sexta-feira, outubro 24

O olho gordo

21/10/2008 16:32:18

“Tempo, na mediunidade, a gente não tem mesmo, mas para fazer o que não deve, a gente arranja” (Chico Xavier)



Lembro quando contava apenas nove anos de idade, minha mãe e eu estávamos no portão de casa aguardando meu pai retornar do trabalho. Uma vizinha parou para conversar com minha mãe. Em determinado momento, ela voltou-se para a jardineira onde minha mãe cultivava suas plantas. E, indignada, exclamou:

— Dona Aurora! Que avenca bonita! Por que a minha avenca nunca ficou tão linda?

Logo depois ela foi embora. Minha mãe, após alguns instantes, apontou para a avenca cujas folhas se fecharam como se estivessem murchando, e explicou-me:

— Viu, meu filho, o que o pensamento de despeito e de inveja da nossa vizinha fez com a nossa plantinha? Guarde esta lição! Nunca use o seu pensamento para invejar ou odiar alguém. Da mesma forma que a planta se ressentiu do magnetismo negativo, as pessoas mais sensíveis também se ressentem e podem até adoecer. Mas, se você usar os seus pensamentos para ajudar, envolvendo-as com amor, o magnetismo poderá curar as suas enfermidades.

Dizendo isso, voltou-se para a planta e impôs suas mãos sobre ela e orou. Antes que meu pai retornasse do trabalho, a avenca já se recuperara, voltando a ficar bonita e viçosa como era antes da influência.

Minha mãe passou-me esta lição como conhecimento de causa, pois, durante toda sua vida, aliviou muita gente impondo suas mãos nas pessoas. Ela se revestiu da generosidade e do amor que nos ensina o Espiritismo Cristão.

No ano 1970, morava numa casa com quintal muito grande. Como gosto de animais, passei a criar um casal de gansos, um peru e algumas galinhas. E estava muito feliz porque a gansa chocara, trazendo à vida 6 filhotes. Uma conhecida nossa, dona do armazém onde realizávamos nossas compras, ficou sabendo e quis ver os gansos, pois eles não procriam facilmente em cativeiro.

Certo dia, ela apareceu em casa e, logo ao entrar no quintal, demonstrou ser apaixonada pela criação de gansos e revelou-me que possuía três casais que nunca procriaram. Percebi no seu olhar e semblante uma certa indignação. Ficou algum tempo olhando para os gansos, admirando-os e elogiando a beleza de todas as aves do meu quintal. Logo depois, despediu-se e partiu.

No dia seguinte da sua visita, as galinhas não desceram do poleiro para se alimentar e ali ficaram defecando fezes líquidas até morrerem. No terceiro dia, foi o galo que, à semelhança das galinhas, permaneceu no poleiro até a morte. No quarto dia, morreram os gansos. Entretanto o peru continuava vivo, mas apresentava sinais de que também morreria, pois já não descia do poleiro e não se alimentava.

Foi quando, conversando com minha mãe, cheguei à conclusão que aquela mulher poderia estar por trás daquelas mortes, pois nenhum remédio veterinário conseguira curá-los.

Foi então que resolvemos tentar salvar o peru, magnetizando-o. A nossa surpresa foi que o peru, após algumas horas de termos atuado sobre ele, apresentava visível revitalização. Não precisa dizer que ele se recuperou completamente ao final do dia.



Nelson Morais
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