19h30, seguidas das palestras que serão coduzidas por nomes de referências do espiritismo no país como: Clóvis Nunes (BA), Luiz Cláudio (MG), Adeauer Novaes (BA), Listz Rangel (PE), Mércia Carvalho (RN), Sandra Borba (RN), entre outros.
Durante o evento, o público poderá conhecer o ponto de vista do espiritismo diante de temas como as células-tronco. Segundo José Costa existe uma corrente da doutrina que considera as pesquisas com células embrionárias um aborto, por retirar vidas, ‘‘esse mesmo grupo defende que essas pesquisas sejam feitas com células-tronco adultas, pois com as embrionárias, na opinião deles, irá demandar muito tempo e ninguém tem certeza que irão ocorrer respostas positivas. Com as células adultas já existem respostas sobre a cura de doenças’’, diz Costa.
Outro assunto bastante discutido pela sociedade e que vem, a cada dia, atingindo um maior número de pessoas é a depressão. José Carlos afirma que o espiritismo enxerga a depressão como um doença da alma, que pode ter origem em vidas passadas ou uma entidade espiritual. A semana é promovida anualmente sempre no mês de outubro.
Atividades sociais
O Centro Espírita Irmãos do Caminho, que há 26 anos foi fundado em Ponta Negra, também é bastante conhecido na cidade pelos projetos sociais que desenvolve. Os projetos iniciaram pouco depois da criação do centro com o atendimento a detentos nas delegacias de Natal. Hoje, o projeto não existe mais, foi substituído pela distribuição de sopão para crianças de rua. O centro mantém oito ações sociais que atendem não só a comunidade carente de Ponta Negra. Os trabalhos envolvem evangelização, atendimento e distribuição de alimentos. O mais recente projeto, conhecido como Caravana do Caminho, consiste em suprir as carências de habitação, vestuário e alimentos de famílias carentes. Além disso, o centro ainda mantém uma escola e uma creche que atendem a 120 crianças. Quem quiser contribuir com os projetos sociais pode entrar em contato pelo telefone: 3236 3489.
‘‘Escolhemos temas que pudessem colocar em debate a opinião espírita’’, afirma o presidente do centro há 12 anos, José da Costa Ferreira Júnior, conhecido como Duda. Toda a programação da semana será iniciada com apresentações culturais espíritas, às 19h30, seguidas das palestras que serão coduzidas por nomes de referências do espiritismo no país como: Clóvis Nunes (BA), Luiz Cláudio (MG), Adeauer Novaes (BA), Listz Rangel (PE), Mércia Carvalho (RN), Sandra Borba (RN), entre outros.
Durante o evento, o público poderá conhecer o ponto de vista do espiritismo diante de temas como as células-tronco. Segundo José Costa existe uma corrente da doutrina que considera as pesquisas com células embrionárias um aborto, por retirar vidas, ‘‘esse mesmo grupo defende que essas pesquisas sejam feitas com células-tronco adultas, pois com as embrionárias, na opinião deles, irá demandar muito tempo e ninguém tem certeza que irão ocorrer respostas positivas. Com as células adultas já existem respostas sobre a cura de doenças’’, diz Costa.
Outro assunto bastante discutido pela sociedade e que vem, a cada dia, atingindo um maior número de pessoas é a depressão. José Carlos afirma que o espiritismo enxerga a depressão como um doença da alma, que pode ter origem em vidas passadas ou uma entidade espiritual. A semana é promovida anualmente sempre no mês de outubro.
Atividades sociais
O Centro Espírita Irmãos do Caminho, que há 26 anos foi fundado em Ponta Negra, também é bastante conhecido na cidade pelos projetos sociais que desenvolve. Os projetos iniciaram pouco depois da criação do centro com o atendimento a detentos nas delegacias de Natal. Hoje, o projeto não existe mais, foi substituído pela distribuição de sopão para crianças de rua. O centro mantém oito ações sociais que atendem não só a comunidade carente de Ponta Negra. Os trabalhos envolvem evangelização, atendimento e distribuição de alimentos. O mais recente projeto, conhecido como Caravana do Caminho, consiste em suprir as carências de habitação, vestuário e alimentos de famílias carentes. Além disso, o centro ainda mantém uma escola e uma creche que atendem a 120 crianças. Quem quiser contribuir com os projetos sociais pode entrar em contato pelo telefone: 3236 3489.
Estações mutantes
São cinco da manhã
De noite ainda é,
Acordei com poesia dentro de mim
Para o papel tenho que a pôr.
O Outono já chegou,
As folhas estão caindo.
O Inverno chegando
Com o seu frio me entalando,
Mas a poesia terá mais força
Para mais um Inverno passar
Sentirei.me como as árvores
Despida estarei.
Os sorrisos desaparecerão,
Nas caras das pessoas anónimas,
Para enrudilhadas ficarem!
Só me restará o sorriso do sol
Que esse nunca deixará de brilhar
Até o Mundo acabar
Dentro da poesia ficar.
Os pássaros já emigraram
E deixaram a cidade em silêncio
Para retrospecção ficar
De que mais um ano passou
E que de bom aprendemos
E o mal que fizemos.
Para o futuro olhar.
Madalena Lemos 21/19/2008
domingo, outubro 19
O Mar
Ontem vi o mar com sua linha no horizonte,
Belas suas ondas debatendo na areia branca.
O sol refletia no espelho do seu verde
Com sua musica, fez dos meus ouvidos
Uma calmaria que só Deus nos pode dar.
Assim fazia o meu amor!
Emprenhava em mim
Debatendo na areia branca.
Com o seu tocar fascinante.
Ontem vi o mar ,com a sua linha no horizonte
O amor estava todo nele
A sua musica, hipnotizava-me
Com o seu som a arrebatar na areia
As gaivotas sobrevoavam -no
Mostrando que o temporal
Já tinha termidado
Mas ontem eu vi o mar debatendo-se
Na areia branca .
Junto com o meu amor
Sussurrando-me nos meus ouvidos
E, na sua calmaria, amávamo-nos.
Madalena Lemos
Lula dois minutos com Nelson Mandela
Lula em Moçambique - Dois minutos com Nelson Mandela e outras notícias de Maputo
17/10/2008
MAPUTO (MOÇAMBIQUE) - Em geral mitos se formam ao longo de décadas, e santos são canonizados após a morte. Nelson Mandela é um caso raríssimo na história, e certamente único nos dias de hoje, de uma pessoa mitificada ainda em vida, “santificada” ainda entre nós.
Luiz Inácio Lula da Silva tinha um objetivo especial em sua visita a Moçambique: tomar um cafezinho com o mito sul-africano, ainda que fossem dez minutinhos. Após uma demorada negociação do Itamaraty com sua mulher, a moçambicana Graça Machel, conseguiu-se encaixar uma visita do nosso presidente ao ícone sul-africano para ontem à tarde (Mandela mora em Johannesburgo , na África do Sul, mas vem muito a Maputo, onde fica hospedado na casa de Graça).
Quando saiu a programação oficial da viagem de Lula a Moçambique, no início da semana, nós jornalistas enchemos a boca d’água. Instantaneamente fui atraído, e sei que meus colegas também foram, para um item perdido no meio da tarde: visita a Nelson Mandela. Está aí um evento histórico, pensei, a chance de um respiro no árduo roteiro de discursos aborrecidos e reuniões intermináveis que é cobrir uma viagem presidencial ao exterior.
Havia um problema, no entanto, que se manifesta em cinco palavrinhas que fazem tremer qualquer jornalista: evento fechado para a imprensa. Numa reunião aqui em Maputo na quarta-feira à noite, o Itamaraty nos alertou que não havia chance de entrarmos na casa de Mandela para acompanhar o encontro. O sul-africano está com 90 anos, tem saúde frágil e um histórico de doenças. É, na verdade, um milagre que um homem que passou 27 anos de sofrimento na prisão ainda esteja vivo. Sua mulher estava irredutível quanto à privacidade do encontro, e ameaçava até mesmo cancelá-lo se houvesse insistência demais de nossa parte. Seria uma reunião rápida, de Lula e seu tradutor com Graça e Mandela. Nem o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, poderia ver Mandela, quanto mais nós jornalistas.
Na reunião com o Itamaraty, argumentamos que mesmo assim valia a pena acompanhar, nem que fosse do lado de fora, na calçada, separados de Mandela por um altíssimo muro da mansão de Graça Machel. Nessas horas, usa-se um argumento impecável: o “não” eu já tenho. Portanto, levar um “não” no dia da visita não seria grande prejuízo. Prejuízo seria se por acaso Mandela aparecesse na sacada para um tchauzinho e nós não estamos lá. Após muita relutância, o Itamaraty concordou em nos levar para o plantãozinho na calçada.
Nosso microônibus, carregando, além de mim, colegas de o Globo, o Estadão, TV Globo, BBC e TV Brasil, chegou junto com a comitiva de Lula pontualmente às 15h na casa de número 1960 da rua João de Barros, no centro de Maputo. Um muro alto e dois seguranças ali estavam. Um portão de correr abria eventualmente para entrada ou saída de algum carro e nos dava preciosos segundos para espiar o jardim interno da monumental casa dos Mandela.
O sol ia forte, os jornalistas reclamávamos do cansaço, da conexão lenta de internet no hotel, do fato de Lula não ter nos dado entrevista ainda (três clássicos da reclamação jornalística) e tudo se encaminhava para mais um plantão frustrado numa calçada qualquer. Não havia qualquer expectativa de ver Mandela. Mas aí uns 15 minutos depois um senhor moçambicano saiu de dentro da casa e nos avisou que iríamos entrar e esperar no jardim interno. Um passo importante havia sido dado.
Entramos, após enfrentarmos detector de metal. A casa, como já disse, é monumental. Um gramado espetacular, paredes envidraçadas e uma marquise branca na entrada.
Mandela, após 27 anos vivendo num cubículo, tirava o atraso em seus anos finais.
Mais 15 minutos e um senhor branco e careca, um sul-africano, aproxima-se da rodinha de jornalistas e pergunta se alguém fala inglês. Todos falamos. E ele explica que o inacreditável acontecerá: Mandela vai sair com Lula, para dar uma rápida saudação. Nós iremos nos aproximar até alguns metros da porta quando o momento chegar. A empolgação é geral.
O moçambicano que nos botou para dentro reaparece: “Sem flash, estamos entendido?”. Anos de trabalho numa pedreira em Robben Island, a ilha-prisão na Cidade do Cabo, com o sol refletindo no chão e atingindo em cheio as pupilas de Mandela, tornaram muito sensível sua visão.
Às 15h35, a porta se abre e somos chamados a nos aproximar. A primeira a aparecer é Graça Machel, simpaticíssima, diferente da figura da bruxa dominadora que havia sido pintada para nós. “Ainda não é comigo”, diz em português para os fotógrafos, com largo sorriso.
Mandela vem alguns segundos atrás, com andar extremamente lento, apoiado numa bengala na mão direita e em Lula no braço esquerdo. Veste uma de suas tradicionais camisas coloridas e estampadas, que na África do Sul são chamadas de “Mandela shirts”. Sua dentição é perfeita, e ele usa um aparelho para surdez.
Seguem-se segundos de silêncio –na verdade, de barulhos de câmeras fotográficas trabalhando nervosamente. Lula brinca com os jornalistas: “Sem perguntas aqui”.
Até que o presidente pede para seu tradutor, Sergio Ferreira, perguntar a Mandela se ele gostaria de dizer alguma coisa.
“É uma honra muito grande para mim receber o presidente Lula”, começa ele, na sua famosa voz rouca. “Até porque, na minha idade, eu deveria estar cavando uma cova para mim”. A frase em inglês é “In my age, I should be digging a grave for myself”, mas o tradutor de Lula entende “credit” no lugar de “grave”, e traduz errado, como “Na minha idade, eu deveria estar pegando todo o crédito para mim”.
É imediatamente corrigido por Graça, que traduz corretamente. Aquele era Mandela exercitando mais uma de suas famosas habilidades: a da auto-ironia.
Mais algumas fotos, e Mandela faz nova piadinha para os fotógrafos. “Se quiserem, eu posso me sentar no chão”.
Dois minutos contados no relógio, e a aparição se encerra. Graça agradece a Lula efusivamente: “Muitíssimo obrigada”. Lula responde com um “te espero no Brasil”. Abraça Mandela antes de o velho homem se virar e, novamente a passos lentíssimos, retornar para dentro.
São segundos incríveis estes finais, com Mandela já de costas, sumindo de nossas vistas. Ali ao nosso lado, Lula acompanha, paralisado como nós, a saída de cena do grande homem. Quieto, disponível por preciosos segundos, ele que é caçado por repórteres noite e dia. Mas dessa vez ninguém se interessa em estender um gravador e perguntar sobre as dificuldades de Marta Suplicy, ou a crise financeira. A poucos metros estava Nelson Mandela.
Escrito por Fábio Zanini
16/10/2008
Lula popstar
MAPUTO (MOÇAMBIQUE) – Lula chega hoje para uma visita de dois dias, mas parece que é a Madonna para dois megaconcertos. Várias pessoas com quem conversei, e que me identificam imediatamente como brasileiro pelo sotaque, perguntam sobre a vinda do presidente.
Ontem à noite tive de voltar ao aeroporto para pegar minha mala, que havia ficado para trás na conexão em Johannesburgo (não há limites para meu azar com malas em viagens) e o carrega-mala, um senhor chamado Rui, me perguntou se era verdade que Lula ficaria para um terceiro mandato (ele já sabia que nosso presidente havia sido eleito e reeleito). Respondi que o rumor existe, mas que é negado pelo governo e que me parece pouco provável. Ele ficou inconsolável:
“Mas por que não? Seria muito bom para o Brasil e para o mundo”.
E emendou num discurso de fazer inveja aos lulistas mais roxos. “O Lula é um grande presidente, ele abriu o país, conseguiu colocar o Brasil no mundo”.
E ainda: “Ele é de esquerda, não é”? Respondi que sim, teoricamente pelo menos. “Pois se ele ficasse mostraria que a esquerda é que está com a razão!”, disse o comentarista político aeroportuário.
A seu lado, uma senhora que fez a alfândega da minha mala dava sorrisos de aprovação, lamentando apenas que teria que ficar trabalhando até as 4h da manhã, o horário marcado da chegada do avião presidencial, vindo da Índia.
Antônio, um dos taxistas que me carregaram para cima e para baixo ontem, sabia que Lula chegaria pela manhã, que passaria 36 horas no país e que entregaria uma fábrica de remédios anti-retrovirais (na verdade, um escritório da Fiocruz). Nosso presidente emplacou a manchete de ontem de um dos principais jornais moçambicanos, “O País”.
Por que tanta expectativa com nosso presidente? Primeiro porque ele sempre traz um pacote de bondades (além da Fiocruz, inaugura um projeto do Sesi). Segundo, porque sua figura barbuda realmente hoje é conhecida na África (pelo menos a de língua portuguesa). E terceiro, creio, porque é da cultura política do africano agarrar-se a um líder forte e protetor. Vem daí o espanto do senhor do aeroporto: se ele é tão bom para nós, porque não fica mais um mandato? É a lógica peculiar de um continente em que é comum um presidente passar 20 anos no poder.
Escrito por Fábio Zanini
Maputo: brisa, silêncio e pastéis
MAPUTO (MOÇAMBIQUE) – É a segunda vez que venho a Maputo (a primeira foi há cinco anos), e embora a capital moçambicana esteja muito mais movimentada agora, com o som de britadeiras provando que esta é uma economia em expansão rápida, a cidade continua intrigantemente pacata.
Ontem à tarde fui dar uma volta pelo centro e a pergunta que me fiz foi: isso aqui é mesmo o centro? O estereótipo da capital africana, congestionada, barulhenta, feia e suja, aqui não se aplica. Não se trata de repetir a máxima consagrada pelo presidente Lula, de que “é tão limpinho que nem parece a África”. Maputo é uma cidade decididamente africana, com suas minivans atropelando quem bobear no meio da rua, camelôs vendendo DVDs piratas e máscaras artesanais, e os inevitáveis anúncios de feitiçaria.
Mas tem um toque meio caribenho, avenidas largas, o oceano Índico na paisagem, e mais árvores do que você jamais verá no centro de São Paulo.
Quando os portugueses decidiram controlar o sul da África, lá pelo século 15, adotaram a estratégia irretocável de controlar suas duas pontas, a do Atlântico e a do Índico, e o resto viria como conseqüência. Não foi bem assim que funcionou, mas isso é outra história. As duas cidades que viraram cabeça de ponte do projeto, Luanda de um lado e Lourenço Marques (hoje Maputo) de outro, não poderiam ser mais diferentes.
Luanda é um inferno de congestionamentos, gente gritando, arranha-céus e favelas monumentais. Maputo não adquire um ar metropolitano nem na hora do rush. Ontem levei exatos 15 minutos às 18h30 do centro da cidade até o aeroporto, distante 10 km. De noite, voltando para o hotel, notei um casal correndo de maneira estranha pelas calçadas. Depois outro, depois um grupinho, depois dezenas e dezenas, inclusive um branco gordo que se matava para subir uma ladeira. Eram pessoas fazendo cooper em pleno centro da capital do país, como se Maputo fosse um grande Central Park.
Luanda torna-se uma zona proibida após certa hora da noite. Em Maputo, caminhar pelo centro de madrugada, como fiz ontem ao sair de um restaurante, é uma delícia. Luanda é feia, perigosa, Maputo tem alamedas e tiozinhos sentados nas dezenas de pastelarias da cidade, tomando seu cafezinho da tarde.
O angolano fala rápido, sorri pouco, às vezes parece agressivo a quem não está acostumado. O moçambicano é todo simpatia, e assumidamente opera em marcha lenta.
Por outro lado, é Angola hoje quem dita o ritmo cultural da África lusófona, e de grande parte da África, aliás, com suas jazidas de petróleo gigantescas, uma economia vibrante e as mais interessantes expressões culturais dessas bandas, do kuduru (uma espécie de funk local) ao rap à crescente paixão deste continente pelo basquete.
Se você quer estar onde as coisas acontecem na África, é para Angola que deve ir. Mas se quer viver bem, comer um bacalhau e um pastel de Belém e aproveitar a brisa oceânica, sua opção é Maputo.
Escrito por Fábio Zanini
13/10/2008
As muitas promessas de Lula para a África
Lula fará na quinta e sexta-feira dessa semana mais uma viagem à África, sua nona, dessa vez para Moçambique. Estarei in loco cobrindo para a Folha de S. Paulo e blogando para Pé na África.
Como sempre, ele vai com mais um pacote de bondades, como tem sido sua especialidade. Dessa vez, é dos grandes, com coisas bem concretas: a inauguração de um escritório da Fundação Oswaldo Cruz, especializado na fabricação de remédios anti-retrovirais, e de uma unidade do Sesi, para dar qualificação profissional aos moçambicanos.
Nem sempre é assim: Lula muitas vezes promete, promete, promete, mas não entrega. Muitas vezes nem é culpa sua, mas dos processos burocráticos que atrasam em muito a concretização dos protocolos de intenção. Vira e mexe ele cita o exemplo de um avião da FAB para jogar spray em pragas de gafanhotos, que ele prometeu para o presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, em 2003. Lula só não sabia que isso dependia de autorização do Congresso Nacional. Quando a autorização saiu, os gafanhotos já tinham feito a festa.
Meus colegas da Sucursal de Brasília da Folha Iuri Dantas e Simone Iglesias fizeram um levantamento impressionante das várias promessas feitas por nosso presidente aos africanos em diversas viagens. Veja só algumas:
Em São Tomé e Príncipe:
Ajudar a formar técnicos na área de petróleo, enviando ao país funcionários da Petrobras;
Dar bolsas de estudo nos níveis de graduação e pós-graduação, em universidades brasileiras;
Ajuda no combate a Aids e à malária e capacitação e o treinamento de pessoal;
Parceria de longo prazo na reestruturação das Forças Armadas;
Em Angola:
Cooperar nas imunizações e combate à malária;
Apoio no combate à epidemia da Aids;
Apoio à reestruturação do programa de ensino básico e médio em Angola;
Em Moçambique:
Perdoar grande parcela da dívida;
Ajudar na capacitação técnica no setor do agronegócio;
Implementar projeto de monitoramento hidrológico e ambiental, usando satélites brasileiros;
Na Namíbia:
Intercâmbio acadêmico;
Oferecer bolsas de graduação e pós-graduação a estudantes;
Treinamento e cessão de tecnologias de cultivo;
Na África do Sul:
Comercialização de máquinas e equipamentos, e até mesmo aeronaves;
No Gabão:
Ajudar com conhecimento científico e tecnológico, formação de empreendedores, e na formação de universitários;
Parcerias na construção de laboratórios para a produção de remédios para combater a AIDS e financiamento de obras de infra-estrutura;
Em Cabo Verde:
Colaborar em tecnologia para desenvolvimento sustentável da agricultura e pecuária;
Formação de empreendedores por meio da Embrapa;
Em Camarões:
Programa de cooperação técnica sobre o cacau;
Implementar o Programa Executivo em Educação Superior para favorecer o intercâmbio de professores universitários;
Retomada na atuação de empresas de engenharia brasileiras na construção da infra-estrutura de energia e transportes;
Na Nigéria:
Transferência de tecnologia brasileira na produção de medicamentos anti-retrovirais;
Cooperação na área energética.
Em Gana:
Cooperação na produção de sal;
Concessão de bolsas de estudos para universitários;
Intercâmbio de professores em nível de pós-graduação;
No Senegal:
Ações conjuntas nos domínios da agricultura, da saúde e da educação;
Ajudar na superação da exclusão digital.
Em Burkina Faso:
Cooperar por meio de investimentos e transferência de tecnologia nas áreas de café, soja, açúcar e carne.
Compartilhar experiência brasileira na produção, escoamento e comercialização do algodão.
Na República do Congo:
Transformar a dívida bilateral do Congo em linhas de financiamento para a compra de bens e serviços brasileiros;
A maioria dessas ações são de longo prazo, e portanto é difícil medir seu progresso. Às vezes parece que Lula, na ânsia de inserir politicamente o Brasil na África, sai prometendo a torto e a direito acima da sua capacidade de entregar a mercadoria.
Mas num ponto nosso presidente tem razão. É melhor oferecer bolsas universitárias do que armas e munição a governos corruptos, como fazem França, Rússia, Reino Unido, EUA...
Escrito por Fábio Zanini
http://penaafrica.folha.blog.uol.com.br/arch2008-10-12_2008-10-18.html
17/10/2008
MAPUTO (MOÇAMBIQUE) - Em geral mitos se formam ao longo de décadas, e santos são canonizados após a morte. Nelson Mandela é um caso raríssimo na história, e certamente único nos dias de hoje, de uma pessoa mitificada ainda em vida, “santificada” ainda entre nós.
Luiz Inácio Lula da Silva tinha um objetivo especial em sua visita a Moçambique: tomar um cafezinho com o mito sul-africano, ainda que fossem dez minutinhos. Após uma demorada negociação do Itamaraty com sua mulher, a moçambicana Graça Machel, conseguiu-se encaixar uma visita do nosso presidente ao ícone sul-africano para ontem à tarde (Mandela mora em Johannesburgo , na África do Sul, mas vem muito a Maputo, onde fica hospedado na casa de Graça).
Quando saiu a programação oficial da viagem de Lula a Moçambique, no início da semana, nós jornalistas enchemos a boca d’água. Instantaneamente fui atraído, e sei que meus colegas também foram, para um item perdido no meio da tarde: visita a Nelson Mandela. Está aí um evento histórico, pensei, a chance de um respiro no árduo roteiro de discursos aborrecidos e reuniões intermináveis que é cobrir uma viagem presidencial ao exterior.
Havia um problema, no entanto, que se manifesta em cinco palavrinhas que fazem tremer qualquer jornalista: evento fechado para a imprensa. Numa reunião aqui em Maputo na quarta-feira à noite, o Itamaraty nos alertou que não havia chance de entrarmos na casa de Mandela para acompanhar o encontro. O sul-africano está com 90 anos, tem saúde frágil e um histórico de doenças. É, na verdade, um milagre que um homem que passou 27 anos de sofrimento na prisão ainda esteja vivo. Sua mulher estava irredutível quanto à privacidade do encontro, e ameaçava até mesmo cancelá-lo se houvesse insistência demais de nossa parte. Seria uma reunião rápida, de Lula e seu tradutor com Graça e Mandela. Nem o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, poderia ver Mandela, quanto mais nós jornalistas.
Na reunião com o Itamaraty, argumentamos que mesmo assim valia a pena acompanhar, nem que fosse do lado de fora, na calçada, separados de Mandela por um altíssimo muro da mansão de Graça Machel. Nessas horas, usa-se um argumento impecável: o “não” eu já tenho. Portanto, levar um “não” no dia da visita não seria grande prejuízo. Prejuízo seria se por acaso Mandela aparecesse na sacada para um tchauzinho e nós não estamos lá. Após muita relutância, o Itamaraty concordou em nos levar para o plantãozinho na calçada.
Nosso microônibus, carregando, além de mim, colegas de o Globo, o Estadão, TV Globo, BBC e TV Brasil, chegou junto com a comitiva de Lula pontualmente às 15h na casa de número 1960 da rua João de Barros, no centro de Maputo. Um muro alto e dois seguranças ali estavam. Um portão de correr abria eventualmente para entrada ou saída de algum carro e nos dava preciosos segundos para espiar o jardim interno da monumental casa dos Mandela.
O sol ia forte, os jornalistas reclamávamos do cansaço, da conexão lenta de internet no hotel, do fato de Lula não ter nos dado entrevista ainda (três clássicos da reclamação jornalística) e tudo se encaminhava para mais um plantão frustrado numa calçada qualquer. Não havia qualquer expectativa de ver Mandela. Mas aí uns 15 minutos depois um senhor moçambicano saiu de dentro da casa e nos avisou que iríamos entrar e esperar no jardim interno. Um passo importante havia sido dado.
Entramos, após enfrentarmos detector de metal. A casa, como já disse, é monumental. Um gramado espetacular, paredes envidraçadas e uma marquise branca na entrada.
Mandela, após 27 anos vivendo num cubículo, tirava o atraso em seus anos finais.
Mais 15 minutos e um senhor branco e careca, um sul-africano, aproxima-se da rodinha de jornalistas e pergunta se alguém fala inglês. Todos falamos. E ele explica que o inacreditável acontecerá: Mandela vai sair com Lula, para dar uma rápida saudação. Nós iremos nos aproximar até alguns metros da porta quando o momento chegar. A empolgação é geral.
O moçambicano que nos botou para dentro reaparece: “Sem flash, estamos entendido?”. Anos de trabalho numa pedreira em Robben Island, a ilha-prisão na Cidade do Cabo, com o sol refletindo no chão e atingindo em cheio as pupilas de Mandela, tornaram muito sensível sua visão.
Às 15h35, a porta se abre e somos chamados a nos aproximar. A primeira a aparecer é Graça Machel, simpaticíssima, diferente da figura da bruxa dominadora que havia sido pintada para nós. “Ainda não é comigo”, diz em português para os fotógrafos, com largo sorriso.
Mandela vem alguns segundos atrás, com andar extremamente lento, apoiado numa bengala na mão direita e em Lula no braço esquerdo. Veste uma de suas tradicionais camisas coloridas e estampadas, que na África do Sul são chamadas de “Mandela shirts”. Sua dentição é perfeita, e ele usa um aparelho para surdez.
Seguem-se segundos de silêncio –na verdade, de barulhos de câmeras fotográficas trabalhando nervosamente. Lula brinca com os jornalistas: “Sem perguntas aqui”.
Até que o presidente pede para seu tradutor, Sergio Ferreira, perguntar a Mandela se ele gostaria de dizer alguma coisa.
“É uma honra muito grande para mim receber o presidente Lula”, começa ele, na sua famosa voz rouca. “Até porque, na minha idade, eu deveria estar cavando uma cova para mim”. A frase em inglês é “In my age, I should be digging a grave for myself”, mas o tradutor de Lula entende “credit” no lugar de “grave”, e traduz errado, como “Na minha idade, eu deveria estar pegando todo o crédito para mim”.
É imediatamente corrigido por Graça, que traduz corretamente. Aquele era Mandela exercitando mais uma de suas famosas habilidades: a da auto-ironia.
Mais algumas fotos, e Mandela faz nova piadinha para os fotógrafos. “Se quiserem, eu posso me sentar no chão”.
Dois minutos contados no relógio, e a aparição se encerra. Graça agradece a Lula efusivamente: “Muitíssimo obrigada”. Lula responde com um “te espero no Brasil”. Abraça Mandela antes de o velho homem se virar e, novamente a passos lentíssimos, retornar para dentro.
São segundos incríveis estes finais, com Mandela já de costas, sumindo de nossas vistas. Ali ao nosso lado, Lula acompanha, paralisado como nós, a saída de cena do grande homem. Quieto, disponível por preciosos segundos, ele que é caçado por repórteres noite e dia. Mas dessa vez ninguém se interessa em estender um gravador e perguntar sobre as dificuldades de Marta Suplicy, ou a crise financeira. A poucos metros estava Nelson Mandela.
Escrito por Fábio Zanini
16/10/2008
Lula popstar
MAPUTO (MOÇAMBIQUE) – Lula chega hoje para uma visita de dois dias, mas parece que é a Madonna para dois megaconcertos. Várias pessoas com quem conversei, e que me identificam imediatamente como brasileiro pelo sotaque, perguntam sobre a vinda do presidente.
Ontem à noite tive de voltar ao aeroporto para pegar minha mala, que havia ficado para trás na conexão em Johannesburgo (não há limites para meu azar com malas em viagens) e o carrega-mala, um senhor chamado Rui, me perguntou se era verdade que Lula ficaria para um terceiro mandato (ele já sabia que nosso presidente havia sido eleito e reeleito). Respondi que o rumor existe, mas que é negado pelo governo e que me parece pouco provável. Ele ficou inconsolável:
“Mas por que não? Seria muito bom para o Brasil e para o mundo”.
E emendou num discurso de fazer inveja aos lulistas mais roxos. “O Lula é um grande presidente, ele abriu o país, conseguiu colocar o Brasil no mundo”.
E ainda: “Ele é de esquerda, não é”? Respondi que sim, teoricamente pelo menos. “Pois se ele ficasse mostraria que a esquerda é que está com a razão!”, disse o comentarista político aeroportuário.
A seu lado, uma senhora que fez a alfândega da minha mala dava sorrisos de aprovação, lamentando apenas que teria que ficar trabalhando até as 4h da manhã, o horário marcado da chegada do avião presidencial, vindo da Índia.
Antônio, um dos taxistas que me carregaram para cima e para baixo ontem, sabia que Lula chegaria pela manhã, que passaria 36 horas no país e que entregaria uma fábrica de remédios anti-retrovirais (na verdade, um escritório da Fiocruz). Nosso presidente emplacou a manchete de ontem de um dos principais jornais moçambicanos, “O País”.
Por que tanta expectativa com nosso presidente? Primeiro porque ele sempre traz um pacote de bondades (além da Fiocruz, inaugura um projeto do Sesi). Segundo, porque sua figura barbuda realmente hoje é conhecida na África (pelo menos a de língua portuguesa). E terceiro, creio, porque é da cultura política do africano agarrar-se a um líder forte e protetor. Vem daí o espanto do senhor do aeroporto: se ele é tão bom para nós, porque não fica mais um mandato? É a lógica peculiar de um continente em que é comum um presidente passar 20 anos no poder.
Escrito por Fábio Zanini
Maputo: brisa, silêncio e pastéis
MAPUTO (MOÇAMBIQUE) – É a segunda vez que venho a Maputo (a primeira foi há cinco anos), e embora a capital moçambicana esteja muito mais movimentada agora, com o som de britadeiras provando que esta é uma economia em expansão rápida, a cidade continua intrigantemente pacata.
Ontem à tarde fui dar uma volta pelo centro e a pergunta que me fiz foi: isso aqui é mesmo o centro? O estereótipo da capital africana, congestionada, barulhenta, feia e suja, aqui não se aplica. Não se trata de repetir a máxima consagrada pelo presidente Lula, de que “é tão limpinho que nem parece a África”. Maputo é uma cidade decididamente africana, com suas minivans atropelando quem bobear no meio da rua, camelôs vendendo DVDs piratas e máscaras artesanais, e os inevitáveis anúncios de feitiçaria.
Mas tem um toque meio caribenho, avenidas largas, o oceano Índico na paisagem, e mais árvores do que você jamais verá no centro de São Paulo.
Quando os portugueses decidiram controlar o sul da África, lá pelo século 15, adotaram a estratégia irretocável de controlar suas duas pontas, a do Atlântico e a do Índico, e o resto viria como conseqüência. Não foi bem assim que funcionou, mas isso é outra história. As duas cidades que viraram cabeça de ponte do projeto, Luanda de um lado e Lourenço Marques (hoje Maputo) de outro, não poderiam ser mais diferentes.
Luanda é um inferno de congestionamentos, gente gritando, arranha-céus e favelas monumentais. Maputo não adquire um ar metropolitano nem na hora do rush. Ontem levei exatos 15 minutos às 18h30 do centro da cidade até o aeroporto, distante 10 km. De noite, voltando para o hotel, notei um casal correndo de maneira estranha pelas calçadas. Depois outro, depois um grupinho, depois dezenas e dezenas, inclusive um branco gordo que se matava para subir uma ladeira. Eram pessoas fazendo cooper em pleno centro da capital do país, como se Maputo fosse um grande Central Park.
Luanda torna-se uma zona proibida após certa hora da noite. Em Maputo, caminhar pelo centro de madrugada, como fiz ontem ao sair de um restaurante, é uma delícia. Luanda é feia, perigosa, Maputo tem alamedas e tiozinhos sentados nas dezenas de pastelarias da cidade, tomando seu cafezinho da tarde.
O angolano fala rápido, sorri pouco, às vezes parece agressivo a quem não está acostumado. O moçambicano é todo simpatia, e assumidamente opera em marcha lenta.
Por outro lado, é Angola hoje quem dita o ritmo cultural da África lusófona, e de grande parte da África, aliás, com suas jazidas de petróleo gigantescas, uma economia vibrante e as mais interessantes expressões culturais dessas bandas, do kuduru (uma espécie de funk local) ao rap à crescente paixão deste continente pelo basquete.
Se você quer estar onde as coisas acontecem na África, é para Angola que deve ir. Mas se quer viver bem, comer um bacalhau e um pastel de Belém e aproveitar a brisa oceânica, sua opção é Maputo.
Escrito por Fábio Zanini
13/10/2008
As muitas promessas de Lula para a África
Lula fará na quinta e sexta-feira dessa semana mais uma viagem à África, sua nona, dessa vez para Moçambique. Estarei in loco cobrindo para a Folha de S. Paulo e blogando para Pé na África.
Como sempre, ele vai com mais um pacote de bondades, como tem sido sua especialidade. Dessa vez, é dos grandes, com coisas bem concretas: a inauguração de um escritório da Fundação Oswaldo Cruz, especializado na fabricação de remédios anti-retrovirais, e de uma unidade do Sesi, para dar qualificação profissional aos moçambicanos.
Nem sempre é assim: Lula muitas vezes promete, promete, promete, mas não entrega. Muitas vezes nem é culpa sua, mas dos processos burocráticos que atrasam em muito a concretização dos protocolos de intenção. Vira e mexe ele cita o exemplo de um avião da FAB para jogar spray em pragas de gafanhotos, que ele prometeu para o presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, em 2003. Lula só não sabia que isso dependia de autorização do Congresso Nacional. Quando a autorização saiu, os gafanhotos já tinham feito a festa.
Meus colegas da Sucursal de Brasília da Folha Iuri Dantas e Simone Iglesias fizeram um levantamento impressionante das várias promessas feitas por nosso presidente aos africanos em diversas viagens. Veja só algumas:
Em São Tomé e Príncipe:
Ajudar a formar técnicos na área de petróleo, enviando ao país funcionários da Petrobras;
Dar bolsas de estudo nos níveis de graduação e pós-graduação, em universidades brasileiras;
Ajuda no combate a Aids e à malária e capacitação e o treinamento de pessoal;
Parceria de longo prazo na reestruturação das Forças Armadas;
Em Angola:
Cooperar nas imunizações e combate à malária;
Apoio no combate à epidemia da Aids;
Apoio à reestruturação do programa de ensino básico e médio em Angola;
Em Moçambique:
Perdoar grande parcela da dívida;
Ajudar na capacitação técnica no setor do agronegócio;
Implementar projeto de monitoramento hidrológico e ambiental, usando satélites brasileiros;
Na Namíbia:
Intercâmbio acadêmico;
Oferecer bolsas de graduação e pós-graduação a estudantes;
Treinamento e cessão de tecnologias de cultivo;
Na África do Sul:
Comercialização de máquinas e equipamentos, e até mesmo aeronaves;
No Gabão:
Ajudar com conhecimento científico e tecnológico, formação de empreendedores, e na formação de universitários;
Parcerias na construção de laboratórios para a produção de remédios para combater a AIDS e financiamento de obras de infra-estrutura;
Em Cabo Verde:
Colaborar em tecnologia para desenvolvimento sustentável da agricultura e pecuária;
Formação de empreendedores por meio da Embrapa;
Em Camarões:
Programa de cooperação técnica sobre o cacau;
Implementar o Programa Executivo em Educação Superior para favorecer o intercâmbio de professores universitários;
Retomada na atuação de empresas de engenharia brasileiras na construção da infra-estrutura de energia e transportes;
Na Nigéria:
Transferência de tecnologia brasileira na produção de medicamentos anti-retrovirais;
Cooperação na área energética.
Em Gana:
Cooperação na produção de sal;
Concessão de bolsas de estudos para universitários;
Intercâmbio de professores em nível de pós-graduação;
No Senegal:
Ações conjuntas nos domínios da agricultura, da saúde e da educação;
Ajudar na superação da exclusão digital.
Em Burkina Faso:
Cooperar por meio de investimentos e transferência de tecnologia nas áreas de café, soja, açúcar e carne.
Compartilhar experiência brasileira na produção, escoamento e comercialização do algodão.
Na República do Congo:
Transformar a dívida bilateral do Congo em linhas de financiamento para a compra de bens e serviços brasileiros;
A maioria dessas ações são de longo prazo, e portanto é difícil medir seu progresso. Às vezes parece que Lula, na ânsia de inserir politicamente o Brasil na África, sai prometendo a torto e a direito acima da sua capacidade de entregar a mercadoria.
Mas num ponto nosso presidente tem razão. É melhor oferecer bolsas universitárias do que armas e munição a governos corruptos, como fazem França, Rússia, Reino Unido, EUA...
Escrito por Fábio Zanini
http://penaafrica.folha.blog.uol.com.br/arch2008-10-12_2008-10-18.html
sábado, outubro 18
CONSCIÊNCIA CRÍSTICA
O ser humano atingiu um nível de consciência difícil de igualar nos dias que correm. O ser humano adquiriu não uma consciência crística, mas uma consciência materialista.
Cada ser humano tem dentro de si um contacto privilegiado com o céu. A consciência crística é o veículo que atravessa as mais altas esferas do céu e faz a ligação.
Cada homem pode escolher entre a consciência crística e a material. Faz parte das suas escolhas. Deverá escolher entre a verdade e a ilusão. O ser humano sabe tudo o que há-de fazer se alcançar a consciência crística, e esta só se alcança com a verdade.
Querer saber, aceitar o que vem. Saber que vai perder e perder. E saber que pode perder outra vez, e isso fazer parte da vida. Consciência crística é saber resumir nos céus a terra, e toda a terra em luz.
Este Jesus Cristo Que Vos Fala, Livro 3/ A Era da Liberdade,
Alexandra Solnado
Cada ser humano tem dentro de si um contacto privilegiado com o céu. A consciência crística é o veículo que atravessa as mais altas esferas do céu e faz a ligação.
Cada homem pode escolher entre a consciência crística e a material. Faz parte das suas escolhas. Deverá escolher entre a verdade e a ilusão. O ser humano sabe tudo o que há-de fazer se alcançar a consciência crística, e esta só se alcança com a verdade.
Querer saber, aceitar o que vem. Saber que vai perder e perder. E saber que pode perder outra vez, e isso fazer parte da vida. Consciência crística é saber resumir nos céus a terra, e toda a terra em luz.
Este Jesus Cristo Que Vos Fala, Livro 3/ A Era da Liberdade,
Alexandra Solnado
terça-feira, outubro 14
Apenas poesia
Palavras que se cruzam e vão rimando
Dores que se vão magoando
Risos que se vão,
Em alegrias transformando.
Palavras soltas sem nexo,
Com amor se vão transformando
Em pensamentos se tornando
Em nexo se transformando
Para que o outro entenda
O que nelas se vão escrevendo
Para algo se irem transformando
No que seja apenas um verso sem nexo
Mas com palavras soltas se transformando,
Num pensamento simplificando,
O que é apenas poesia
Madalena Lemos
OS ANGOLANOS MAIS RICOS DE ANGOLA...
Com mais de 100 milhões de USD
1-José Eduardo dos Santos-Presidente da República
2-Lopo do Nascimento Deputado
3-José Leitão-Chefe da Casa Civil de Luanda
4-Elisio de Figueiredo-Embaixador
5-João de Matos-General
6-Higino Carneiro-Ministro das Obras Públicas
7-Helder Vieira Dias (Kopelipa)-General
8-António Mosquito-Empresário
9-Valentim Amões-Empresário
10-Sebastião Lavrador-Bancário
11-José Severino-Empresário
12-Joaquim David-Ministro da Indústria
13Manuel Vicente-PCA da Sonangol
14-Abilio Sianga-Admnistrador da Sonangol
15-Mário Palhares-PCA do BAI
16-Aguinaldo Jaime-Ministro Adjunto do 1°.Ministro
17-França Ndalu-General da Reserva
18-Amaro Taty-Governador do Bié
19-Noé Baltazar-Director Delegado da ASCORP
20-Desidério Costa-Ministro dos Petróleos
Com mais de 50 milhões e menos de 100 milhões de USD
21-João Lourenço-Secretário Geral do MPLA
22-Isaac dos Anjos-Embaixador
23-Faustino Muteka-Ministro da Admnistração do Território
24-António Vandúnem-Secretário do Conselho de Ministros
25-Dumilde Rangel-Governador de Benguela
26-Salomão Xirimbimbi-Ministro das Pescas
27-Fátima Jardim-Ex-Ministra das Pescas
28-Dino Matross-1°.Vice-Presidente da Assembleia Nacional
29-Álvaro Carneiro-Ex-Director Adjunto da Endiama
30-Flávio Fernandes-Ex-PCA da Multiperfil
31-Fernando Miala-Ex-Director dos Servios de Segurança do Estado
32-Armindo César-Empresário
33-Ramos da Cruz-Governador da Huila
34-Gomes Maiato-Governador da Lunda-Norte
35-João E. dos Santos-Governador do Moxico
36-Gonçalves Muandumba-Governador da Lunda-Sul
37-Aníbal Rocha-Governador de Cabinda
38-Ludy Kissassunda-Governador do Zaire
39-Luiz Paulino dos Santos-Ex-Governador do Bié
40-Paulo Kassoma-Governador do Huambo
41-Rui Santos-Empresário
42-Mário António-Membro do BP do MPLA e ADM. da GEFI
43-Silva Neto-Ex-Admnistrador da Sonangol Distribuidora
44-Júlio Bessa-Ex-Ministro das Finanças
45-Paixão Franco-Presidente do FDES
46-Mello Xavier-Deputado e Empresário
47-Kundi-Payhama-Ex-Ministro da Defesa
48-Ismael Diogo-Presidente da FESA
49-Maria Mambo Café-Membro do BP do MPLA
50-Augusto Tomás-Deputado
51-Generoso de Almeida-PCA DO BCI
52-Luiz Faceira-General
53-Cirilo de Sá-General
54-Adolfo Razoilo-General
55-Gilberto Lutukuta-Ministro da Agricultura
56-Simão Júnior-Empresário (Grupo Chamavo e Gema)
57-Carlos Feijó-Acessor da Presidência da República
58-Armando da Cruz Neto-Chefe do Estado Maior das FAA
59-Fernando Borges-Empresário
Os miseráveis:
14.000.000 (catorze milhões)...
-Menos de 1 USD...!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Leiam o que encontrei, escrito pelo Nicola Guardiola, com o título Os «novos ricos Angolanos» apostam nos negócios.
Tive saudade de Angola e andei pelo Angonotícias e outros sites a saber dos generais que me permitiram mover absolutamente à vontade em todo o território durante a guerra, em zonas onde só chegavam os mercenários, soldados…e, pior, onde o povo era atacado e chacinado sem ter militares que lhe acudisse.
Continuo a achar imperdoável que a comunidade internacional, por causa das riquezas que rapina em Angola, não pressione a organização de eleições livres no país.
«INVESTIR em Angola é agora a divisa dos nossos ricos» diz o «Semanário Angolense». O jornal, que causou escândalo em 2004 com a publicação da lista dos homens mais ricos da «nomenklatura» angolana, voltou a carga há duas semanas com um «retrato» dos grupos privados que proliferam em Angola, à boleia do «boom» económico e da intenção confessa do Governo de favorecer a criação de grupos privados nacionais e a sua entrada em sectores estratégicos como a banca, o petróleo ou os diamantes.
O director do «Semanário Angolense», Graça Campos, admite que a lista não é exaustiva e não se apoia numa aturada investigação. São os «negócios» que dão que falar e que ilustram a importância do lóbi político e a «apetência» dos investidores estrangeiros para formarem sociedades com figuras políticas do regime ou seus familiares.·
Com a devida vénia ao «Semanário Angolense», eis, em resumo e de A a Z, o retrato dos grupos privados mais «badalados» da actualidade em Luanda.
ARMINDO CÉSAR & FILHOS
No começo esteve a Maboque, empresa especializada em restauração, hotelaria e «catering». Diz-se que conta entre os seus accionistas com membros da família do Presidente Eduardo dos Santos e uma plêiade de generais. Mas nos últimos cinco anos o grupo cresceu e multiplicou-se.
Actividade: as anteriores, mais pescas (captura e comercialização), hotelaria e turismo, imobiliário, comércio (hipermercado Interpark), formação profissional e serviços.
BANCO INTERNACIONAL DE CRÉDITO (BIC)
Isabel dos Santos, primogénita do Presidente Eduardo dos Santos, e o empresário português Américo Amorim (25%) são os principais accionistas. Criado em Junho, já abriu 13 balcões (8 em Luanda) e arrecadou mais de 165 milhões de dólares em depósitos.
BANCO COMERCIAL DE ANGOLA (BCA)
Inclui entre os seus accionistas três ex-primeiros-ministros: Lopo do Nascimento, França Van-Dúnem e Marcolino Moco. Salomão Xirimbimbi (ministro das Pescas), Augusto Tomás (ex-governador de Benguela, ex-ministro das Finanças) e o empresário Jaime Freitas (COSAL, Interauto, Tecnomat) são os outros sócios. Em 2005 vendeu 50% das acções ao Absa Bank, de África do Sul, que por sua vez foi comprado pelo Barclays Bank, do Reino Unido.
CABUTA ORGANIZAÇÕES
«Holding» criada pelo general Higino Carneiro, ministro das Obras Públicas e governador do Kwanza Sul, e família.
Actividade: agricultura, agro-indústria, hotelaria, turismo, banca, seguros.
FINANGEST
Entre os accionistas figuram José Pedro de Morais, ministro das Finanças, general Pedro Neto, chefe do Estado-Maior da Força Aérea, e Kundi Paihama, ministro da Defesa.
Actividade: jogos e lotarias, edição discográfica, transportes, serviços, construção, «import-export», seguros, segurança.
GEMA
Criada por Simão Júnior, o seu actual presidente é José Leitão, ex-chefe da Casa Civil da Presidência. Conta entre os seus accionistas com o jurista Carlos Feijó e António Pitra Neto, vice-Presidente do MPLA e ministro do Emprego e Segurança Social.
Actividade: supermercados, salas de cinema, clínica privada, accionista da Coca-Cola Angola, parcerias com empresas sul-africanas e chinesas.
GENI
Empresas dos sectores da banca, petróleo, diamantes e construção florescem com o «boom» angolano. O FMI projecta um crescimento económico de 15% em 2005
O ponto de partida foi a criação da UNITEL (telefonia móvel) em parceria com a Portugal Telecom.
Fundadores: Isabel dos Santos, brigadeiro Leopoldino Fragoso do Nascimento (chefe das Comunicações da Presidência), António Van-Dúnem (ex-secretário do Conselho de Ministros) e Manuel Augusto da Fonseca, do gabinete jurídico da Sonangol. Juntou-se-lhes o empresário franco-brasileiro Pierre Falcone.
Actividade: telecomunicações, serviços.
GENIUS
Criada pelo general João de Matos (ex-chefe de Estado-Maior-General das FAA) e Mário Pizarro (ex-governador do BNA). A jóia da coroa do grupo é a GEVAL-Angola Joint-Venture com a brasileira Vale do Rio Doce, n.º1 mundial de mineração.
Actividade: minas (diamantes, manganésio, outros).
Projectos: electricidade, telecomunicações.
Participações: Torres do Carmo (Luanda), Belas Shopping Center
IMPORÁFRICA-IMPORCAR
Faustino Muteka ex-ministro da Administração do Território e actual secretário do MPLA para a mobilização é a figura-de-proa do grupo, a que estão associados capitais de Portugal à Índia.
Actividade: construção civil, agricultura, comércio, venda de automóveis, imobiliário.
MACON
Revolucionou o transporte público em Luanda (autocarros e táxis). Hélder Vieira Dias, chefe da Casa Militar da Presidência e director do Gabinete de Reconstrução Nacional, brigadeiro Leopoldino Fragoso e Júlio Bessa, ex-ministro das Finanças, em parceria com o brasileiro Minoru Dondo são os sócios-fundadores.
Actividade: transportes, comércio (o Shopping Center Kinaxixi está «encalhado» há dois anos).
MELLO XAVIER
Há muito que Jorge Mello Xavier, deputado pelo MPLA em 1992, deixou de ser «o empresário do regime» mas continua activo, influente e irreverente.
Actividade: construção civil, turismo, hotelaria, bebida, agro-indústria,
PECUS
Criada pelo grupo português Tecnocarro, de José Récio, foi vendida aos irmãos António e Luís Faceira.
Actividade: produção e comercialização de carne, sector que lidera.
PRODOIL
Associou-se à Amec Paragon (Houston, EUA). Entre os sócios angolanos citamos Marta dos Santos, irmã mais velha do Presidente da República.
Actividade: petróleo, gás natural, serviços, hotelaria.
SAGRIPEK
Capital repartido entre um grupo de sócios angolanos (BAI, BPC, Banco Keve, Higino Carneiro, Mello Xavier, irmãos Faceira, Isabel dos Santos) que detém 51%, e um consórcio brasileiro
Actividade: agricultura; pecuária, produção agro-industrial.
SOMOIL
Primeira empresa privada angolana a entrar na exploração de petróleo. Criada por Desidério Costa, ministro dos Petróleos, e Alberto de Sousa.
Actividade: petróleo e derivados (lubrificantes)
SUNINVEST
Dirigida por Ismael Diogo, cônsul de Angola no Rio de Janeiro e presidente da FESA (Fundação Eduardo dos Santos).
Actividade: indústria farmacêutica (parceria com o Laboratório Teuto do Brasil), transportes urbanos, recolha de lixo (Luanda), comércio.
VALENTIM AMÕES
Veio para Luanda vindo do Planalto Central, onde possui um grande património imobiliário e controla boa parte do comércio. Entrou para o Comité Central do MPLA em 2004 e entre os seus sócios figura o general Fernando Miala, dos serviços de informação externos da Presidência.
Actividade: transportes rodoviários e aéreos, hotelaria e turismo, «rent-a-car», comércio.
SEGURANÇA
As empresas de segurança merecem ser tratadas separadamente, pois foi por esta via que muitos generais se estrearam nos negócios e adquiriram o capital que lhes permitiu mais altos voos. São agora às centenas, mais ou menos sofisticadas, e fornecem todo o tipo de serviços, desde a segurança de instalações a escoltas pessoais, transportes de fundos e instalação de sistemas de vigilância. O «Semanário Angolense» destacou as seguintes:
ANGO SEGU
Empresa pioneira na segurança industrial. Tem como fundadores os generais Fernando Miala e José Maria e Santana André Pitra (Petroff) ex-ministro do Interior e comandante-geral da Polícia.
ALFA 5
Criada pelo general João de Matos e outros oficiais generais. Controla 50% da segurança das grandes áreas de exploração de diamantes.
TELESERVICE
Monopólio da segurança dos campos petrolíferos. Os seus fundadores foram os generais João de Matos, França Ndalu, Armando da Cruz Neto, os irmãos Luís e António Faceira e Hendrick Vaal Neto.
Participações na Air Gemini, Companhia do Lumanhe (diamantes) com a Escom, ligada ao Grupo Espírito Santo.
COPEBE
Criada por Pedro Hendrick Vaal Neto (ex-ministro da comunicação social), Roberto Leal Monteiro «Ngongo» e Nelson Cosme, embaixador de Angola na Organização dos Estados da África Central.
Aiué nossa Angola …… quem nasci pobre morre pobre …. Angola dos bajuladores….
Recebido via email.
Mas há mais, muitas mais. Comentários para quê?
O camarada Jerónimo dos Santos, pelos vistos, não reparou nestas inconsistências quando por lá andou recentemente.
DISSERAM:
'Just as a cow with a young calf keeps an eye on it even when it is eating the grass, so it's proper for a person to keep an eye on all that can be done for others who are following the path.'
Majjhima Nikaya
'The taxpayer - that's someone who works for the Federal Government but doesn't have to take the civil service exam'
Ronald Reagan
'Those are my principles; if you don't like them, I have others.'
Groucho Marx
'The hardest thing to understand in the world is the income tax'
Albert Einstein
'Ser livre é muito difícil.'
Baptista-Bastos, Diário de Notícias, em 20081001
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'A democracia é uma forma de governo que prevê a livre discussão, mas que só é atingida se as pessoas pararem de falar'
Atlee, Clement
'A democracia fundada sobre a igualdade absoluta é a mais absoluta tirania'
Cantú, Cesare
'A democracia não corre, mas chega segura ao objectivo'
Goethe, Johann
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Teyata Om M
Maha
1-José Eduardo dos Santos-Presidente da República
2-Lopo do Nascimento Deputado
3-José Leitão-Chefe da Casa Civil de Luanda
4-Elisio de Figueiredo-Embaixador
5-João de Matos-General
6-Higino Carneiro-Ministro das Obras Públicas
7-Helder Vieira Dias (Kopelipa)-General
8-António Mosquito-Empresário
9-Valentim Amões-Empresário
10-Sebastião Lavrador-Bancário
11-José Severino-Empresário
12-Joaquim David-Ministro da Indústria
13Manuel Vicente-PCA da Sonangol
14-Abilio Sianga-Admnistrador da Sonangol
15-Mário Palhares-PCA do BAI
16-Aguinaldo Jaime-Ministro Adjunto do 1°.Ministro
17-França Ndalu-General da Reserva
18-Amaro Taty-Governador do Bié
19-Noé Baltazar-Director Delegado da ASCORP
20-Desidério Costa-Ministro dos Petróleos
Com mais de 50 milhões e menos de 100 milhões de USD
21-João Lourenço-Secretário Geral do MPLA
22-Isaac dos Anjos-Embaixador
23-Faustino Muteka-Ministro da Admnistração do Território
24-António Vandúnem-Secretário do Conselho de Ministros
25-Dumilde Rangel-Governador de Benguela
26-Salomão Xirimbimbi-Ministro das Pescas
27-Fátima Jardim-Ex-Ministra das Pescas
28-Dino Matross-1°.Vice-Presidente da Assembleia Nacional
29-Álvaro Carneiro-Ex-Director Adjunto da Endiama
30-Flávio Fernandes-Ex-PCA da Multiperfil
31-Fernando Miala-Ex-Director dos Servios de Segurança do Estado
32-Armindo César-Empresário
33-Ramos da Cruz-Governador da Huila
34-Gomes Maiato-Governador da Lunda-Norte
35-João E. dos Santos-Governador do Moxico
36-Gonçalves Muandumba-Governador da Lunda-Sul
37-Aníbal Rocha-Governador de Cabinda
38-Ludy Kissassunda-Governador do Zaire
39-Luiz Paulino dos Santos-Ex-Governador do Bié
40-Paulo Kassoma-Governador do Huambo
41-Rui Santos-Empresário
42-Mário António-Membro do BP do MPLA e ADM. da GEFI
43-Silva Neto-Ex-Admnistrador da Sonangol Distribuidora
44-Júlio Bessa-Ex-Ministro das Finanças
45-Paixão Franco-Presidente do FDES
46-Mello Xavier-Deputado e Empresário
47-Kundi-Payhama-Ex-Ministro da Defesa
48-Ismael Diogo-Presidente da FESA
49-Maria Mambo Café-Membro do BP do MPLA
50-Augusto Tomás-Deputado
51-Generoso de Almeida-PCA DO BCI
52-Luiz Faceira-General
53-Cirilo de Sá-General
54-Adolfo Razoilo-General
55-Gilberto Lutukuta-Ministro da Agricultura
56-Simão Júnior-Empresário (Grupo Chamavo e Gema)
57-Carlos Feijó-Acessor da Presidência da República
58-Armando da Cruz Neto-Chefe do Estado Maior das FAA
59-Fernando Borges-Empresário
Os miseráveis:
14.000.000 (catorze milhões)...
-Menos de 1 USD...!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Leiam o que encontrei, escrito pelo Nicola Guardiola, com o título Os «novos ricos Angolanos» apostam nos negócios.
Tive saudade de Angola e andei pelo Angonotícias e outros sites a saber dos generais que me permitiram mover absolutamente à vontade em todo o território durante a guerra, em zonas onde só chegavam os mercenários, soldados…e, pior, onde o povo era atacado e chacinado sem ter militares que lhe acudisse.
Continuo a achar imperdoável que a comunidade internacional, por causa das riquezas que rapina em Angola, não pressione a organização de eleições livres no país.
«INVESTIR em Angola é agora a divisa dos nossos ricos» diz o «Semanário Angolense». O jornal, que causou escândalo em 2004 com a publicação da lista dos homens mais ricos da «nomenklatura» angolana, voltou a carga há duas semanas com um «retrato» dos grupos privados que proliferam em Angola, à boleia do «boom» económico e da intenção confessa do Governo de favorecer a criação de grupos privados nacionais e a sua entrada em sectores estratégicos como a banca, o petróleo ou os diamantes.
O director do «Semanário Angolense», Graça Campos, admite que a lista não é exaustiva e não se apoia numa aturada investigação. São os «negócios» que dão que falar e que ilustram a importância do lóbi político e a «apetência» dos investidores estrangeiros para formarem sociedades com figuras políticas do regime ou seus familiares.·
Com a devida vénia ao «Semanário Angolense», eis, em resumo e de A a Z, o retrato dos grupos privados mais «badalados» da actualidade em Luanda.
ARMINDO CÉSAR & FILHOS
No começo esteve a Maboque, empresa especializada em restauração, hotelaria e «catering». Diz-se que conta entre os seus accionistas com membros da família do Presidente Eduardo dos Santos e uma plêiade de generais. Mas nos últimos cinco anos o grupo cresceu e multiplicou-se.
Actividade: as anteriores, mais pescas (captura e comercialização), hotelaria e turismo, imobiliário, comércio (hipermercado Interpark), formação profissional e serviços.
BANCO INTERNACIONAL DE CRÉDITO (BIC)
Isabel dos Santos, primogénita do Presidente Eduardo dos Santos, e o empresário português Américo Amorim (25%) são os principais accionistas. Criado em Junho, já abriu 13 balcões (8 em Luanda) e arrecadou mais de 165 milhões de dólares em depósitos.
BANCO COMERCIAL DE ANGOLA (BCA)
Inclui entre os seus accionistas três ex-primeiros-ministros: Lopo do Nascimento, França Van-Dúnem e Marcolino Moco. Salomão Xirimbimbi (ministro das Pescas), Augusto Tomás (ex-governador de Benguela, ex-ministro das Finanças) e o empresário Jaime Freitas (COSAL, Interauto, Tecnomat) são os outros sócios. Em 2005 vendeu 50% das acções ao Absa Bank, de África do Sul, que por sua vez foi comprado pelo Barclays Bank, do Reino Unido.
CABUTA ORGANIZAÇÕES
«Holding» criada pelo general Higino Carneiro, ministro das Obras Públicas e governador do Kwanza Sul, e família.
Actividade: agricultura, agro-indústria, hotelaria, turismo, banca, seguros.
FINANGEST
Entre os accionistas figuram José Pedro de Morais, ministro das Finanças, general Pedro Neto, chefe do Estado-Maior da Força Aérea, e Kundi Paihama, ministro da Defesa.
Actividade: jogos e lotarias, edição discográfica, transportes, serviços, construção, «import-export», seguros, segurança.
GEMA
Criada por Simão Júnior, o seu actual presidente é José Leitão, ex-chefe da Casa Civil da Presidência. Conta entre os seus accionistas com o jurista Carlos Feijó e António Pitra Neto, vice-Presidente do MPLA e ministro do Emprego e Segurança Social.
Actividade: supermercados, salas de cinema, clínica privada, accionista da Coca-Cola Angola, parcerias com empresas sul-africanas e chinesas.
GENI
Empresas dos sectores da banca, petróleo, diamantes e construção florescem com o «boom» angolano. O FMI projecta um crescimento económico de 15% em 2005
O ponto de partida foi a criação da UNITEL (telefonia móvel) em parceria com a Portugal Telecom.
Fundadores: Isabel dos Santos, brigadeiro Leopoldino Fragoso do Nascimento (chefe das Comunicações da Presidência), António Van-Dúnem (ex-secretário do Conselho de Ministros) e Manuel Augusto da Fonseca, do gabinete jurídico da Sonangol. Juntou-se-lhes o empresário franco-brasileiro Pierre Falcone.
Actividade: telecomunicações, serviços.
GENIUS
Criada pelo general João de Matos (ex-chefe de Estado-Maior-General das FAA) e Mário Pizarro (ex-governador do BNA). A jóia da coroa do grupo é a GEVAL-Angola Joint-Venture com a brasileira Vale do Rio Doce, n.º1 mundial de mineração.
Actividade: minas (diamantes, manganésio, outros).
Projectos: electricidade, telecomunicações.
Participações: Torres do Carmo (Luanda), Belas Shopping Center
IMPORÁFRICA-IMPORCAR
Faustino Muteka ex-ministro da Administração do Território e actual secretário do MPLA para a mobilização é a figura-de-proa do grupo, a que estão associados capitais de Portugal à Índia.
Actividade: construção civil, agricultura, comércio, venda de automóveis, imobiliário.
MACON
Revolucionou o transporte público em Luanda (autocarros e táxis). Hélder Vieira Dias, chefe da Casa Militar da Presidência e director do Gabinete de Reconstrução Nacional, brigadeiro Leopoldino Fragoso e Júlio Bessa, ex-ministro das Finanças, em parceria com o brasileiro Minoru Dondo são os sócios-fundadores.
Actividade: transportes, comércio (o Shopping Center Kinaxixi está «encalhado» há dois anos).
MELLO XAVIER
Há muito que Jorge Mello Xavier, deputado pelo MPLA em 1992, deixou de ser «o empresário do regime» mas continua activo, influente e irreverente.
Actividade: construção civil, turismo, hotelaria, bebida, agro-indústria,
PECUS
Criada pelo grupo português Tecnocarro, de José Récio, foi vendida aos irmãos António e Luís Faceira.
Actividade: produção e comercialização de carne, sector que lidera.
PRODOIL
Associou-se à Amec Paragon (Houston, EUA). Entre os sócios angolanos citamos Marta dos Santos, irmã mais velha do Presidente da República.
Actividade: petróleo, gás natural, serviços, hotelaria.
SAGRIPEK
Capital repartido entre um grupo de sócios angolanos (BAI, BPC, Banco Keve, Higino Carneiro, Mello Xavier, irmãos Faceira, Isabel dos Santos) que detém 51%, e um consórcio brasileiro
Actividade: agricultura; pecuária, produção agro-industrial.
SOMOIL
Primeira empresa privada angolana a entrar na exploração de petróleo. Criada por Desidério Costa, ministro dos Petróleos, e Alberto de Sousa.
Actividade: petróleo e derivados (lubrificantes)
SUNINVEST
Dirigida por Ismael Diogo, cônsul de Angola no Rio de Janeiro e presidente da FESA (Fundação Eduardo dos Santos).
Actividade: indústria farmacêutica (parceria com o Laboratório Teuto do Brasil), transportes urbanos, recolha de lixo (Luanda), comércio.
VALENTIM AMÕES
Veio para Luanda vindo do Planalto Central, onde possui um grande património imobiliário e controla boa parte do comércio. Entrou para o Comité Central do MPLA em 2004 e entre os seus sócios figura o general Fernando Miala, dos serviços de informação externos da Presidência.
Actividade: transportes rodoviários e aéreos, hotelaria e turismo, «rent-a-car», comércio.
SEGURANÇA
As empresas de segurança merecem ser tratadas separadamente, pois foi por esta via que muitos generais se estrearam nos negócios e adquiriram o capital que lhes permitiu mais altos voos. São agora às centenas, mais ou menos sofisticadas, e fornecem todo o tipo de serviços, desde a segurança de instalações a escoltas pessoais, transportes de fundos e instalação de sistemas de vigilância. O «Semanário Angolense» destacou as seguintes:
ANGO SEGU
Empresa pioneira na segurança industrial. Tem como fundadores os generais Fernando Miala e José Maria e Santana André Pitra (Petroff) ex-ministro do Interior e comandante-geral da Polícia.
ALFA 5
Criada pelo general João de Matos e outros oficiais generais. Controla 50% da segurança das grandes áreas de exploração de diamantes.
TELESERVICE
Monopólio da segurança dos campos petrolíferos. Os seus fundadores foram os generais João de Matos, França Ndalu, Armando da Cruz Neto, os irmãos Luís e António Faceira e Hendrick Vaal Neto.
Participações na Air Gemini, Companhia do Lumanhe (diamantes) com a Escom, ligada ao Grupo Espírito Santo.
COPEBE
Criada por Pedro Hendrick Vaal Neto (ex-ministro da comunicação social), Roberto Leal Monteiro «Ngongo» e Nelson Cosme, embaixador de Angola na Organização dos Estados da África Central.
Aiué nossa Angola …… quem nasci pobre morre pobre …. Angola dos bajuladores….
Recebido via email.
Mas há mais, muitas mais. Comentários para quê?
O camarada Jerónimo dos Santos, pelos vistos, não reparou nestas inconsistências quando por lá andou recentemente.
DISSERAM:
'Just as a cow with a young calf keeps an eye on it even when it is eating the grass, so it's proper for a person to keep an eye on all that can be done for others who are following the path.'
Majjhima Nikaya
'The taxpayer - that's someone who works for the Federal Government but doesn't have to take the civil service exam'
Ronald Reagan
'Those are my principles; if you don't like them, I have others.'
Groucho Marx
'The hardest thing to understand in the world is the income tax'
Albert Einstein
'Ser livre é muito difícil.'
Baptista-Bastos, Diário de Notícias, em 20081001
Error! Filename not specified.
'A democracia é uma forma de governo que prevê a livre discussão, mas que só é atingida se as pessoas pararem de falar'
Atlee, Clement
'A democracia fundada sobre a igualdade absoluta é a mais absoluta tirania'
Cantú, Cesare
'A democracia não corre, mas chega segura ao objectivo'
Goethe, Johann
Error! Filename not specified.
Teyata Om M
Maha
segunda-feira, outubro 13
"O FASCINIO DO ISLÃO" Uma Obra de Referência
Do site www.vidasalternativas.eu , um comentário publicado em 19 de Junho de 2007, na rúbrica "geral", acerca do livro "O Fascínio do Islão":
Pelo interesse do artigo, segue para vossa leitura e reflexão.
O FASCÍNIO DO ISLÃO
Beja Santos
Para a cultura ocidental, o Islão tem sido uma referência secundária como se a religião de Alá, a dimensão sociocultural do mundo islâmico, o monoteísmo do Corão, a sua espiritualidade, a ciência, a engenharia e literatura árabes, a colonização que os ocidentais exerceram em povos islamizados, ou destes sobre os europeus, o próprio diálogo entre o Islão e o Ocidente fossem fenómenos marginais e secundários na nossa identidade moral e cultural, isto quando estamos presentemente dominados por uma estreitíssima corrente que é o radicalismo islâmico, por obra e graça da obsessão mediática que ofusca a estrutura das mentalidades.
"O Fascínio do Islão" é uma obra do maior interesse onde se procura analisar os factores que tornaram o Islão uma religião tão apelativa para os ocidentais e para conhecer os termos em que se exerce esse fascínio ("O fascínio do Islão", por Martine Gozlan, Publicações Europa-América, 2007).
A autora do ensaio é uma especialista em cultura árabe, tem ousadia de dizer publicamente que se sente assombrada pelo Islão e que devemos ter coragem de esclarecer o que separa a islamofilia da islamofobia, hoje tão em voga com os horrores do integrismo e com os temores da nossa própria segurança.
Primeiro, o Islão não se limita a avançar, galopa. Com 500 milhões de fiéis em 1973, actualmente este número ascende a 1,2 mil milhões, sendo a única religião monoteísta que continua diariamente a conquistar crentes. A Umma (comunidade de fiéis) não é nem homogénea nem ideológica. O Islão está no Norte de África, mas também no Centro deste continente, na Ex- Joguslávia, na Turquia, da Arábia às Filipinas. Há países islâmicos ricos como o Kuwait, a Líbia ou a Arábia Saudita mas também uns muito pobres, como o Mali e o Bangladesh. Há muçulmanos nacionalistas, internacionalistas, burgueses, revolucionários, citadinos e camponeses. A Umma é todo o planeta, está acima dos cismas e do caos, daquilo que para nós é incompreensível quando vemos as amostras do terrorismo xiita e sunita. Há fascínio pelo Islão no Oriente e no Ocidente. No Oriente pensa-se que o Ocidente falhou, aqueles que se convertem ao Ocidente rejeitam o individualismo, procuram o centro vital, o acolhimento do Islão que é superior aos conflitos dos indivíduos.
Segundo, onde o Islão propõe certezas, os outros monoteísmos convidem à dúvida. No Corão não há dúvida, o que já não sucede nas religiões judaicas e cristã. Cristo teve angústia na cruz, Jacob luta contra o anjo, os judeus estão à espera da segunda vinda, Abraão teve a relutância em sacrificar Isaac. No Corão e pelo Corão a proposta é a prosternação, a adoração cinco vezes por dia exigindo o empenho do corpo e do espírito. Convém não esquecer que o Corão é um texto unitário e polifacetado, fixa os dogmas mas também as normas de comportamento e pode ser lido como uma valiosa obra literária. O Islão estabelece uma união directa e pessoal entre Deus e o Homem. Este Deus é o Criador, o Único, o Verdadeiro, o Guardião, o Clemente, o Omnipotente e o Misericordioso.
Terceiro, o islamismo fala das múltiplas atracções dos Orientes. Porque na cultura ocidental, sabe-se que há o Corão, uma espiritualidade, que ficou um legado monumental entre a ciência e a literatura, há as obras primas da arquitectura, restam os vestígios do poderoso império, mas os Orientes significam as cruzadas, o império otomano, as independências com a descolonização, Lawrence da Arábia, o petróleo, a mística, as mesquitas, o conflito israelo-árabe. Reza-se cinco vezes ao dia e o muezim é a personificação da fé viva. Goethe, Bonaparte, Delacroix são alguns dos nomes sonantes atraídos pela organização islâmica. A autora invoca, compreensivelmente, nomes franceses como Louis Massingnon ou René Guénon, a propósito de intelectuais que quiseram escapar à liberdade individual e viver em comunidade, ouvindo o muezim repetir incansavelmente o canto do mundo imóvel. O Ocidente é uma sociedade fria, o Islão uma comunidade calorosa, não é incomum dizer-se.
Quarto, o conflito israelo-árabe, doa a quem doer é o pesadelo permanente de uma lei rival que se intrometeu na matriz oriental islâmica. Por vicissitudes históricas, os judeus regressaram à terra prometida, a um teatro da bíblia, das línguas suméria e acádia, ao local onde Maomé julgou poder integrar os judeus. E temos Jerusalém, uma cidade santa das três religiões monoteístas. Israel é o espinho cravado no Oriente islâmico. Mas foi Israel que revitalizou o fascínio que os muçulmanos e os seus simpatizantes dedicam ao Islão. Este conflito sangrento multiplicou as adesões e consolidou o islamismo como a segunda maior religião do mundo.
Quinto, o Islão é um deslumbramento e um paradoxo permanentes. Intrigou o comunismo, o maoismo, é uma cultura incómoda para o capitalismo e para as regras democráticas estabelecidas na Magna Carta e na Revolução Francesa. O 11 de Setembro de 2001 e os horrores do seu integrismo justificaram que se repensasse o Islão e a sua espiritualidade. Igualmente, obrigou a repensar o papel dos muçulmanos no continente europeu, e como é que estas duas poderosas religiões se devem conciliar. Também o Islão está a ser sacudido em conceitos tidos por ancestrais e definitivos: o papel da família e da mulher, bem como a partilha de funções no feminino e no masculino, a violência e a punição, o acesso ao conforto e os direitos do indivíduo.
Estes são os mais importantes termos de reflexão que nos ajudam a compreender para além de um possível confronto ou diálogo que paira sobre estas duas formas de civilização, o Ocidente fascina pelas suas riquezas materiais e o Islão atrai pela religião, pela estética, pelo valor da oração, pelo esplendor perdido e sonhado. Esta a rejeição da modernidade que leva multidões a aderir a esse modo de vida onde todas as dúvidas são curadas pela convicção indiscutível no que está escrito no Corão.
Publicado: 19 / Junho / 2007 | Categoria(s): Geral.
Pelo interesse do artigo, segue para vossa leitura e reflexão.
O FASCÍNIO DO ISLÃO
Beja Santos
Para a cultura ocidental, o Islão tem sido uma referência secundária como se a religião de Alá, a dimensão sociocultural do mundo islâmico, o monoteísmo do Corão, a sua espiritualidade, a ciência, a engenharia e literatura árabes, a colonização que os ocidentais exerceram em povos islamizados, ou destes sobre os europeus, o próprio diálogo entre o Islão e o Ocidente fossem fenómenos marginais e secundários na nossa identidade moral e cultural, isto quando estamos presentemente dominados por uma estreitíssima corrente que é o radicalismo islâmico, por obra e graça da obsessão mediática que ofusca a estrutura das mentalidades.
"O Fascínio do Islão" é uma obra do maior interesse onde se procura analisar os factores que tornaram o Islão uma religião tão apelativa para os ocidentais e para conhecer os termos em que se exerce esse fascínio ("O fascínio do Islão", por Martine Gozlan, Publicações Europa-América, 2007).
A autora do ensaio é uma especialista em cultura árabe, tem ousadia de dizer publicamente que se sente assombrada pelo Islão e que devemos ter coragem de esclarecer o que separa a islamofilia da islamofobia, hoje tão em voga com os horrores do integrismo e com os temores da nossa própria segurança.
Primeiro, o Islão não se limita a avançar, galopa. Com 500 milhões de fiéis em 1973, actualmente este número ascende a 1,2 mil milhões, sendo a única religião monoteísta que continua diariamente a conquistar crentes. A Umma (comunidade de fiéis) não é nem homogénea nem ideológica. O Islão está no Norte de África, mas também no Centro deste continente, na Ex- Joguslávia, na Turquia, da Arábia às Filipinas. Há países islâmicos ricos como o Kuwait, a Líbia ou a Arábia Saudita mas também uns muito pobres, como o Mali e o Bangladesh. Há muçulmanos nacionalistas, internacionalistas, burgueses, revolucionários, citadinos e camponeses. A Umma é todo o planeta, está acima dos cismas e do caos, daquilo que para nós é incompreensível quando vemos as amostras do terrorismo xiita e sunita. Há fascínio pelo Islão no Oriente e no Ocidente. No Oriente pensa-se que o Ocidente falhou, aqueles que se convertem ao Ocidente rejeitam o individualismo, procuram o centro vital, o acolhimento do Islão que é superior aos conflitos dos indivíduos.
Segundo, onde o Islão propõe certezas, os outros monoteísmos convidem à dúvida. No Corão não há dúvida, o que já não sucede nas religiões judaicas e cristã. Cristo teve angústia na cruz, Jacob luta contra o anjo, os judeus estão à espera da segunda vinda, Abraão teve a relutância em sacrificar Isaac. No Corão e pelo Corão a proposta é a prosternação, a adoração cinco vezes por dia exigindo o empenho do corpo e do espírito. Convém não esquecer que o Corão é um texto unitário e polifacetado, fixa os dogmas mas também as normas de comportamento e pode ser lido como uma valiosa obra literária. O Islão estabelece uma união directa e pessoal entre Deus e o Homem. Este Deus é o Criador, o Único, o Verdadeiro, o Guardião, o Clemente, o Omnipotente e o Misericordioso.
Terceiro, o islamismo fala das múltiplas atracções dos Orientes. Porque na cultura ocidental, sabe-se que há o Corão, uma espiritualidade, que ficou um legado monumental entre a ciência e a literatura, há as obras primas da arquitectura, restam os vestígios do poderoso império, mas os Orientes significam as cruzadas, o império otomano, as independências com a descolonização, Lawrence da Arábia, o petróleo, a mística, as mesquitas, o conflito israelo-árabe. Reza-se cinco vezes ao dia e o muezim é a personificação da fé viva. Goethe, Bonaparte, Delacroix são alguns dos nomes sonantes atraídos pela organização islâmica. A autora invoca, compreensivelmente, nomes franceses como Louis Massingnon ou René Guénon, a propósito de intelectuais que quiseram escapar à liberdade individual e viver em comunidade, ouvindo o muezim repetir incansavelmente o canto do mundo imóvel. O Ocidente é uma sociedade fria, o Islão uma comunidade calorosa, não é incomum dizer-se.
Quarto, o conflito israelo-árabe, doa a quem doer é o pesadelo permanente de uma lei rival que se intrometeu na matriz oriental islâmica. Por vicissitudes históricas, os judeus regressaram à terra prometida, a um teatro da bíblia, das línguas suméria e acádia, ao local onde Maomé julgou poder integrar os judeus. E temos Jerusalém, uma cidade santa das três religiões monoteístas. Israel é o espinho cravado no Oriente islâmico. Mas foi Israel que revitalizou o fascínio que os muçulmanos e os seus simpatizantes dedicam ao Islão. Este conflito sangrento multiplicou as adesões e consolidou o islamismo como a segunda maior religião do mundo.
Quinto, o Islão é um deslumbramento e um paradoxo permanentes. Intrigou o comunismo, o maoismo, é uma cultura incómoda para o capitalismo e para as regras democráticas estabelecidas na Magna Carta e na Revolução Francesa. O 11 de Setembro de 2001 e os horrores do seu integrismo justificaram que se repensasse o Islão e a sua espiritualidade. Igualmente, obrigou a repensar o papel dos muçulmanos no continente europeu, e como é que estas duas poderosas religiões se devem conciliar. Também o Islão está a ser sacudido em conceitos tidos por ancestrais e definitivos: o papel da família e da mulher, bem como a partilha de funções no feminino e no masculino, a violência e a punição, o acesso ao conforto e os direitos do indivíduo.
Estes são os mais importantes termos de reflexão que nos ajudam a compreender para além de um possível confronto ou diálogo que paira sobre estas duas formas de civilização, o Ocidente fascina pelas suas riquezas materiais e o Islão atrai pela religião, pela estética, pelo valor da oração, pelo esplendor perdido e sonhado. Esta a rejeição da modernidade que leva multidões a aderir a esse modo de vida onde todas as dúvidas são curadas pela convicção indiscutível no que está escrito no Corão.
Publicado: 19 / Junho / 2007 | Categoria(s): Geral.
sábado, outubro 11
A DENSIDADE
Vamos falar sobre a densidade. Vamos falar sobre as emoções.
Quando um ser encarna pela primeira vez, ele é um ser de luz. Não tem passado, só tem futuro. Não tem heranças emocionais, não tem karmas.
Assim que nasce, toma contacto com a matéria. Chocam-se dois opostos.
Um ser de luz e a matéria. É claro que um dos dois ficará domesticado, nos opostos pensamos sempre que algum há-de vencer.
Quando o ser de luz recebe matéria, fica imediatamente corrompido.
Fica enquadrado, fica entorpecido. E nem nota que se desmistificou. Nem nota que a sua face original foi consumida. É nesta altura que a emoção toma forma. A emoção é a força mais densa que a matéria possui.
Na verdade, a tal experiência da matéria não é mais do que levar seres de luz à terra para experienciarem formas de emoção.
Ao nascer, o ser ganha emoção. Como não a sabe resolver, transforma-se em emoção mal resolvida, que é o que significa densidade. A densidade prende-se à roda das encarnações, porque se prende no espírito. Vai e volta sempre com a mesma densidade emocional. Se retirarem todas as sobreposições, o ser sai da roda das encarnações, e acaba a experiência da matéria.
Sobreposição de Encarnações são as emoções presas no espírito, vida após vida. São emoções de vidas passadas que insistem em se manifestarem dentro do peito. Este é o segredo. Retirar estas sobreposições.
A Alma Iluminada,
Alexandra Solnado
Quando um ser encarna pela primeira vez, ele é um ser de luz. Não tem passado, só tem futuro. Não tem heranças emocionais, não tem karmas.
Assim que nasce, toma contacto com a matéria. Chocam-se dois opostos.
Um ser de luz e a matéria. É claro que um dos dois ficará domesticado, nos opostos pensamos sempre que algum há-de vencer.
Quando o ser de luz recebe matéria, fica imediatamente corrompido.
Fica enquadrado, fica entorpecido. E nem nota que se desmistificou. Nem nota que a sua face original foi consumida. É nesta altura que a emoção toma forma. A emoção é a força mais densa que a matéria possui.
Na verdade, a tal experiência da matéria não é mais do que levar seres de luz à terra para experienciarem formas de emoção.
Ao nascer, o ser ganha emoção. Como não a sabe resolver, transforma-se em emoção mal resolvida, que é o que significa densidade. A densidade prende-se à roda das encarnações, porque se prende no espírito. Vai e volta sempre com a mesma densidade emocional. Se retirarem todas as sobreposições, o ser sai da roda das encarnações, e acaba a experiência da matéria.
Sobreposição de Encarnações são as emoções presas no espírito, vida após vida. São emoções de vidas passadas que insistem em se manifestarem dentro do peito. Este é o segredo. Retirar estas sobreposições.
A Alma Iluminada,
Alexandra Solnado
quarta-feira, outubro 8
Moçambique é o maior corredor de drogas da África Austral
PRG e Ministério do Interior há muito que sabem disso…
Stevem Russel ex-agente da «Scorpions» e colaborador da «Scotland Yard» considera Moçambique como o maior grande corredor de drogas da África Austral. Russel fez parte da equipe que desmantelou a fábrica de comprimidos de «mandrax», no famoso caso «Plasmex»
Luís Nhachote, em Joanesburgo
Os contornos do narcotráfico "diplomático" em Moçambique, podem ter dimensões muito maiores do que alguma vez alguém tenha pensado. Considerável parte dos ascendentes impérios de certas figuras de comunidades de origem asiática em Moçambique, em estonteante superabundância, sobretudo nas cidades de Maputo e Nampula, podem ter como fonte o narcotráfico de «mandrax», também conhecido por «MX», segundo dados revelados ao ZAMBEZE, por ex-investigador dos «Scorpions» e hoje na «Scotland Yard», que falou a esta semanário esta segunda-feira, em Joanesburgo.
Steven Russel, de seu nome, já esteve no nosso país, por três vezes, para desmistificar os contornos do tráfico de droga, segundo ele, "liderado por parte da comunidade asiática em Moçambique".
Russel fez parte da equipa que desmantelou a fábrica de «mandrax», no caso «Plasmex».
Mas sem mais delongas, vamos directamente ao factos e às informações documentais da «Interpol» (Polícia Internacional) e da «Scotland Yard», serviços de inteligência britânica especializados na investigação de crimes de dimensões diversas – que de algum tempo a esta parte andam e continuam a investigar o trafico de drogas que circulam por Moçambique, tido por Stevem Russel, como "o maior corredor de drogas da África Austral".
Stevem Russel, sem evasivas e receio, relata 1ª viagem a Moçambique
Encontrámo-lo, em Branfoontein, no Hotel «Parkitoniam», conforme o combinado. Eram 9 horas e 36 minutos quando ele chegou. Trajava umas «Jeans» pretas, camiseta branca e um jacket preto. Calçava umas texanas pretas. Foi Brian Kubwalo (NR: o jornalista investigativo e co-autor da peça da semana passada), quem nos introduziu, antes de partir para outra investigação jornalística em que está envolvido.
Steven Russel começou por dizer ao ZAMBEZE que a primeira vez que esteve em Moçambique, ao serviço da polícia sul-africana e da Interpol, foi em 1993. Segundo ele, as unidades policiais referidas, preocupadas com as enormes quantidades de «mandrax» que estavam a circular nas "bocas de fumo" e nas "Colômbias" sul-africanas, após aturada investigação, concluíram que as mesmas estavam a vir de Moçambique.
"Fomos a Nacala onde tinham acabado de ser exportadas 80 toneladas de «haxixe» com destino a Amesterdão, na Holanda. Quem estava envolvido nisto era um grande comercial do norte ligado a um empresário de Portugal conhecido pelo apelido de Jussub. A droga vinha do Paquistão com trânsito por Moçambique para empacotamento como se fosse chá."
Manuel António foi informado
Segundo a fonte, ambos serviços envolvidos nesta investigação transnacional produziram um relatório e uma cópia foi entregue ao então ministro do Interior, Manuel António, presentemente a residir na Beira.
"Não sabemos que tratamento ele deu às informações, mas ficámos de consciência tranquila porque fizemos o que devia ser feito" disse Russel ao ZAMBEZE.
Segunda viagem a Moçambique
Após a primeira denúncia das polícias da Swazilândia e da África do Sul (ver edição da semana passada), a Procuradoria-Geral da República (PGR) de Moçambique – na altura o PGR era o Dr. Sinai Nhatitima – "a qual se remeteu a um estranho silêncio" sobre o intricado dossier, Stevem Russel e a sua equipe regressam a Moçambique entre 1999-2000. Estiveram quatro meses em Maputo, onde investigaram e concluíram que na capital Moçambicana já se estava a produzir «mandrax», o que quer dizer que já não era preciso esperar pelo que vinha da Índia. "Estamos a falar da fábrica «Plasmex»". Foram as unidades policiais da polícia sul-africana e da Interpol, segundo Russel, com algum apoio da autoridades moçambicanas que a desmantelaram, o tal caso na época que alimentou páginas de jornais.
Mas, segundo Russel conta, foi através de informações de vários narcotraficantes detidos - na África do Sul - que eles não tiveram dúvidas de que tal fabrica existia.
"As quantidades de «mx» tinham aumentado, foi dai que a nossa policia desconfiou que alguma coisa em Moçambique estava a acontecer, detemos vários pessoas e foram estas que confessaram que em Moçambique havia uma fabrica de comprimidos «mandrax»".
"Desloquei-me a Maputo com uma equipa de 16 elementos e conseguimos desmantelar a fábrica, apesar de alguma resistência de algumas pessoas das autoridades moçambicanas. Mas ate agora não sabemos o paradeiro daquela maquina, uns dizem que o vosso antigo ministro do Interior, Almerino Manheje é que poderá explicar o que foi feito dela. Em termos normais, logo após a apreensão da maquinaria tinha que ser destruída publicamente, mas as autoridades moçambicanas não o fizeram".
Terceira vez em Moçambique
A terceira vez que Steven Russel esteve em Moçambique, foi por parte da «Scotland Yard» envolvido numa investigação transnacional para perceberem como alguns empresários da comunidade asiática estavam a enriquecer por negócios de droga. Nesta viagem, em 2006, diz ter ficou três meses em Moçambique, hospedado nos hotéis Polana, Vip, 2001 e na residencial Kaya Kwanga.
Neste trabalho ele tinha 4 nomes a investigar: 1.Umar Abdul Sakoor Surathia (para ver se este ainda continuava no narcotráfico de «mx»), 2.Rafik Abdul Satar, proprietário da casa de câmbios -Real Câmbios/, na Vladimir Lenine – ligado ao cônsul da Sycheles em Portugal; 3.Fakuk Ayoob, cunhado de Umar Surathia; e 4.Jassat Hamade, aparentemente ligado a um tal de Zamba Zamba, um narcotraficante alegadamente residente na Swazilândia.
Notas biográficas de Umar Surathia
O ZAMBEZE tentou perceber com Russel, o percurso de Umar Surathia. Ele disse que a Interpol fez um relatório, após uma aturada investigação sobre o passado e o presente de Umar Surathia.
O Zambeze está na posse do relatório que aliás circula na internet desde 1995, e pode ser obtido na íntegra ao preço de 3 dólares americanos, via pagamento bancário (Ver http://www.manupatrainternational.in/supremecourt/1980-2000/sc1999/0526s990348.htm).
O agente que estamos a citar disse a este semanário que em 1992, quando ainda trabalhava na policia sul-africana, eles receberam várias denuncias de que um jovem indiano de 25 anos era o mais rico em Moçambique. Disse-nos tratar-se de "Omar, da «Miami Fashion House» que exportava cerca de 2 milhões de comprimidos por semana" para a África do Sul. Mas na altura, as autoridades moçambicanas não estavam interessadas a investigar a vida do «Omar da MFH».
No relatório a que tivemos acesso Lê-se: "Umar Abdul Shakoor Sorathia nasceu em Mumbra, Índia, em 1967. Ele é de uma família pobre e seu pai morreu quando Umar era muito novo. Ele não estudou propriamente e deixou a escola com a idade de 15 anos. Ele tem três irmãs e nenhum irmão. Duas das suas irmãs vivem em Maputo. Ambas são casadas. A sua terceira irmã vive na Swazilândia e o seu cunhado, sr. Anees opera a Phonenix Electronics".
O ZAMBEZE apurou que o seu cunhado e a irmã que viviam no reino da Swazilândia estão a viver, agora, em Londres, e a «Scotland Yard» que está a fazer as suas investigações no narcotráfico "diplomático" investigou a vida "deste cunhado" e "concluiu" que "leva uma vida pacata".
As duas irmãs de Umar Surathia em Moçambique são casadas com os senhores Faruk Abdul Carimo, pessoa modesta e de poucas posses e outra, esta casada com Faruk Ayoob, proprietário da «Ayoob Comercial» que se dedica à venda de brinquedos e está situada na avenida Albert Lithuli, na baixa da cidade.
Em pouco tempo começou a prosperar de forma rápida e hoje já é dono de imóveis de fazer inveja a qualquer empresário. Recentemente terá adquirido os hotéis «Terminus», na Av. Armando Tivane, e «Monte Carlo», na Av. Patrice Lumumba, ambos até aí propriedade da British Michcoma, transaccionados por largos milhões de dólares americanos.
O relatório da Interpol explica entretanto como o actual cônsul honorário das Syshelles em Moçambique começou a sua odisseia. "Depois de pedir emprestado dinheiro para uma passagem aérea, Umar imediatamente partiu para Maputo, Moçambique, com a idade de 15 anos, onde o seu cunhado, Faruk Carimo, operava uma pequena loja de têxteis, chamada «Armazéns Esperança». Ele trabalhou lá durante um curto período de tempo e então abandonou, concluindo que para se tornar rico rapidamente ele deveria tomar alguns grandes riscos na vida".
A admiração de Umar Surathia
Refere ainda o relatório da Interpol que "Umar estava admirado com os enormes lucros que pessoas faziam na exportação de comprimidos de «mandrax» da Índia para a África do Sul. Com poucos regulamentos de segurança em muitos países de África, ele concluiu que esta era a sua oportunidade para fazer-se grande rapidamente".
"Em 1995", refere o relatório que temos vindo a citar, "a sua fortuna estava avaliada em mais de 200 mil de corror-rupias ou seja 200 mil milhões de rupias. (NR: Um corror é um milhão de rupias. Um lack são cem mil rupias). 200 mil de corror-rupias eram 800 milhões de usd segundo o cambio da altura em que a Interpol fez o relatório…"equivalente a cerca de 800 milhões de dólares!!!."
"Ele tem propriedades bem conhecidas em Moçambique, Londres, Portugal, Bombay e Dubai e tem um poder de compra ilimitado no seu cartão Gold da «American Express». Esse cartão é só atribuído a multimilionários, segundo apurou o ZAMBEZE, uma conta bancária com o saldo mínimo de 1 milhão de dólares.
Nesse relatório, que pode ser obtido por três dólares americanos ($US 3,00), está expresso taxativamente que "depois de largar o emprego no cunhado, começou a importar pequenas quantidades de «mandrax» por via aérea".
A "ambição de Umar Surathia foi crescendo" conforme refere o relatório da Interpol. "Ele começou neste caminho de enriquecimento através do arranjo de despacho seguro de pequenas quantidades de comprimidos de «mandrax» em Maputo, que lhe eram enviadas da Índia por avião. Por fazer isto, ao Umar foi permitido ficar com 20% do rendimento da venda dos comprimidos de mandrax que ele passava a compradores que vinham da África do Sul. Os outros 80% do rendimento do que colocava no mercado, tinha de pagar aos fornecedores". "Mas Umar não estava feliz com isto; ele queria exportar da Índia e também, fazer o despacho e venda ele próprio na África do Sul para ganhar lucros maiores".
Assim, então, ele começou por comprar 50.000 comprimidos de «mandrax» por um lack (três mil usd).
Os comprimidos de «mandrax» da Índia passaram a ser despachados por ele próprio em Maputo, refere a Interpol. Os despachos aduaneiros eram tratados por ele tanto quando as encomendas chegassem por mar como por via aérea. Umar tinha a infra-estrutura necessária para despachar os comprimidos de mandrax. O seu escritório e balcão no aeroporto eram uma boa capa para frequentemente visitar o Aeroporto Internacional e despachar as drogas com segurança, afirmam as policias que acrescentam que Umar também tinha uma licença para despachar bens e contentores na «Miami Sea-Port» e este é o canal principal que ele usaria para importar enormes quantidades de comprimidos de «mandrax para Moçambique e depois para a África do Sul".
Nos anos noventa conforme refere o relatório policial, "Umar importava contentores com comprimidos de «mandrax» escondidos nestes e estes tem sido despachados pela sua própria companhia no porto de Maputo. Cada contentor em media tem 20 lakhs – dois milhões de comprimidos de mandrax. Estes são então levados para fora e armazenados nos seus três armazéns secretos usados para este fim. Com a ajuda de correios Umar organiza o envio de 50.000 comprimidos de mandrax em cada viagem para Cape Town, África do Sul escondendo-os em compartimentos secretos dos carros".
"A maior parte do comprimidos era exportada para swazilândia e os grandes dealers iam lá e pagavam".
"O preço conseguido é dez vezes mais que o preço original" refere e Interpol que, mais adiante, acrescenta que "acredita-se que nenhum outro homem tem a capacidade de exportar drogas da Índia, despachá-las em Maputo e entregá-las no seu destino final na África do Sul".
Acrescenta a polícia que "muitos compradores de Mandrax na África do Sul preferem receber os comprimidos e fazer pagamentos na Swazilândia porque isto elimina duas travessias extras de fronteira, para Moçambique e regresso. Umar tem um bom controle no Aeroporto Internacional da Swazilândia, o que torna fácil para ele levar dólares e rands de regresso a Maputo".
A construção do império da MFH
Refere a Interpol que na época da ascensão do seu império ele se tornou dono e PCA da «Miami» Grupo de empresas, "que inclui a Miami Stores, Miami Travel and Tours, Miami Exchange, Miami Bricks, Taj mahal Hotel, Miami Fashion House e muitas outras companhias em Moçambique e no exterior".
O braço direito de Umar
O explosivo relatório da Interpol vai muito mais longe. Chega ao seu suposto braço direito, isto é o seu homem de confiança. Assim lê-se ainda no documento que "o homem que manejava as actividades portuárias, incluindo despacho, armazenamento, etc., é um moçambicano local chamado de sr. Valjy Tavabo. Ele é bem pago por Umar porque ele carrega com os riscos. O facto do governo de Moçambique ter dado uma licença de despacho a Umar torna o trabalho de Valjy mais fácil porque ele pode ir a qualquer lado no porto. Ele equipou a sua organização com os últimos conjuntos de rádios de comunicação sem fio, telefones via satélite, dispositivos contra escutas, etc., para tornar o despacho tão suave quanto possível".
Lavagem de dinheiro
"Um dos problemas que os traficantes de droga enfrentam na África do Sul é actualmente converter os rands em dólares e levá-los para fora do país. Leva qualquer coisa como três meses a transferir dinheiro por Money laudring (lavagem de dinheiro) e alcançar Dubai a partir da África do Sul e a diferença entre o dinheiro lavado, e o cambio oficial é de cerca de 20%. Umar encontrou um meio para resolver este problema. Ele obteve uma licença para abrir a Miami Exchange em Maputo, onde estrangeiros podem cambiar os seus dólares, etc., pela moeda local. O que Umar faz é que ele obtém uma lista do aeroporto de todos os estrangeiros vindos para o país e uma mínima quantia sob cada um dos nomes é exibida, como se eles tivessem cambiado através dele – este dinheiro e então transferido para fora do país legalmente", considera a Interpol.
Interceptado com 1 milhão de dólares "vivos"
De acordo com o documento de fazer bradar os céus, em 1994, "Umar foi detido na posse de 1 milhão de dólares, vivo e alguns rands sul-africanos também numa mala no aeroporto internacional de Joanesburgo". Na altura o aeroporto chamava-se Jam Smuts. Hoje tem o nome de Oliver Thambo. "Ele foi deixado livre através do pagamento de uma multa porque ele mostrou recibos falsos da «Miami Exchange House Câmbios» – para justificar os USD 1.000.000,00".
1 milhão de dólares para ser cônsul da Libéria
O relatório da Interpol diz também que Umar pagou na altura "cerca de USD 1000000,00 para ser nomeado «diplomata» e obter um passaporte diplomático para ser nomeado Cônsul Geral da Libéria em Maputo".
"Um consulado tinha sido aberto em Maputo e agora Umar viaja para a Índia somente com o passaporte diplomático liberiano. Umar não dá a ninguém o seu endereço verdadeiro em Bombay. Ele fica numa grande flat em Sagar Rsham, Bandra West, Bombay, que é avaliado em mais de 900 mil dólares, numa zona chique de Bombay", diz a Interpol.
Nessa zona vivem actores de cinema com estatuto de Amitha Badjane, Darmedra e Hemamali.
Os fabulosos lucros de mandrax
No relatório da Interpol, esta polícia diz que cada comprimido na Índia, custava menos de 1 rupia e que esse mesmo comprimido era vendido pelo equivalente a 60 rupias, na África do Sul.
A policia da Índia na altura acreditava que 55% da droga era exportada para África. "O sr. Raymond E. Kendall, Secretario-geral da ICPO-Interpol na véspera da 13.ª Assembleia Geral da Interpol que teve lugar em Nova Deli disse que 80% do crime cometido em países consumidores estava ligado ao tráfico de drogas e na maioria dos países consumidores 50% do orçamento das agências policiais era usado no controle do tráfico de drogas. Ele disse mais: que o que realmente preocupa é a corrupção e a cumplicidade que os traficantes de droga trouxeram para instituições como a banca, administração pública e aos níveis políticos para verem o seu dinheiro ilegal ser canalizado. Lavagem de dinheiro através de instituições financeiras era notada frequentemente. Mais de USD 100 biliões dos USD 400 biliões do rendimento do tráfico de drogas estava circulando no sistema comercial internacional", comenta a Interpol.
Força do dinheiro
"Esta força do dinheiro vai ultimamente ser usada para controlar o governo do dia, como temos visto em alguns países da América Latina e África resultando em subversão do tecido democrático da nossa sociedade. É tempo das agências policiais tomarem nota da magnitude do problema e iniciarem contra medidas para conter esta escória que ameaça a humanidade", sugere a Interpol.
De acordo com o operacional da «Scotland Yard», Steven Russel, cerca de 55% do mandrax estava em circulação na SADC, nos anos noventa. Vinha da Índia, e o principal destino era a África do Sul.
Umar protegido pelo governo moçambicano?
Na década 90, Umar Surathia, era bem visto no pais, como um empresário próspero. Segundo o agente da extinta «Scorpions», Umar Surathia, ou Omar da «Miami Fashion House» chegou a apoiar a campanha de Joaquim Chissano e do partido Frelimo, nas primeiras eleições gerais, em 1994. Russel não consegue quantificar quanto foi a doação, mas diz que "isso está documentado". "Não me lembro exactamente com quanto ele – Umar – contribuiu".
Curiosamente, foi em Abril de 1994 que a mercadoria de cerca de 2 milhões de comprimidos mandrax foram apreendidos pela policia da swazilandia e esta mesma ía para SA, para a Dynamic Electronics, uma empresa ligada a Umar. As policias Sul-Africana e da Swazilandia, na altura reportaram ao Estado moçambicano que esse mercadoria pertencia a Umar, mas as autoridades nada fizeram para apoiar as suas congéneres. A Interpol ficou desapontada até que Umar veio a ser preso na índia.
Brigas entre compadres
Para a compreensão dos contornos transnacionais do narcotráfico, o ZAMBEZE – durante as oito semanas que este trabalho esteve sob investigação – contactou, o jornalista investigativo indiano Yanic Malic. A tentativa foi frutífera. Malic disse ao ZAMBEZE que Umar Surathia era um "king" em Bombay, mas circulava como um homem modesto e visitava constantemente templos religiosos, indo cinco vezes por dia à mesquita, na área onde residia, e era muito conhecido por actores de cinema uma vez que vivia na área deles.
Malic apurou que "Umar Surathia teve grandes desavenças como seu sócio, Khalid Gaswala, um outro narcotraficante conhecido aqui na Índia. Foi ele que denunciou Umar à Interpol da índia. Ele sabia exactamente quando é que Umar vinha para Índia através de informações de Moçambique fornecidas por um dos cunhados de Umar com quem estava, de costas voltada".
Segundo o nosso colega, Yanic Malik "o caso foi reportado na imprensa local e foi dito que Khalid denunciou Umar porque este lhe tinha dado uma "cabeçada" em cerca de 20 milhões de comprimidos mandrax".
Ele terá alegado ao seu sócio que a policia tinha neutralizado esta droga, mas na verdade a policia tinha neutralizado cerca de 2 milhões. Khalid esteve preso em Dubai e mais tarde evadiu-se da cadeia. A policia indiana, segundo Malik, ter-se-á rendindo a Khalid, porque é um homem com muita influência nas hostes da polícia.
Da prisão de Umar à redução do narcotráfico na África do Sul
Na conversa com Steven Russel, ele enfatizou que depois da prisão de Umar Surathia na índia (ver edição passada), o contrabando de mandrax na África do Sul "diminuiu em cerca de 20%". Segundo Russel, "a «Scorpions» estava a seguir o roteiro de "Omar da Miami Fashion House» 2000, e eles receberam informações que Umar Surathia já tinha saído da prisão e que estava em Moçambique levando uma vida simples".
Russel recordou que a policia sul africana enviou a Maputo 4 elementos afectos ao «Office of Series Econimic Ofenses Agengy, que mais tarde passou a chamar-se «Scorpions».
"Ele apuraram que ele já havia vendido uma parte de bens e dedicava-se apenas à agencia de viagens, «Planet Travel Agency», antes chamada «Miami Travel and Tours»".
"Os nossos elementos seguiram todos passos de Umar, durante 20 dias, quase que dormiam fora da casa dele. Nesses dias nada evidenciou que ele estava no narcotráfico.", conta o agente.
O casarão de Umar
Russel disse que entre 2004/5 a «Scorpions» recebeu uma denuncia da policia do Reino da Swazilândia, segundo a qual um traficante conhecido pelo nome Zamba Zamba fazia parte do triângulo "narco", Moçambique, Swazilandia e África do Sul. "Dai aquela unidade começou a investigar a vida daquele e estabeleceu «links» entre este e Umar Surathia e Jassat Hamade, este último um comerciante que actualmente se dedica ao negócio de câmbios e proprietário da Express Câmbios".
"As informações que obtivemos nesta aturada investigação, indicam que Umar Surathia teria adquirido um casarão na avenida F Melo Castro, nr. 20, na zona da Sommerschield, próximo da sede do Comité Central da Frelimo, pelo preço de 500 mil usd. Esse dinheiro, terá sido pago, uma parte em cash e outra em comprimidos de «mandrax»".
A casa, segundo a nossa investigação terá sido construída pelos donos da fabrica «Plasmex», entre 1999-2000.
Na mesma faltavam acabamentos e terá sido negociada pelo ilustre Zamba Zamba da Swazilandia. Quem terá tratado dos documentos e conclusão das obras, aparentemente foi Jassat Hamade. Foi este que fez a entrega da casa pronta a Umar, segundo revelações de Stevem Russel ao ZAMBEZE.
Russel disse ainda que "Hamade é um jovem na casa dos 36-7, que enriqueceu de uma forma estranha. Hoje é dono de muitos investimentos em Moçambique. O seu passado está nos arquivos na «Scorpions» e diz que ele há dez doze anos atrás, vendia carros roubados na África do Sul para Moçambique e estava conectado com o senhor Mendes um grande traficante de drogas e viaturas roubadas que viveu muitos numa cadeia". "Viveu no Soweto".
«Scotland Yard» em Moçambique
Steven Russel, policial há cerca de 30 anos, e há cerca de 18 investigando o narcotráfico, disse a este jornal que convidado pela «Scotland Yard» para vir a Moçambique investigar algumas pessoas que tinham ligações direitas com o Cônsul Honorário da Sychelles (ele já dominava o dossier) e investigar algumas pessoas ligadas o Salim Jussub, Cônsul Honorário em Portugal. A união entre ambos é justificada pelo facto de serem representantes diplomáticos das Syechells em Moçambique e Portugal, respectivamente.
As Syechelles acabam de ser readmitidas na SADC na cimeira acabada de realizar aqui em Joanesburgo.
"Nas investigações que fizemos do trafico de droga em Moçambique, concluímos que até 2002 o trafico de drogas era controlada por cidadãos asiáticos e que a maioria da droga vinha da Índia e do Paquistão. Depois de 2002, com a entrada de muitos cidadãos, sobretudo nigerianos, somalis, abriu-se uma nova rota que parte do Brasil, só que a droga vinda do Brasil já na é mandrax, mas heroína e muitos dedicam-se à importação de mercadorias e a droga vem camuflada. Contratam seres humanos e esses transportam a droga dentro do organismo. Semanalmente são presos entre cinco a seis pessoas no aeroporto de Joanesburgo".
Negócios de Salim Jussub
Dados da «Scotland Yard» referem que os nomes Rafic Abdul Satar, Farook Ayoob, trabalham como capa de Salim Jussub, Cônsul Honorário da Syecheles em Portugal, ligados ao grupo AFRIN. E recordam que o actual Cônsul das Sychelles já esteve preso na África do Sul entre 1999/2000, devido ao narcotráfico".
Segundo Russel "Jussub estava a fazer grandes investimentos através destes individuos. Fui infeliz na investigação, porque a vossa PGR não me apoiou, mandou-me suspender o trabalho, não havia colaboração para poder-se descobrir a proveniência desses avultados investimentos que estavam a fazer em Moçambique. Fiz chegar o trabalho, mas estes não se pronunciaram. Fico com a sensação que as autoridades moçambicanas não tem interesse ou são coniventes com o narcotráfico. Isto foi em 2006".
Apelo ignorado
Depois das denuncias à PGR (1994), o antigo ministro da justiça sul-africano, Dulllah Omar (Janeiro de 1996), disse que uma grande parte do mandrax que estava a ser contrabandeado para o seu país era por seus próprios nacionais com activa conivência de alguns indianos. Ele adiantou que "a Africa do Sul não é o único lugar onde o tráfico de droga pode ser muito lucrativo mas também uma rota de trânsito para outras regiões do mundo. Nós cedo compreendemos que o tráfico de droga, lavagem de dinheiro e comércio de armas para além de outros crimes organizados, constituem uma seria ameaça. Estes crimes são todos transnacionais e nenhum país pode com sucesso combater estes crimes por si só".
Do boom imobiliário aos irmãos "Tiger"
Stevem Russel diz que a Scotland Yard tem acompanhado pela imprensa que a área imobiliária nos últimos 3 anos cresceu acima de 300 a 400%. Para eles esta subida tem a ver com o aumento de droga importada do Brasil. "Se reparares há anos atrás havia mais controle nos portos, que estavam sendo controlado pelos britânicos e hoje esta mais vulnerável".
"E acredita que esta subida tem a ver com lavagem de dinheiro de traficantes de droga". Russel diz ainda que nos jornais moçambicanos aparecem moradias que custam cerca de um milhão de usd. "Hoje com um milhão de usd podes comprar duas moradias nos Estados Unidos da América".
A finalizar, a fonte disse que "a Scontland Yard, em 2006, estava a investigar o rápido crescimento económico dos irmãos Tiger, eles que tem um centro comercial localizado na avenida Ho Chi Min."
"A Scotland Yard trabalha com informação a partir da Policia Judiciãria de Portugal. A PJ, pediara à «Scotland Yard» para investigar o que teria levado a um crescimento tão rápido. Sabe-se ainda que os irmão Tiger, nomeadamdaente Mahomed Gulamo Rassel e Mehbub Gulamo Rassul já estiveram presos nos finais da década oitenta em Portugal, em casos ligados ao narcotráfico". Dez anos depois os irmãos «Tiger» construíram um shopping e recentemente adquiriram a fábrica de óleo Fasol. "Não é possível de vídeo clube e venda de electrodomésticos obterem fortuna e este investimento" disse o agente Steven Russel.
O novo edifício da Tiger foi inaugurado em 2003/4 por Joaquim Chissano, nos seus áureos anos de poder como presidente da República e do partido Frelimo. De lá para cá o Tiger Shopping tem decaído no competitivo mercado de Maputo a favor de outros empreendimentos
Stevem Russel ex-agente da «Scorpions» e colaborador da «Scotland Yard» considera Moçambique como o maior grande corredor de drogas da África Austral. Russel fez parte da equipe que desmantelou a fábrica de comprimidos de «mandrax», no famoso caso «Plasmex»
Luís Nhachote, em Joanesburgo
Os contornos do narcotráfico "diplomático" em Moçambique, podem ter dimensões muito maiores do que alguma vez alguém tenha pensado. Considerável parte dos ascendentes impérios de certas figuras de comunidades de origem asiática em Moçambique, em estonteante superabundância, sobretudo nas cidades de Maputo e Nampula, podem ter como fonte o narcotráfico de «mandrax», também conhecido por «MX», segundo dados revelados ao ZAMBEZE, por ex-investigador dos «Scorpions» e hoje na «Scotland Yard», que falou a esta semanário esta segunda-feira, em Joanesburgo.
Steven Russel, de seu nome, já esteve no nosso país, por três vezes, para desmistificar os contornos do tráfico de droga, segundo ele, "liderado por parte da comunidade asiática em Moçambique".
Russel fez parte da equipa que desmantelou a fábrica de «mandrax», no caso «Plasmex».
Mas sem mais delongas, vamos directamente ao factos e às informações documentais da «Interpol» (Polícia Internacional) e da «Scotland Yard», serviços de inteligência britânica especializados na investigação de crimes de dimensões diversas – que de algum tempo a esta parte andam e continuam a investigar o trafico de drogas que circulam por Moçambique, tido por Stevem Russel, como "o maior corredor de drogas da África Austral".
Stevem Russel, sem evasivas e receio, relata 1ª viagem a Moçambique
Encontrámo-lo, em Branfoontein, no Hotel «Parkitoniam», conforme o combinado. Eram 9 horas e 36 minutos quando ele chegou. Trajava umas «Jeans» pretas, camiseta branca e um jacket preto. Calçava umas texanas pretas. Foi Brian Kubwalo (NR: o jornalista investigativo e co-autor da peça da semana passada), quem nos introduziu, antes de partir para outra investigação jornalística em que está envolvido.
Steven Russel começou por dizer ao ZAMBEZE que a primeira vez que esteve em Moçambique, ao serviço da polícia sul-africana e da Interpol, foi em 1993. Segundo ele, as unidades policiais referidas, preocupadas com as enormes quantidades de «mandrax» que estavam a circular nas "bocas de fumo" e nas "Colômbias" sul-africanas, após aturada investigação, concluíram que as mesmas estavam a vir de Moçambique.
"Fomos a Nacala onde tinham acabado de ser exportadas 80 toneladas de «haxixe» com destino a Amesterdão, na Holanda. Quem estava envolvido nisto era um grande comercial do norte ligado a um empresário de Portugal conhecido pelo apelido de Jussub. A droga vinha do Paquistão com trânsito por Moçambique para empacotamento como se fosse chá."
Manuel António foi informado
Segundo a fonte, ambos serviços envolvidos nesta investigação transnacional produziram um relatório e uma cópia foi entregue ao então ministro do Interior, Manuel António, presentemente a residir na Beira.
"Não sabemos que tratamento ele deu às informações, mas ficámos de consciência tranquila porque fizemos o que devia ser feito" disse Russel ao ZAMBEZE.
Segunda viagem a Moçambique
Após a primeira denúncia das polícias da Swazilândia e da África do Sul (ver edição da semana passada), a Procuradoria-Geral da República (PGR) de Moçambique – na altura o PGR era o Dr. Sinai Nhatitima – "a qual se remeteu a um estranho silêncio" sobre o intricado dossier, Stevem Russel e a sua equipe regressam a Moçambique entre 1999-2000. Estiveram quatro meses em Maputo, onde investigaram e concluíram que na capital Moçambicana já se estava a produzir «mandrax», o que quer dizer que já não era preciso esperar pelo que vinha da Índia. "Estamos a falar da fábrica «Plasmex»". Foram as unidades policiais da polícia sul-africana e da Interpol, segundo Russel, com algum apoio da autoridades moçambicanas que a desmantelaram, o tal caso na época que alimentou páginas de jornais.
Mas, segundo Russel conta, foi através de informações de vários narcotraficantes detidos - na África do Sul - que eles não tiveram dúvidas de que tal fabrica existia.
"As quantidades de «mx» tinham aumentado, foi dai que a nossa policia desconfiou que alguma coisa em Moçambique estava a acontecer, detemos vários pessoas e foram estas que confessaram que em Moçambique havia uma fabrica de comprimidos «mandrax»".
"Desloquei-me a Maputo com uma equipa de 16 elementos e conseguimos desmantelar a fábrica, apesar de alguma resistência de algumas pessoas das autoridades moçambicanas. Mas ate agora não sabemos o paradeiro daquela maquina, uns dizem que o vosso antigo ministro do Interior, Almerino Manheje é que poderá explicar o que foi feito dela. Em termos normais, logo após a apreensão da maquinaria tinha que ser destruída publicamente, mas as autoridades moçambicanas não o fizeram".
Terceira vez em Moçambique
A terceira vez que Steven Russel esteve em Moçambique, foi por parte da «Scotland Yard» envolvido numa investigação transnacional para perceberem como alguns empresários da comunidade asiática estavam a enriquecer por negócios de droga. Nesta viagem, em 2006, diz ter ficou três meses em Moçambique, hospedado nos hotéis Polana, Vip, 2001 e na residencial Kaya Kwanga.
Neste trabalho ele tinha 4 nomes a investigar: 1.Umar Abdul Sakoor Surathia (para ver se este ainda continuava no narcotráfico de «mx»), 2.Rafik Abdul Satar, proprietário da casa de câmbios -Real Câmbios/, na Vladimir Lenine – ligado ao cônsul da Sycheles em Portugal; 3.Fakuk Ayoob, cunhado de Umar Surathia; e 4.Jassat Hamade, aparentemente ligado a um tal de Zamba Zamba, um narcotraficante alegadamente residente na Swazilândia.
Notas biográficas de Umar Surathia
O ZAMBEZE tentou perceber com Russel, o percurso de Umar Surathia. Ele disse que a Interpol fez um relatório, após uma aturada investigação sobre o passado e o presente de Umar Surathia.
O Zambeze está na posse do relatório que aliás circula na internet desde 1995, e pode ser obtido na íntegra ao preço de 3 dólares americanos, via pagamento bancário (Ver http://www.manupatrainternational.in/supremecourt/1980-2000/sc1999/0526s990348.htm).
O agente que estamos a citar disse a este semanário que em 1992, quando ainda trabalhava na policia sul-africana, eles receberam várias denuncias de que um jovem indiano de 25 anos era o mais rico em Moçambique. Disse-nos tratar-se de "Omar, da «Miami Fashion House» que exportava cerca de 2 milhões de comprimidos por semana" para a África do Sul. Mas na altura, as autoridades moçambicanas não estavam interessadas a investigar a vida do «Omar da MFH».
No relatório a que tivemos acesso Lê-se: "Umar Abdul Shakoor Sorathia nasceu em Mumbra, Índia, em 1967. Ele é de uma família pobre e seu pai morreu quando Umar era muito novo. Ele não estudou propriamente e deixou a escola com a idade de 15 anos. Ele tem três irmãs e nenhum irmão. Duas das suas irmãs vivem em Maputo. Ambas são casadas. A sua terceira irmã vive na Swazilândia e o seu cunhado, sr. Anees opera a Phonenix Electronics".
O ZAMBEZE apurou que o seu cunhado e a irmã que viviam no reino da Swazilândia estão a viver, agora, em Londres, e a «Scotland Yard» que está a fazer as suas investigações no narcotráfico "diplomático" investigou a vida "deste cunhado" e "concluiu" que "leva uma vida pacata".
As duas irmãs de Umar Surathia em Moçambique são casadas com os senhores Faruk Abdul Carimo, pessoa modesta e de poucas posses e outra, esta casada com Faruk Ayoob, proprietário da «Ayoob Comercial» que se dedica à venda de brinquedos e está situada na avenida Albert Lithuli, na baixa da cidade.
Em pouco tempo começou a prosperar de forma rápida e hoje já é dono de imóveis de fazer inveja a qualquer empresário. Recentemente terá adquirido os hotéis «Terminus», na Av. Armando Tivane, e «Monte Carlo», na Av. Patrice Lumumba, ambos até aí propriedade da British Michcoma, transaccionados por largos milhões de dólares americanos.
O relatório da Interpol explica entretanto como o actual cônsul honorário das Syshelles em Moçambique começou a sua odisseia. "Depois de pedir emprestado dinheiro para uma passagem aérea, Umar imediatamente partiu para Maputo, Moçambique, com a idade de 15 anos, onde o seu cunhado, Faruk Carimo, operava uma pequena loja de têxteis, chamada «Armazéns Esperança». Ele trabalhou lá durante um curto período de tempo e então abandonou, concluindo que para se tornar rico rapidamente ele deveria tomar alguns grandes riscos na vida".
A admiração de Umar Surathia
Refere ainda o relatório da Interpol que "Umar estava admirado com os enormes lucros que pessoas faziam na exportação de comprimidos de «mandrax» da Índia para a África do Sul. Com poucos regulamentos de segurança em muitos países de África, ele concluiu que esta era a sua oportunidade para fazer-se grande rapidamente".
"Em 1995", refere o relatório que temos vindo a citar, "a sua fortuna estava avaliada em mais de 200 mil de corror-rupias ou seja 200 mil milhões de rupias. (NR: Um corror é um milhão de rupias. Um lack são cem mil rupias). 200 mil de corror-rupias eram 800 milhões de usd segundo o cambio da altura em que a Interpol fez o relatório…"equivalente a cerca de 800 milhões de dólares!!!."
"Ele tem propriedades bem conhecidas em Moçambique, Londres, Portugal, Bombay e Dubai e tem um poder de compra ilimitado no seu cartão Gold da «American Express». Esse cartão é só atribuído a multimilionários, segundo apurou o ZAMBEZE, uma conta bancária com o saldo mínimo de 1 milhão de dólares.
Nesse relatório, que pode ser obtido por três dólares americanos ($US 3,00), está expresso taxativamente que "depois de largar o emprego no cunhado, começou a importar pequenas quantidades de «mandrax» por via aérea".
A "ambição de Umar Surathia foi crescendo" conforme refere o relatório da Interpol. "Ele começou neste caminho de enriquecimento através do arranjo de despacho seguro de pequenas quantidades de comprimidos de «mandrax» em Maputo, que lhe eram enviadas da Índia por avião. Por fazer isto, ao Umar foi permitido ficar com 20% do rendimento da venda dos comprimidos de mandrax que ele passava a compradores que vinham da África do Sul. Os outros 80% do rendimento do que colocava no mercado, tinha de pagar aos fornecedores". "Mas Umar não estava feliz com isto; ele queria exportar da Índia e também, fazer o despacho e venda ele próprio na África do Sul para ganhar lucros maiores".
Assim, então, ele começou por comprar 50.000 comprimidos de «mandrax» por um lack (três mil usd).
Os comprimidos de «mandrax» da Índia passaram a ser despachados por ele próprio em Maputo, refere a Interpol. Os despachos aduaneiros eram tratados por ele tanto quando as encomendas chegassem por mar como por via aérea. Umar tinha a infra-estrutura necessária para despachar os comprimidos de mandrax. O seu escritório e balcão no aeroporto eram uma boa capa para frequentemente visitar o Aeroporto Internacional e despachar as drogas com segurança, afirmam as policias que acrescentam que Umar também tinha uma licença para despachar bens e contentores na «Miami Sea-Port» e este é o canal principal que ele usaria para importar enormes quantidades de comprimidos de «mandrax para Moçambique e depois para a África do Sul".
Nos anos noventa conforme refere o relatório policial, "Umar importava contentores com comprimidos de «mandrax» escondidos nestes e estes tem sido despachados pela sua própria companhia no porto de Maputo. Cada contentor em media tem 20 lakhs – dois milhões de comprimidos de mandrax. Estes são então levados para fora e armazenados nos seus três armazéns secretos usados para este fim. Com a ajuda de correios Umar organiza o envio de 50.000 comprimidos de mandrax em cada viagem para Cape Town, África do Sul escondendo-os em compartimentos secretos dos carros".
"A maior parte do comprimidos era exportada para swazilândia e os grandes dealers iam lá e pagavam".
"O preço conseguido é dez vezes mais que o preço original" refere e Interpol que, mais adiante, acrescenta que "acredita-se que nenhum outro homem tem a capacidade de exportar drogas da Índia, despachá-las em Maputo e entregá-las no seu destino final na África do Sul".
Acrescenta a polícia que "muitos compradores de Mandrax na África do Sul preferem receber os comprimidos e fazer pagamentos na Swazilândia porque isto elimina duas travessias extras de fronteira, para Moçambique e regresso. Umar tem um bom controle no Aeroporto Internacional da Swazilândia, o que torna fácil para ele levar dólares e rands de regresso a Maputo".
A construção do império da MFH
Refere a Interpol que na época da ascensão do seu império ele se tornou dono e PCA da «Miami» Grupo de empresas, "que inclui a Miami Stores, Miami Travel and Tours, Miami Exchange, Miami Bricks, Taj mahal Hotel, Miami Fashion House e muitas outras companhias em Moçambique e no exterior".
O braço direito de Umar
O explosivo relatório da Interpol vai muito mais longe. Chega ao seu suposto braço direito, isto é o seu homem de confiança. Assim lê-se ainda no documento que "o homem que manejava as actividades portuárias, incluindo despacho, armazenamento, etc., é um moçambicano local chamado de sr. Valjy Tavabo. Ele é bem pago por Umar porque ele carrega com os riscos. O facto do governo de Moçambique ter dado uma licença de despacho a Umar torna o trabalho de Valjy mais fácil porque ele pode ir a qualquer lado no porto. Ele equipou a sua organização com os últimos conjuntos de rádios de comunicação sem fio, telefones via satélite, dispositivos contra escutas, etc., para tornar o despacho tão suave quanto possível".
Lavagem de dinheiro
"Um dos problemas que os traficantes de droga enfrentam na África do Sul é actualmente converter os rands em dólares e levá-los para fora do país. Leva qualquer coisa como três meses a transferir dinheiro por Money laudring (lavagem de dinheiro) e alcançar Dubai a partir da África do Sul e a diferença entre o dinheiro lavado, e o cambio oficial é de cerca de 20%. Umar encontrou um meio para resolver este problema. Ele obteve uma licença para abrir a Miami Exchange em Maputo, onde estrangeiros podem cambiar os seus dólares, etc., pela moeda local. O que Umar faz é que ele obtém uma lista do aeroporto de todos os estrangeiros vindos para o país e uma mínima quantia sob cada um dos nomes é exibida, como se eles tivessem cambiado através dele – este dinheiro e então transferido para fora do país legalmente", considera a Interpol.
Interceptado com 1 milhão de dólares "vivos"
De acordo com o documento de fazer bradar os céus, em 1994, "Umar foi detido na posse de 1 milhão de dólares, vivo e alguns rands sul-africanos também numa mala no aeroporto internacional de Joanesburgo". Na altura o aeroporto chamava-se Jam Smuts. Hoje tem o nome de Oliver Thambo. "Ele foi deixado livre através do pagamento de uma multa porque ele mostrou recibos falsos da «Miami Exchange House Câmbios» – para justificar os USD 1.000.000,00".
1 milhão de dólares para ser cônsul da Libéria
O relatório da Interpol diz também que Umar pagou na altura "cerca de USD 1000000,00 para ser nomeado «diplomata» e obter um passaporte diplomático para ser nomeado Cônsul Geral da Libéria em Maputo".
"Um consulado tinha sido aberto em Maputo e agora Umar viaja para a Índia somente com o passaporte diplomático liberiano. Umar não dá a ninguém o seu endereço verdadeiro em Bombay. Ele fica numa grande flat em Sagar Rsham, Bandra West, Bombay, que é avaliado em mais de 900 mil dólares, numa zona chique de Bombay", diz a Interpol.
Nessa zona vivem actores de cinema com estatuto de Amitha Badjane, Darmedra e Hemamali.
Os fabulosos lucros de mandrax
No relatório da Interpol, esta polícia diz que cada comprimido na Índia, custava menos de 1 rupia e que esse mesmo comprimido era vendido pelo equivalente a 60 rupias, na África do Sul.
A policia da Índia na altura acreditava que 55% da droga era exportada para África. "O sr. Raymond E. Kendall, Secretario-geral da ICPO-Interpol na véspera da 13.ª Assembleia Geral da Interpol que teve lugar em Nova Deli disse que 80% do crime cometido em países consumidores estava ligado ao tráfico de drogas e na maioria dos países consumidores 50% do orçamento das agências policiais era usado no controle do tráfico de drogas. Ele disse mais: que o que realmente preocupa é a corrupção e a cumplicidade que os traficantes de droga trouxeram para instituições como a banca, administração pública e aos níveis políticos para verem o seu dinheiro ilegal ser canalizado. Lavagem de dinheiro através de instituições financeiras era notada frequentemente. Mais de USD 100 biliões dos USD 400 biliões do rendimento do tráfico de drogas estava circulando no sistema comercial internacional", comenta a Interpol.
Força do dinheiro
"Esta força do dinheiro vai ultimamente ser usada para controlar o governo do dia, como temos visto em alguns países da América Latina e África resultando em subversão do tecido democrático da nossa sociedade. É tempo das agências policiais tomarem nota da magnitude do problema e iniciarem contra medidas para conter esta escória que ameaça a humanidade", sugere a Interpol.
De acordo com o operacional da «Scotland Yard», Steven Russel, cerca de 55% do mandrax estava em circulação na SADC, nos anos noventa. Vinha da Índia, e o principal destino era a África do Sul.
Umar protegido pelo governo moçambicano?
Na década 90, Umar Surathia, era bem visto no pais, como um empresário próspero. Segundo o agente da extinta «Scorpions», Umar Surathia, ou Omar da «Miami Fashion House» chegou a apoiar a campanha de Joaquim Chissano e do partido Frelimo, nas primeiras eleições gerais, em 1994. Russel não consegue quantificar quanto foi a doação, mas diz que "isso está documentado". "Não me lembro exactamente com quanto ele – Umar – contribuiu".
Curiosamente, foi em Abril de 1994 que a mercadoria de cerca de 2 milhões de comprimidos mandrax foram apreendidos pela policia da swazilandia e esta mesma ía para SA, para a Dynamic Electronics, uma empresa ligada a Umar. As policias Sul-Africana e da Swazilandia, na altura reportaram ao Estado moçambicano que esse mercadoria pertencia a Umar, mas as autoridades nada fizeram para apoiar as suas congéneres. A Interpol ficou desapontada até que Umar veio a ser preso na índia.
Brigas entre compadres
Para a compreensão dos contornos transnacionais do narcotráfico, o ZAMBEZE – durante as oito semanas que este trabalho esteve sob investigação – contactou, o jornalista investigativo indiano Yanic Malic. A tentativa foi frutífera. Malic disse ao ZAMBEZE que Umar Surathia era um "king" em Bombay, mas circulava como um homem modesto e visitava constantemente templos religiosos, indo cinco vezes por dia à mesquita, na área onde residia, e era muito conhecido por actores de cinema uma vez que vivia na área deles.
Malic apurou que "Umar Surathia teve grandes desavenças como seu sócio, Khalid Gaswala, um outro narcotraficante conhecido aqui na Índia. Foi ele que denunciou Umar à Interpol da índia. Ele sabia exactamente quando é que Umar vinha para Índia através de informações de Moçambique fornecidas por um dos cunhados de Umar com quem estava, de costas voltada".
Segundo o nosso colega, Yanic Malik "o caso foi reportado na imprensa local e foi dito que Khalid denunciou Umar porque este lhe tinha dado uma "cabeçada" em cerca de 20 milhões de comprimidos mandrax".
Ele terá alegado ao seu sócio que a policia tinha neutralizado esta droga, mas na verdade a policia tinha neutralizado cerca de 2 milhões. Khalid esteve preso em Dubai e mais tarde evadiu-se da cadeia. A policia indiana, segundo Malik, ter-se-á rendindo a Khalid, porque é um homem com muita influência nas hostes da polícia.
Da prisão de Umar à redução do narcotráfico na África do Sul
Na conversa com Steven Russel, ele enfatizou que depois da prisão de Umar Surathia na índia (ver edição passada), o contrabando de mandrax na África do Sul "diminuiu em cerca de 20%". Segundo Russel, "a «Scorpions» estava a seguir o roteiro de "Omar da Miami Fashion House» 2000, e eles receberam informações que Umar Surathia já tinha saído da prisão e que estava em Moçambique levando uma vida simples".
Russel recordou que a policia sul africana enviou a Maputo 4 elementos afectos ao «Office of Series Econimic Ofenses Agengy, que mais tarde passou a chamar-se «Scorpions».
"Ele apuraram que ele já havia vendido uma parte de bens e dedicava-se apenas à agencia de viagens, «Planet Travel Agency», antes chamada «Miami Travel and Tours»".
"Os nossos elementos seguiram todos passos de Umar, durante 20 dias, quase que dormiam fora da casa dele. Nesses dias nada evidenciou que ele estava no narcotráfico.", conta o agente.
O casarão de Umar
Russel disse que entre 2004/5 a «Scorpions» recebeu uma denuncia da policia do Reino da Swazilândia, segundo a qual um traficante conhecido pelo nome Zamba Zamba fazia parte do triângulo "narco", Moçambique, Swazilandia e África do Sul. "Dai aquela unidade começou a investigar a vida daquele e estabeleceu «links» entre este e Umar Surathia e Jassat Hamade, este último um comerciante que actualmente se dedica ao negócio de câmbios e proprietário da Express Câmbios".
"As informações que obtivemos nesta aturada investigação, indicam que Umar Surathia teria adquirido um casarão na avenida F Melo Castro, nr. 20, na zona da Sommerschield, próximo da sede do Comité Central da Frelimo, pelo preço de 500 mil usd. Esse dinheiro, terá sido pago, uma parte em cash e outra em comprimidos de «mandrax»".
A casa, segundo a nossa investigação terá sido construída pelos donos da fabrica «Plasmex», entre 1999-2000.
Na mesma faltavam acabamentos e terá sido negociada pelo ilustre Zamba Zamba da Swazilandia. Quem terá tratado dos documentos e conclusão das obras, aparentemente foi Jassat Hamade. Foi este que fez a entrega da casa pronta a Umar, segundo revelações de Stevem Russel ao ZAMBEZE.
Russel disse ainda que "Hamade é um jovem na casa dos 36-7, que enriqueceu de uma forma estranha. Hoje é dono de muitos investimentos em Moçambique. O seu passado está nos arquivos na «Scorpions» e diz que ele há dez doze anos atrás, vendia carros roubados na África do Sul para Moçambique e estava conectado com o senhor Mendes um grande traficante de drogas e viaturas roubadas que viveu muitos numa cadeia". "Viveu no Soweto".
«Scotland Yard» em Moçambique
Steven Russel, policial há cerca de 30 anos, e há cerca de 18 investigando o narcotráfico, disse a este jornal que convidado pela «Scotland Yard» para vir a Moçambique investigar algumas pessoas que tinham ligações direitas com o Cônsul Honorário da Sychelles (ele já dominava o dossier) e investigar algumas pessoas ligadas o Salim Jussub, Cônsul Honorário em Portugal. A união entre ambos é justificada pelo facto de serem representantes diplomáticos das Syechells em Moçambique e Portugal, respectivamente.
As Syechelles acabam de ser readmitidas na SADC na cimeira acabada de realizar aqui em Joanesburgo.
"Nas investigações que fizemos do trafico de droga em Moçambique, concluímos que até 2002 o trafico de drogas era controlada por cidadãos asiáticos e que a maioria da droga vinha da Índia e do Paquistão. Depois de 2002, com a entrada de muitos cidadãos, sobretudo nigerianos, somalis, abriu-se uma nova rota que parte do Brasil, só que a droga vinda do Brasil já na é mandrax, mas heroína e muitos dedicam-se à importação de mercadorias e a droga vem camuflada. Contratam seres humanos e esses transportam a droga dentro do organismo. Semanalmente são presos entre cinco a seis pessoas no aeroporto de Joanesburgo".
Negócios de Salim Jussub
Dados da «Scotland Yard» referem que os nomes Rafic Abdul Satar, Farook Ayoob, trabalham como capa de Salim Jussub, Cônsul Honorário da Syecheles em Portugal, ligados ao grupo AFRIN. E recordam que o actual Cônsul das Sychelles já esteve preso na África do Sul entre 1999/2000, devido ao narcotráfico".
Segundo Russel "Jussub estava a fazer grandes investimentos através destes individuos. Fui infeliz na investigação, porque a vossa PGR não me apoiou, mandou-me suspender o trabalho, não havia colaboração para poder-se descobrir a proveniência desses avultados investimentos que estavam a fazer em Moçambique. Fiz chegar o trabalho, mas estes não se pronunciaram. Fico com a sensação que as autoridades moçambicanas não tem interesse ou são coniventes com o narcotráfico. Isto foi em 2006".
Apelo ignorado
Depois das denuncias à PGR (1994), o antigo ministro da justiça sul-africano, Dulllah Omar (Janeiro de 1996), disse que uma grande parte do mandrax que estava a ser contrabandeado para o seu país era por seus próprios nacionais com activa conivência de alguns indianos. Ele adiantou que "a Africa do Sul não é o único lugar onde o tráfico de droga pode ser muito lucrativo mas também uma rota de trânsito para outras regiões do mundo. Nós cedo compreendemos que o tráfico de droga, lavagem de dinheiro e comércio de armas para além de outros crimes organizados, constituem uma seria ameaça. Estes crimes são todos transnacionais e nenhum país pode com sucesso combater estes crimes por si só".
Do boom imobiliário aos irmãos "Tiger"
Stevem Russel diz que a Scotland Yard tem acompanhado pela imprensa que a área imobiliária nos últimos 3 anos cresceu acima de 300 a 400%. Para eles esta subida tem a ver com o aumento de droga importada do Brasil. "Se reparares há anos atrás havia mais controle nos portos, que estavam sendo controlado pelos britânicos e hoje esta mais vulnerável".
"E acredita que esta subida tem a ver com lavagem de dinheiro de traficantes de droga". Russel diz ainda que nos jornais moçambicanos aparecem moradias que custam cerca de um milhão de usd. "Hoje com um milhão de usd podes comprar duas moradias nos Estados Unidos da América".
A finalizar, a fonte disse que "a Scontland Yard, em 2006, estava a investigar o rápido crescimento económico dos irmãos Tiger, eles que tem um centro comercial localizado na avenida Ho Chi Min."
"A Scotland Yard trabalha com informação a partir da Policia Judiciãria de Portugal. A PJ, pediara à «Scotland Yard» para investigar o que teria levado a um crescimento tão rápido. Sabe-se ainda que os irmão Tiger, nomeadamdaente Mahomed Gulamo Rassel e Mehbub Gulamo Rassul já estiveram presos nos finais da década oitenta em Portugal, em casos ligados ao narcotráfico". Dez anos depois os irmãos «Tiger» construíram um shopping e recentemente adquiriram a fábrica de óleo Fasol. "Não é possível de vídeo clube e venda de electrodomésticos obterem fortuna e este investimento" disse o agente Steven Russel.
O novo edifício da Tiger foi inaugurado em 2003/4 por Joaquim Chissano, nos seus áureos anos de poder como presidente da República e do partido Frelimo. De lá para cá o Tiger Shopping tem decaído no competitivo mercado de Maputo a favor de outros empreendimentos
terça-feira, outubro 7
Estados Unidos da América: o país onde o fracasso é recompensado
01/10/2008
Na atual crise financeira, o modelo de capitalismo dos Estados Unidos implodiu com um grande estrondo. Mas o governo Bush está tentando extinguir as chamas com mais combustível, em vez de água, e quer que os apostadores de Wall Street sejam recompensados pelo fracasso
Gabor Steingart
Em Washington (EUA)
Mais de cem anos atrás, o sociólogo alemão Georg Simmel criticou os bancos por ficarem cada vez maiores e mais poderosos do que as igrejas. A sua principal queixa - a de que o dinheiro é o novo deus dos nossos tempos - ainda é ouvida nos dias de hoje. Se Simmel estava certo, e há indicações de que de fato estava, a declaração teria que ser modificada para coadunar-se com as circunstâncias atuais: nem todo mundo reza para o mesmo deus.
Entre o grupo de adoradores de dinheiro, existem pelo menos três fés. A primeira é a dos Puritanos, que carregam pacientemente o dinheiro deles para as novas igrejas, esperando que ele se multiplique. O chinês típico, por exemplo, deposita 40% dos seus rendimentos em bancos. Que disciplina louvável! E há também os Pragmáticos. Estes poupam e emprestam, mas somente nesta ordem; a poupança é o fator que limita a ousadia deles. Esta linha é especialmente comum nos países germânicos, nos quais o banco de poupança é o templo religioso.
Finalmente, temos a comunidade religiosa dos Desinibidos, que é especialmente popular nos Estados Unidos. Os seus seguidores não se acanham em admitir a falta de cautela, o desperdício extravagante e a cobiça onipresente.
Eles chamam isto de "American way of life" ("estilo de vida americano"). Os seus membros vivem no aqui e no agora, sem fazer perguntas sobre o amanhã. Um empresta dinheiro ao outro, mesmo que o dinheiro não lhes pertença. Em vez disso, eles tomam quantias emprestadas com uma terceira pessoa, que prometeu conseguir o dinheiro com um quarto indivíduo - e assim por diante.
Southampton: o início do rastro de evidências
Esta comunidade religiosa é a mais fervorosa de todas. Há algum tempo, ela adotou a prática de tratar dinheiro antecipado como dinheiro real e de entender desejo como realidade. Atualmente ela não conta mais com nenhum fragmento de inibição.
Como todos sabiam que havia mais desejos do que dólares, o resultado inevitável foi uma certa lacuna de financiamento, ou déficit. Capitalismo sem capital - o núcleo audacioso desta inovação - não poderia funcionar. Não há salvação terrena - pelo menos esta foi uma conclusão quanto à qual o antigo Deus, aquele que carregou a cruz, e o novo deus, o que traz cifrões nos olhos, poderiam concordar.
E, assim, o inevitável ocorreu: o big bang. Três entre cada cinco bancos de investimento dos Estados Unidos perderam a independência, e os outros dois ainda estão afundando. Dois bancos de hipotecas e uma companhia de seguros encontram-se agora sob administração governamental.
O sistema financeiro global foi abalado, horrorizando os membros das outras duas fés. Pode haver três religiões, mas só há um céu. Se este cair, todos morrem.
Uma busca por evidências a fim de identificar os responsáveis deveria provavelmente começar em Southampton, um reduto da elite endinheirada. Nesta cidade, na parte leste de Long Island, perto da cidade de Nova York, é possível presenciar o quanto a cobiça pode ser atraente.
Trata-se de um lugar no qual as opções de ações foram transformadas às centenas em castelos de contos de fadas à beira-mar. Aproveitando-se das brechas tarifárias, os gurus financeiros de Wall Street conseguiram retirar os seus bônus da cidade mais ou menos intactos. Segundo a legislação tributária dos Estados Unidos, a compensação na forma de ações e garantias é taxada em menos da metade do índice mais elevado de impostos. Como resultado, a taxa tributária que incide sobre os rendimentos de muitos banqueiros é inferior àquela a que estão sujeitos os salários das suas secretárias.
Como menos transformou-se em mais
Os donos destas mansões à beira-mar não estão lá neste momento, de forma que uma investigação mais profunda requer uma viagem de trem até Nova York. No arranha-céu de Midtown que abriga os escritórios do Lehman Brothers, que está em processo de encerramento da sua história, há muito o que descobrir a respeito da seqüência de eventos. Bilhões de dólares foram emprestados a pessoas que não tinham crédito para que elas adquirissem condomínios e casas de pouco valor. No jargão alegre e cínico dos banqueiros, esse tipo de empréstimo foi batizado de "NINA", acrônimo de "No Income, No Asset" ("Sem renda, sem bens").
Mas mesmo assim as coisas andavam bem no mundo dos financiadores. O aumento miraculoso da oferta de dinheiro contribuiu para que o preço de imóveis subisse mais de 70% entre 2000 e 2006. A indústria conseguiu obter lucros aumentando o risco. Pelo menos na folha de balanço, o menos se transformou em mais.
Em tempos melhores, alguém poderia ter chamado os banqueiros de empreendedores; atualmente, eles são chamados de irresponsáveis. Antes mesmo do surgimento da expressão banco de investimentos, Karl Marx sabia como as duas coisas estavam vinculadas: "O capital tem tanto horror à ausência de lucro ou de um lucro muito pequeno quanto a natureza tem horror ao vácuo. Com um lucro apropriado, o capital é despertado; com 10% de lucro, ele pode ser usado em qualquer lugar; com 20%, torna-se vivaz; com 50%, fica positivamente ousado; com 100%, ele esmagará com os pés todas as leis humanas; e com 300%, não existe crime que ele não se disponha a cometer, ainda que se arrisque a ir para a cadeia".
A fé de Paulson
Agora o rastro conduz de Nova York a Washington, onde o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, tem o seu gabinete na Avenida Pensilvânia. O seu ministério é tão importante que há um portão ligando o subsolo do Departamento do Tesouro ao da Casa Branca. A atitude adotada por Paulson em relação aos bancos foi a de deixá-los atuar livremente, e ele agora pretende assumir os prejuízos dessas instituições. Para os altos círculos financeiros, ele tornou-se algo como uma garantia extra. O objetivo dele é eliminar a ameaça de cadeia - mas não a cobiça.
Paulson já foi um banqueiro de Wall Street. Ele é um homem de boas maneiras e princípios firmes. Em tempos normais, ele tem fé no mercado, em Deus e em George W. Bush. Mas em tempos como estes, ele prefere depositar a sua fé no governo, no contribuinte e em Bush.
Ao contrário do que muito se anunciou, Paulson não pretende utilizar as rendas obtidas com impostos para financiar o pacote de socorro aos bancos. Em vez disso, a intenção dele é tomar novos empréstimos de bilhões de dólares em nome do Tesouro dos Estados Unidos. "Detesto o fato de termos que fazer tal coisa, mas isto é a melhor do que a única outra alternativa", disse ele na semana passada. O presidente já deu o seu sinal de aprovação.
É isso o que acontece com as comunidades religiosas quando sofrem pressões: elas tornam-se ainda mais fervorosas. A idéia é que o mesmo tipo de pensamento de curto prazo que provocou o desastre vá agora pôr um fim a esta situação calamitosa. O governo está tentando extinguir o fogo com combustível, e não com água. Na verdade, este é exatamente o mesmo combustível que deu início ao incêndio em Wall Street: dinheiro emprestado.
A única diferença é que os novos empréstimos não virão do sexto, do sétimo ou do oitavo membro da comunidade religiosa. Eles serão coletados de todos os contribuintes. Isso significaria o fim da separação entre igreja e Estado, sendo que Wall Street se tornaria a religião nacional.
Os pontos em comum com as outras duas comunidades religiosas já estão desaparecendo. Coisas que na época da tradicionalmente honrada economia de mercado eram consideradas inseparáveis - como valor e consideração, salário e desempenho, risco e responsabilidade - estão sendo agora rasgadas em nome do governo. O capitalismo atualmente exibido pelos Estados Unidos é uma versão rota e degradada daquilo que costumava ser.
As ações dos políticos estão amplificando, em vez de mitigar, os efeitos do fracasso econômico. O capitalismo no estilo norte-americano ainda não morreu, mas está simplesmente preparando o seu próprio falecimento. A história destes dias é a história de uma morte que já foi anunciada. O que nos leva a Miss Marple.
Começou um jogo perigoso com o tempo
A detetive amadora imaginada por Agatha Christie, baseada na avó da escritora, era equipada com algo mais do que apenas um senso de humor e uma compreensão da natureza humana. Ela também tinha experiência em relação a coisas óbvias que ninguém acredita serem possíveis - até que elas aconteçam. No seu romance de 1950, "A Murder is Announced" ("Convite para um Homicídio"), Christie olhou para o futuro de maneira cômica.
A história transcorre mais ou menos assim: certa manhã, os cidadãos leram a seguinte mensagem nos classificados de um jornal local: "Um assassinato foi anunciado e ocorrerá na sexta-feira, 29 de outubro, em Little Paddocks, às 18h30. Amigos, por favor aceitem isto, a única intimação". Na hora designada, metade da vila reuniu-se na casa onde o assassinato supostamente aconteceria. A advertência é tratada como uma piada frívola, que ninguém desejaria rejeitar. Serve-se sherry aos presentes. O grupo é tomado por um pânico coletivo. Exatamente às 18h30, as luzes apagam-se.
"Não é maravilhoso?", diz uma voz feminina. "Estou trêmula".
Quando as luzes voltam a acender-se - para a surpresa de todos - um crime foi cometido. E agora nós, assim como os presentes na sala em Little Paddocks, estamos de pé, sussurrando, tomados pelo medo coletivo, aguardando para ver o que acontecerá a seguir. E ninguém acredita seriamente que um crime de verdade está prestes a ocorrer.
"Todos estavam em silêncio e ninguém se movia. Todos olharam para o relógio... Quando a última nota terminou, todas as luzes apagaram-se. Murmúrios de alegria e gritinhos femininos de satisfação foram ouvidos no escuro. 'Está começando', gritou a senhora Harmon, extasiada".
Um futuro vendido
Quem quer que espere receber um alerta antecipado deveria simplesmente expandir o seu campo de visão enquanto as luzes permanecerem acesas.
As companhias de cartão de crédito dos Estados Unidos não estão em uma situação significativamente melhor do que os bancos. Elas também venderam o futuro e até mesmo uma parcela do período posterior a ele.
A indústria automobilística norte-americana também se encontra seriamente combalida e tem dificuldades para estender as suas linhas de crédito no mercado aberto. A indústria perdeu mais de 300 mil empregos desde 1999. Mas qual é o benefício disto se são os gerentes - e não os trabalhadores - os culpados pela crise? A enorme conta dos Estados Unidos com a compra de petróleo - cerca de US$ 500 bilhões (? 345 bilhões) - é atualmente paga com dinheiro emprestado pela China. A cada dia útil, a dívida externa dos Estados Unidos aumenta em quase US$ 1 bilhão (? 690 milhões).
Provavelmente a pílula mais amarga de engolir nos Estados Unidos de hoje é o fato de os lares privados não estarem administrando as suas finanças de maneira melhor do que os executivos de corporações. Estes lares vêem o reflexo de suas imagens nos banqueiros de Wall Street, e não uma espécie de figura destorcida de si próprios. "De fato, não conheço nenhum país no qual o amor pelo dinheiro tenha se estabelecido tão fortemente no sentimento dos homens", observou Alexis de Tocqueville 170 anos atrás.
A conversa há muito necessária entre o governo e os governados ainda não se materializou. Essa teria que ser uma conversa a respeito da relação entre a economia e os valores, sobre a recuperação daquilo que se perdeu, em vez de sobre expansão. A palavra frugalidade - que desapareceu do vocabulário dos Desinibidos - deveria ser reintroduzida.
Mas não há sinal de que nada disso esteja acontecendo. Os Estados Unidos de hoje são muito estadunidenses para sobreviverem na sua forma atual. Mas os Estados Unidos atuais são também muito orgulhosos para perceberem isto. Os fiéis dificilmente permitiriam que alguém os convertesse.
Assim, a nossa compreensão dos acontecimentos continua ficando cada vez menos clara. Teve início um jogo perigoso com o tempo.
"O ruído de duas balas sacudiu a complacência da sala. Subitamente, o jogo não era mais um jogo. Alguém gritou... 'Luzes'. 'Não consegue encontrar um isqueiro?'...'Oh, Archie, quero sair daqui'".
__________ NOD32 3484 (20080930) Information
Na atual crise financeira, o modelo de capitalismo dos Estados Unidos implodiu com um grande estrondo. Mas o governo Bush está tentando extinguir as chamas com mais combustível, em vez de água, e quer que os apostadores de Wall Street sejam recompensados pelo fracasso
Gabor Steingart
Em Washington (EUA)
Mais de cem anos atrás, o sociólogo alemão Georg Simmel criticou os bancos por ficarem cada vez maiores e mais poderosos do que as igrejas. A sua principal queixa - a de que o dinheiro é o novo deus dos nossos tempos - ainda é ouvida nos dias de hoje. Se Simmel estava certo, e há indicações de que de fato estava, a declaração teria que ser modificada para coadunar-se com as circunstâncias atuais: nem todo mundo reza para o mesmo deus.
Entre o grupo de adoradores de dinheiro, existem pelo menos três fés. A primeira é a dos Puritanos, que carregam pacientemente o dinheiro deles para as novas igrejas, esperando que ele se multiplique. O chinês típico, por exemplo, deposita 40% dos seus rendimentos em bancos. Que disciplina louvável! E há também os Pragmáticos. Estes poupam e emprestam, mas somente nesta ordem; a poupança é o fator que limita a ousadia deles. Esta linha é especialmente comum nos países germânicos, nos quais o banco de poupança é o templo religioso.
Finalmente, temos a comunidade religiosa dos Desinibidos, que é especialmente popular nos Estados Unidos. Os seus seguidores não se acanham em admitir a falta de cautela, o desperdício extravagante e a cobiça onipresente.
Eles chamam isto de "American way of life" ("estilo de vida americano"). Os seus membros vivem no aqui e no agora, sem fazer perguntas sobre o amanhã. Um empresta dinheiro ao outro, mesmo que o dinheiro não lhes pertença. Em vez disso, eles tomam quantias emprestadas com uma terceira pessoa, que prometeu conseguir o dinheiro com um quarto indivíduo - e assim por diante.
Southampton: o início do rastro de evidências
Esta comunidade religiosa é a mais fervorosa de todas. Há algum tempo, ela adotou a prática de tratar dinheiro antecipado como dinheiro real e de entender desejo como realidade. Atualmente ela não conta mais com nenhum fragmento de inibição.
Como todos sabiam que havia mais desejos do que dólares, o resultado inevitável foi uma certa lacuna de financiamento, ou déficit. Capitalismo sem capital - o núcleo audacioso desta inovação - não poderia funcionar. Não há salvação terrena - pelo menos esta foi uma conclusão quanto à qual o antigo Deus, aquele que carregou a cruz, e o novo deus, o que traz cifrões nos olhos, poderiam concordar.
E, assim, o inevitável ocorreu: o big bang. Três entre cada cinco bancos de investimento dos Estados Unidos perderam a independência, e os outros dois ainda estão afundando. Dois bancos de hipotecas e uma companhia de seguros encontram-se agora sob administração governamental.
O sistema financeiro global foi abalado, horrorizando os membros das outras duas fés. Pode haver três religiões, mas só há um céu. Se este cair, todos morrem.
Uma busca por evidências a fim de identificar os responsáveis deveria provavelmente começar em Southampton, um reduto da elite endinheirada. Nesta cidade, na parte leste de Long Island, perto da cidade de Nova York, é possível presenciar o quanto a cobiça pode ser atraente.
Trata-se de um lugar no qual as opções de ações foram transformadas às centenas em castelos de contos de fadas à beira-mar. Aproveitando-se das brechas tarifárias, os gurus financeiros de Wall Street conseguiram retirar os seus bônus da cidade mais ou menos intactos. Segundo a legislação tributária dos Estados Unidos, a compensação na forma de ações e garantias é taxada em menos da metade do índice mais elevado de impostos. Como resultado, a taxa tributária que incide sobre os rendimentos de muitos banqueiros é inferior àquela a que estão sujeitos os salários das suas secretárias.
Como menos transformou-se em mais
Os donos destas mansões à beira-mar não estão lá neste momento, de forma que uma investigação mais profunda requer uma viagem de trem até Nova York. No arranha-céu de Midtown que abriga os escritórios do Lehman Brothers, que está em processo de encerramento da sua história, há muito o que descobrir a respeito da seqüência de eventos. Bilhões de dólares foram emprestados a pessoas que não tinham crédito para que elas adquirissem condomínios e casas de pouco valor. No jargão alegre e cínico dos banqueiros, esse tipo de empréstimo foi batizado de "NINA", acrônimo de "No Income, No Asset" ("Sem renda, sem bens").
Mas mesmo assim as coisas andavam bem no mundo dos financiadores. O aumento miraculoso da oferta de dinheiro contribuiu para que o preço de imóveis subisse mais de 70% entre 2000 e 2006. A indústria conseguiu obter lucros aumentando o risco. Pelo menos na folha de balanço, o menos se transformou em mais.
Em tempos melhores, alguém poderia ter chamado os banqueiros de empreendedores; atualmente, eles são chamados de irresponsáveis. Antes mesmo do surgimento da expressão banco de investimentos, Karl Marx sabia como as duas coisas estavam vinculadas: "O capital tem tanto horror à ausência de lucro ou de um lucro muito pequeno quanto a natureza tem horror ao vácuo. Com um lucro apropriado, o capital é despertado; com 10% de lucro, ele pode ser usado em qualquer lugar; com 20%, torna-se vivaz; com 50%, fica positivamente ousado; com 100%, ele esmagará com os pés todas as leis humanas; e com 300%, não existe crime que ele não se disponha a cometer, ainda que se arrisque a ir para a cadeia".
A fé de Paulson
Agora o rastro conduz de Nova York a Washington, onde o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, tem o seu gabinete na Avenida Pensilvânia. O seu ministério é tão importante que há um portão ligando o subsolo do Departamento do Tesouro ao da Casa Branca. A atitude adotada por Paulson em relação aos bancos foi a de deixá-los atuar livremente, e ele agora pretende assumir os prejuízos dessas instituições. Para os altos círculos financeiros, ele tornou-se algo como uma garantia extra. O objetivo dele é eliminar a ameaça de cadeia - mas não a cobiça.
Paulson já foi um banqueiro de Wall Street. Ele é um homem de boas maneiras e princípios firmes. Em tempos normais, ele tem fé no mercado, em Deus e em George W. Bush. Mas em tempos como estes, ele prefere depositar a sua fé no governo, no contribuinte e em Bush.
Ao contrário do que muito se anunciou, Paulson não pretende utilizar as rendas obtidas com impostos para financiar o pacote de socorro aos bancos. Em vez disso, a intenção dele é tomar novos empréstimos de bilhões de dólares em nome do Tesouro dos Estados Unidos. "Detesto o fato de termos que fazer tal coisa, mas isto é a melhor do que a única outra alternativa", disse ele na semana passada. O presidente já deu o seu sinal de aprovação.
É isso o que acontece com as comunidades religiosas quando sofrem pressões: elas tornam-se ainda mais fervorosas. A idéia é que o mesmo tipo de pensamento de curto prazo que provocou o desastre vá agora pôr um fim a esta situação calamitosa. O governo está tentando extinguir o fogo com combustível, e não com água. Na verdade, este é exatamente o mesmo combustível que deu início ao incêndio em Wall Street: dinheiro emprestado.
A única diferença é que os novos empréstimos não virão do sexto, do sétimo ou do oitavo membro da comunidade religiosa. Eles serão coletados de todos os contribuintes. Isso significaria o fim da separação entre igreja e Estado, sendo que Wall Street se tornaria a religião nacional.
Os pontos em comum com as outras duas comunidades religiosas já estão desaparecendo. Coisas que na época da tradicionalmente honrada economia de mercado eram consideradas inseparáveis - como valor e consideração, salário e desempenho, risco e responsabilidade - estão sendo agora rasgadas em nome do governo. O capitalismo atualmente exibido pelos Estados Unidos é uma versão rota e degradada daquilo que costumava ser.
As ações dos políticos estão amplificando, em vez de mitigar, os efeitos do fracasso econômico. O capitalismo no estilo norte-americano ainda não morreu, mas está simplesmente preparando o seu próprio falecimento. A história destes dias é a história de uma morte que já foi anunciada. O que nos leva a Miss Marple.
Começou um jogo perigoso com o tempo
A detetive amadora imaginada por Agatha Christie, baseada na avó da escritora, era equipada com algo mais do que apenas um senso de humor e uma compreensão da natureza humana. Ela também tinha experiência em relação a coisas óbvias que ninguém acredita serem possíveis - até que elas aconteçam. No seu romance de 1950, "A Murder is Announced" ("Convite para um Homicídio"), Christie olhou para o futuro de maneira cômica.
A história transcorre mais ou menos assim: certa manhã, os cidadãos leram a seguinte mensagem nos classificados de um jornal local: "Um assassinato foi anunciado e ocorrerá na sexta-feira, 29 de outubro, em Little Paddocks, às 18h30. Amigos, por favor aceitem isto, a única intimação". Na hora designada, metade da vila reuniu-se na casa onde o assassinato supostamente aconteceria. A advertência é tratada como uma piada frívola, que ninguém desejaria rejeitar. Serve-se sherry aos presentes. O grupo é tomado por um pânico coletivo. Exatamente às 18h30, as luzes apagam-se.
"Não é maravilhoso?", diz uma voz feminina. "Estou trêmula".
Quando as luzes voltam a acender-se - para a surpresa de todos - um crime foi cometido. E agora nós, assim como os presentes na sala em Little Paddocks, estamos de pé, sussurrando, tomados pelo medo coletivo, aguardando para ver o que acontecerá a seguir. E ninguém acredita seriamente que um crime de verdade está prestes a ocorrer.
"Todos estavam em silêncio e ninguém se movia. Todos olharam para o relógio... Quando a última nota terminou, todas as luzes apagaram-se. Murmúrios de alegria e gritinhos femininos de satisfação foram ouvidos no escuro. 'Está começando', gritou a senhora Harmon, extasiada".
Um futuro vendido
Quem quer que espere receber um alerta antecipado deveria simplesmente expandir o seu campo de visão enquanto as luzes permanecerem acesas.
As companhias de cartão de crédito dos Estados Unidos não estão em uma situação significativamente melhor do que os bancos. Elas também venderam o futuro e até mesmo uma parcela do período posterior a ele.
A indústria automobilística norte-americana também se encontra seriamente combalida e tem dificuldades para estender as suas linhas de crédito no mercado aberto. A indústria perdeu mais de 300 mil empregos desde 1999. Mas qual é o benefício disto se são os gerentes - e não os trabalhadores - os culpados pela crise? A enorme conta dos Estados Unidos com a compra de petróleo - cerca de US$ 500 bilhões (? 345 bilhões) - é atualmente paga com dinheiro emprestado pela China. A cada dia útil, a dívida externa dos Estados Unidos aumenta em quase US$ 1 bilhão (? 690 milhões).
Provavelmente a pílula mais amarga de engolir nos Estados Unidos de hoje é o fato de os lares privados não estarem administrando as suas finanças de maneira melhor do que os executivos de corporações. Estes lares vêem o reflexo de suas imagens nos banqueiros de Wall Street, e não uma espécie de figura destorcida de si próprios. "De fato, não conheço nenhum país no qual o amor pelo dinheiro tenha se estabelecido tão fortemente no sentimento dos homens", observou Alexis de Tocqueville 170 anos atrás.
A conversa há muito necessária entre o governo e os governados ainda não se materializou. Essa teria que ser uma conversa a respeito da relação entre a economia e os valores, sobre a recuperação daquilo que se perdeu, em vez de sobre expansão. A palavra frugalidade - que desapareceu do vocabulário dos Desinibidos - deveria ser reintroduzida.
Mas não há sinal de que nada disso esteja acontecendo. Os Estados Unidos de hoje são muito estadunidenses para sobreviverem na sua forma atual. Mas os Estados Unidos atuais são também muito orgulhosos para perceberem isto. Os fiéis dificilmente permitiriam que alguém os convertesse.
Assim, a nossa compreensão dos acontecimentos continua ficando cada vez menos clara. Teve início um jogo perigoso com o tempo.
"O ruído de duas balas sacudiu a complacência da sala. Subitamente, o jogo não era mais um jogo. Alguém gritou... 'Luzes'. 'Não consegue encontrar um isqueiro?'...'Oh, Archie, quero sair daqui'".
__________ NOD32 3484 (20080930) Information
O Espiritismo e nossa consciência
Hugo Alvarenga Novaes
Uma das principais características do Espiritismo é, como disse Jesus, “a cada um será dado segundo suas obras” (Mateus 16, 27), fato confirmado por Paulo, que falou: “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal.” (II Coríntios 5,10).
Estes versículos bíblicos, Mateus 16,27, e II Coríntios 5,10, ficam gravados na consciência dos verdadeiros espíritas, pois eles sabem que os efeitos de seus atos serão o que lhes acontecer amanhã. Em outras palavras: colherão os frutos do plantio atual, ou seja, estão certos de que “toda causa tem sua conseqüência”, conhecem a lei de “Ação e Reação.” Assim, os atos que alguns profitentes da Doutrina Espírita executam são mais bem pensados, pois os seus adeptos sabem que seu plantio de hoje será sua colheita futura. Outra coisa, as boas obras que praticarem (que no fundo beneficiarão a eles mesmos) não invalida de forma alguma os malfeitos que porventura realizarem.
Este raciocínio confirma as palavras que o Cristo falou no célebre Sermão da Montanha, quando ao pé do monte proclamou: “Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil” (Mateus 5,26).
Porém, para a maioria dos sectários de outros credos, o que mais vale, é a fé, não as obras.
Imaginem: um homem, durante toda sua vida, rouba, estupra, mata, não respeita ninguém, não crê em nada, aí, quando está velho, arrepende-se, passa a freqüentar assiduamente uma religião e morre de repente, dentro da igreja em que ia, com a sua Bíblia nas mãos. Pronto! Segundo alguns, ele vai direto para o céu. Os crimes que cometeu antes não serão levados em conta. Nesse momento esquecem-se que pagaremos pelos nossos feitos por mínimos que sejam; isso está em Mateus 5,26. Sequer recordam-se de Tiago que disse: “Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras é morta?” (Tiago 2,20).
Temos ciência de que tanto no Espiritismo, quanto em outras religiões, existem ladrões, assassinos, etc., como também há homens que são verdadeiramente bons.
Mas convenhamos: de forma geral é muito mais fácil seguir uma outra religião do que a Doutrina Espírita. Especialmente aquelas que não têm compromisso algum, nem com a própria consciência. Basta ir sempre à igreja que, principalmente para ela mesma, o “Reino do Céu” será seu destino quando morrer. Ao contrário do verdadeiro espírita que sabe ser o seu futuro inevitavelmente conseqüência dos atos atuais. Ele tem certeza de que, como diz o trecho bíblico, “Não se iludam, pois com Deus não se brinca: cada um colherá aquilo que tiver semeado” (Gálatas 6,7).
http://www.oclarim.com.br/?id=7&tp_not=1&cod=305
Uma das principais características do Espiritismo é, como disse Jesus, “a cada um será dado segundo suas obras” (Mateus 16, 27), fato confirmado por Paulo, que falou: “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal.” (II Coríntios 5,10).
Estes versículos bíblicos, Mateus 16,27, e II Coríntios 5,10, ficam gravados na consciência dos verdadeiros espíritas, pois eles sabem que os efeitos de seus atos serão o que lhes acontecer amanhã. Em outras palavras: colherão os frutos do plantio atual, ou seja, estão certos de que “toda causa tem sua conseqüência”, conhecem a lei de “Ação e Reação.” Assim, os atos que alguns profitentes da Doutrina Espírita executam são mais bem pensados, pois os seus adeptos sabem que seu plantio de hoje será sua colheita futura. Outra coisa, as boas obras que praticarem (que no fundo beneficiarão a eles mesmos) não invalida de forma alguma os malfeitos que porventura realizarem.
Este raciocínio confirma as palavras que o Cristo falou no célebre Sermão da Montanha, quando ao pé do monte proclamou: “Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil” (Mateus 5,26).
Porém, para a maioria dos sectários de outros credos, o que mais vale, é a fé, não as obras.
Imaginem: um homem, durante toda sua vida, rouba, estupra, mata, não respeita ninguém, não crê em nada, aí, quando está velho, arrepende-se, passa a freqüentar assiduamente uma religião e morre de repente, dentro da igreja em que ia, com a sua Bíblia nas mãos. Pronto! Segundo alguns, ele vai direto para o céu. Os crimes que cometeu antes não serão levados em conta. Nesse momento esquecem-se que pagaremos pelos nossos feitos por mínimos que sejam; isso está em Mateus 5,26. Sequer recordam-se de Tiago que disse: “Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras é morta?” (Tiago 2,20).
Temos ciência de que tanto no Espiritismo, quanto em outras religiões, existem ladrões, assassinos, etc., como também há homens que são verdadeiramente bons.
Mas convenhamos: de forma geral é muito mais fácil seguir uma outra religião do que a Doutrina Espírita. Especialmente aquelas que não têm compromisso algum, nem com a própria consciência. Basta ir sempre à igreja que, principalmente para ela mesma, o “Reino do Céu” será seu destino quando morrer. Ao contrário do verdadeiro espírita que sabe ser o seu futuro inevitavelmente conseqüência dos atos atuais. Ele tem certeza de que, como diz o trecho bíblico, “Não se iludam, pois com Deus não se brinca: cada um colherá aquilo que tiver semeado” (Gálatas 6,7).
http://www.oclarim.com.br/?id=7&tp_not=1&cod=305
O conhecimento da morte
Cairbar Schutel
Matão, Abril de 1930
Um dos capítulos de mais transcendência da filosofia espírita é o conhecimento da morte.
Da resolução do problema da morte depende a solução de inúmeros problemas em torno dos quais se debatem sem resultado profícuo a ciência oficial e as religiões oficiosas. São questões que se eternizam sem a firme esperança de um acordo sob as bases da verdade e da justiça.
A “saúde e fraternidade” que subscrevem os papéis oficiais, a “ordem e progresso” que constitui a insígnia do nosso pendão, todos estes nobres ideais que devem guiar os povos e erguer as nações e servem de suportes máximos da ciência e da moral não têm tido aplicação decisiva por faltar neles a linfa da vida, única força capaz de estabelecer o equilíbrio dos povos e manter a integridade dos governos no exercício de sua tarefa de governar com justiça e eqüidade.
Essa linfa, essa força só pode nascer da solução do problema da morte. Sem o desvendamento desse mistério, a humanidade continuará paralisada em sua ascensão para a luz, os sábios permanecerão no círculo vicioso de suas concepções abstratas e as religiões limitadas à terra nada mais farão que receber o homem no berço e entregá-lo ao túmulo!
Religião sem ciência, ciência sem estudo, sem pesquisa, sem verdade, que bens poderão proporcionar à inteligência que já levantou o seu vôo, e num surto elevado de raciocínio sabe já inquirir sobre o seu destino, para bem se guiar no caminho da vida!
Os mais graves problemas humanos, repetimos, só podem ser resolvidos quando a morte deixar o véu do mistério e se apresentar em sua magnífica realidade.
Mas não se pode estudar a morte sem estudar a vida, não se pode estudar o que se não vê sem se conhecer o que se vê.
Urge que comecemos as nossas pesquisas do conhecido para o desconhecido, do visível para o invisível, da matéria para a essência, do físico para o psíquico.
Não contestamos que a humanidade tenha progredido e que a ciência haja desvendado, no campo da fisiologia, mistérios que pareciam insondáveis. Basta lembrar a descoberta de Harvey, que assinala uma data memorável no progresso da medicina; a de Jenner, abrindo o larguíssimo campo da microbiologia ao descobrir a vacina; os trabalhos de Vesale sobre o estudo anatômico do corpo humano; o de Bell sobre as funções dos nervos espinais; o de Pasteur, um dos mais ilustres sábios do século XIX, embora não fosse médico, nem farmacêutico, para ver que a fisiologia não tem paralisado a sua ação progressiva, como sói acontecer a todas as ciências.
Mas teria ela chegado à meta, ao non plus ultra das realidades?
Eis uma pergunta que ninguém será capaz de responder afirmativamente. Ao contrário, os mais competentes fisiologistas da nossa época são unânimes em afirmar que a fisiologia está muito alheia à explicação dos fenômenos de ectoplasmia, assim como de outros tantos, visíveis e tangíveis, que causam funda perturbação aos doutos dos nossos tempos. Pela mesma forma, a química não explica as produções de flores e ervas que aparecem repentinamente nas sessões espíritas, não explica a agregação e desagregação de corpos, nessas mesmas experiências; e nem a física é capaz de dar a razão da levitação de corpos, sem contato aparente, contrariando as leis estabelecidas de atração e repulsão, ou de gravidade!
A ciência oficial, é inegável, está nas faixas da infância, eis a razão por que não temos conhecimento da morte.
Fomente-se o estudo, convide-se o sábio a progredir, já que se constituiu ditador de leis que regem os fenômenos mais comezinhos do nosso mundo; force-os a deixarem o comodismo de seus salões estofados, substituindo-os pelo laboratório, pelo gabinete de análise, de pesquisa, e muito em breve a nossa humanidade caminhará por uma outra estrada em que brilham as luzes dos grandes ideais. O que a fisiologia não alcançar, alcançá-lo-á a psicologia; o que a química não puder resolver, uma química mais elevada nos dará a solução; o que a física não fizer, fará a física transcendente.
O problema da morte está intimamente ligado à solução do problema da organização humana, ou antes, da organização do homem. Sem o estudo imparcial e criterioso do homem esse problema conservar-se-á insolúvel.
O início deste trabalho já está magnificamente traçado pelo Espiritismo.
Segundo os fatos espontâneos e provocados para a realização do grande desideratum, verificou-se que o homem é um ser transcendente composto de corpo e espírito, e que o espírito é retido ao corpo por um mediador que o envolve, chamado, por isso, perispírito.
O conhecimento do perispírito vem preencher uma grande lacuna, esclarecendo muitos fenômenos da fisiologia.
Estudando-se o homem à primeira vista, encontra-se nele um primeiro motor, invisível e intangível, que é a vida. Mas esta força não pode deixar de ter uma ação determinada, pois, como diz Geoffroy Saint Hilaire, “a vida é ao mesmo tempo organizadora, conservadora e reparadora, conforme um modelo ideal”. Este modelo não pode absolutamente consistir no homem exterior, carnal, que se transforma sem cessar. Antes, deve ser no perispírito que se incorporam as moléculas materiais, os átomos que formam o organismo corporal.
Enfim, o estudo do perispírito é a base do estudo do homem, em seu ser complexo. Sem esse estudo é absolutamente impossível se chegar ao conhecimento da morte e seu mistério.
As propriedades funcionais do perispírito resolvem ainda questões de alta importância para a fisiologia, como o grupamento na forma orgânica das células inumeráveis que constituem o nosso corpo; a conservação da individualidade física e intelectual, apesar da renovação perpétua das moléculas; as relações entre o físico e o moral; e outras tantas, como teremos ocasião de lembrar mais tarde.
É chegada a época em que o homem terá a verdadeira noção da sua individualidade para melhor trabalhar pelo seu progresso.
A ciência, se não quiser se manter retardatária, tem obrigação de tomar a sério estes estudos, que constituem o ponto de partida de todos os conhecimentos que devem ilustrar as gerações vindouras.
Matão, Abril de 1930
Um dos capítulos de mais transcendência da filosofia espírita é o conhecimento da morte.
Da resolução do problema da morte depende a solução de inúmeros problemas em torno dos quais se debatem sem resultado profícuo a ciência oficial e as religiões oficiosas. São questões que se eternizam sem a firme esperança de um acordo sob as bases da verdade e da justiça.
A “saúde e fraternidade” que subscrevem os papéis oficiais, a “ordem e progresso” que constitui a insígnia do nosso pendão, todos estes nobres ideais que devem guiar os povos e erguer as nações e servem de suportes máximos da ciência e da moral não têm tido aplicação decisiva por faltar neles a linfa da vida, única força capaz de estabelecer o equilíbrio dos povos e manter a integridade dos governos no exercício de sua tarefa de governar com justiça e eqüidade.
Essa linfa, essa força só pode nascer da solução do problema da morte. Sem o desvendamento desse mistério, a humanidade continuará paralisada em sua ascensão para a luz, os sábios permanecerão no círculo vicioso de suas concepções abstratas e as religiões limitadas à terra nada mais farão que receber o homem no berço e entregá-lo ao túmulo!
Religião sem ciência, ciência sem estudo, sem pesquisa, sem verdade, que bens poderão proporcionar à inteligência que já levantou o seu vôo, e num surto elevado de raciocínio sabe já inquirir sobre o seu destino, para bem se guiar no caminho da vida!
Os mais graves problemas humanos, repetimos, só podem ser resolvidos quando a morte deixar o véu do mistério e se apresentar em sua magnífica realidade.
Mas não se pode estudar a morte sem estudar a vida, não se pode estudar o que se não vê sem se conhecer o que se vê.
Urge que comecemos as nossas pesquisas do conhecido para o desconhecido, do visível para o invisível, da matéria para a essência, do físico para o psíquico.
Não contestamos que a humanidade tenha progredido e que a ciência haja desvendado, no campo da fisiologia, mistérios que pareciam insondáveis. Basta lembrar a descoberta de Harvey, que assinala uma data memorável no progresso da medicina; a de Jenner, abrindo o larguíssimo campo da microbiologia ao descobrir a vacina; os trabalhos de Vesale sobre o estudo anatômico do corpo humano; o de Bell sobre as funções dos nervos espinais; o de Pasteur, um dos mais ilustres sábios do século XIX, embora não fosse médico, nem farmacêutico, para ver que a fisiologia não tem paralisado a sua ação progressiva, como sói acontecer a todas as ciências.
Mas teria ela chegado à meta, ao non plus ultra das realidades?
Eis uma pergunta que ninguém será capaz de responder afirmativamente. Ao contrário, os mais competentes fisiologistas da nossa época são unânimes em afirmar que a fisiologia está muito alheia à explicação dos fenômenos de ectoplasmia, assim como de outros tantos, visíveis e tangíveis, que causam funda perturbação aos doutos dos nossos tempos. Pela mesma forma, a química não explica as produções de flores e ervas que aparecem repentinamente nas sessões espíritas, não explica a agregação e desagregação de corpos, nessas mesmas experiências; e nem a física é capaz de dar a razão da levitação de corpos, sem contato aparente, contrariando as leis estabelecidas de atração e repulsão, ou de gravidade!
A ciência oficial, é inegável, está nas faixas da infância, eis a razão por que não temos conhecimento da morte.
Fomente-se o estudo, convide-se o sábio a progredir, já que se constituiu ditador de leis que regem os fenômenos mais comezinhos do nosso mundo; force-os a deixarem o comodismo de seus salões estofados, substituindo-os pelo laboratório, pelo gabinete de análise, de pesquisa, e muito em breve a nossa humanidade caminhará por uma outra estrada em que brilham as luzes dos grandes ideais. O que a fisiologia não alcançar, alcançá-lo-á a psicologia; o que a química não puder resolver, uma química mais elevada nos dará a solução; o que a física não fizer, fará a física transcendente.
O problema da morte está intimamente ligado à solução do problema da organização humana, ou antes, da organização do homem. Sem o estudo imparcial e criterioso do homem esse problema conservar-se-á insolúvel.
O início deste trabalho já está magnificamente traçado pelo Espiritismo.
Segundo os fatos espontâneos e provocados para a realização do grande desideratum, verificou-se que o homem é um ser transcendente composto de corpo e espírito, e que o espírito é retido ao corpo por um mediador que o envolve, chamado, por isso, perispírito.
O conhecimento do perispírito vem preencher uma grande lacuna, esclarecendo muitos fenômenos da fisiologia.
Estudando-se o homem à primeira vista, encontra-se nele um primeiro motor, invisível e intangível, que é a vida. Mas esta força não pode deixar de ter uma ação determinada, pois, como diz Geoffroy Saint Hilaire, “a vida é ao mesmo tempo organizadora, conservadora e reparadora, conforme um modelo ideal”. Este modelo não pode absolutamente consistir no homem exterior, carnal, que se transforma sem cessar. Antes, deve ser no perispírito que se incorporam as moléculas materiais, os átomos que formam o organismo corporal.
Enfim, o estudo do perispírito é a base do estudo do homem, em seu ser complexo. Sem esse estudo é absolutamente impossível se chegar ao conhecimento da morte e seu mistério.
As propriedades funcionais do perispírito resolvem ainda questões de alta importância para a fisiologia, como o grupamento na forma orgânica das células inumeráveis que constituem o nosso corpo; a conservação da individualidade física e intelectual, apesar da renovação perpétua das moléculas; as relações entre o físico e o moral; e outras tantas, como teremos ocasião de lembrar mais tarde.
É chegada a época em que o homem terá a verdadeira noção da sua individualidade para melhor trabalhar pelo seu progresso.
A ciência, se não quiser se manter retardatária, tem obrigação de tomar a sério estes estudos, que constituem o ponto de partida de todos os conhecimentos que devem ilustrar as gerações vindouras.
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