segunda-feira, agosto 18

Parábola do Avarento

FEDERAÇÃO ESPÍRITA



José Argemiro da Silveira

Ribeirão Preto-SP



“As terras de um homem rico produziram abundantemente. Ele então discorria consigo: Que hei de fazer, pois não tenho onde recolher os meus frutos? Finalmente disse: farei isto: derrubarei os meus celeiros, construirei outros maiores, e neles guardarei toda a colheita e os meus bens. E direi à minha alma: tens muitos bens em depósito para largos anos; descansa, come, bebe e regala-te. Deus, porém, disse a esse homem: Insensato, esta noite mesmo virão demandar tua alma; e as coisas que ajuntaste, para quem serão? Assim acontece àquele que entesoura para si, e não é rico em Deus” (Lucas, 12: 16-21)

Esta parábola, que é também conhecida como do rico insensato, é de fácil compreensão. Nada há nela para se interpretar. O ensino transmitido por Jesus é direto e claro. É pena que nós, que nos consideramos cristãos, não reflitamos sobre esse ensino, buscando aplicá-lo em nossas vidas.

Jesus nos mostra ser uma insensatez fazer nossa segurança, nosso bem estar, depender do dinheiro, dos valores materiais. A paz, a felicidade que tanto buscamos dependem dos valores do Espírito – o saber e as virtudes – e não dos bens materiais. Na Terra, como Espíritos encarnados, precisamos dos bens deste plano. Porém os recursos materiais (dinheiro, saúde, poder, prestígio, fama) têm um valor relativo. São bons, porque trabalhando com eles vamos desenvolvendo em nós a “verdadeira propriedade” (a que o ladrão não rouba e a traça não come), que são os bens do Espírito. Mas é importante saber o que é principal e o que é secundário. Jesus nos ensina que os bens do Espírito (saber e virtudes, ou seja, a evolução espiritual) são os principais. Os bens relacionados com a vida física têm o seu valor, mas não devem constituir no objetivo maior da vida. Mesmo porque, na verdade, estes bens não nos pertencem. Deles somos apenas usufrutuários. O Pai no-los concede, e quando Lhe aprouver no-los retira.

Indício de inferioridade espiritual é o apego aos bens materiais. O Espiritismo nos esclarece que o egoísmo é o vício radical (L.E. perg. 913); dele deriva todo o mal.

Pensando fazer “pé de meia”, em garantir o seu futuro, o homem se lança ao trabalho, e, nesse afã, muitas vezes, sem refletir no rumo que vai dando à sua vida, passa a sacrificar tudo em favor daquele objetivo: acumular bens para desfrutar de um futuro mais

Ameno. O trabalho é uma lei da Natureza e por isso mesmo uma necessidade. Aprendemos com a Doutrina Espírita que o trabalho não se resume às ocupações materiais. O Espírito também trabalho. Sem o trabalho o homem permaneceria na infância intelectual, por isso que deve a sua alimentação, a sua segurança e o seu bem-estar ao seu trabalho e à sua atividade. Entretanto, muitas vezes, nos preocupamos em demasia com os problemas materiais, em detrimento do Espírito. Deixamo-nos levar pela ambição, pelo desejo insaciável de acumular bens e fortuna, e esquecemos do principal: A evolução espiritual.

Cuidemos, sim das coisas materiais, pois enquanto estamos aqui precisamos delas, mas não nos esqueçamos que o homem é um Espírito que anima uma carne.Tudo que é da carne é passageiro, não nos pertence, e não soluciona nossas carências espirituais. Ouçamos o Mestre: “Ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consomem, e onde os ladrões não penetram nem roubam”.

Todo ato nosso em benefício de outrem, assim como todo cuidado em vencer nossas imperfeições, suscita um impulso para cima, equivalente a um depósito de tesouro no céu. Busquemos, pois, no Evangelho de Jesus, a inspiração sobre como gerir os “talentos” que nos foram emprestados, lembrando-nos sempre do avarento da parábola, cuja alma, na mesma noite em que fazia planos para o “futuro” foi chamada pelo Senhor.



Fonte: Verdade e Luz, edição 247 . Agosto de 2006

Federação Espírita do Estado de Mato Grosso . WWW.feemt.org.br

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