domingo, julho 6

Materialismo, ateísmo e espiritualismo

Materialismo, ateísmo e espiritualismo
Abel Glaser

O materialista reduz tudo, inclusive a alma humana, à unidade da matéria. Sua vida é voltada unicamente para gozos e bens materiais. É materialista o ateísta, que descrê em Deus, e, com certeza, também o “espiritualista” que faz dos bens materiais meta única da vida.
O espiritualista admite a existência do espírito e do mundo espiritual. Na visão do verdadeiro espiritualista, portanto, sua vida transcende a matéria e isso se reflete, a nível ideal, na sua maneira de pensar, sentir e agir.
Da primeira postura (materialista), surgem as tendências, atitudes ou doutrinas admitindo a matéria como suficiente para explicar todos os fenômenos que se apresentam à investigação humana, sejam eles históricos, sociais ou mentais. Sobre a reflexão pertinente à origem do mundo, dispensa a criação divina.
Quanto ao problema ético, dele resulta a moral hedonista, ou seja, considera que o prazer individual e imediato é o único bem possível, sendo ele o princípio e o fim da vida moral. Daí surgiram o materialismo dialético e o materialismo histórico, bem como o materialismo mecanicista, todos excluindo, obviamente, o lado espiritual da vida.
Da segunda postura (espiritualista), surgem as tendências, atitudes ou doutrinas (religiosas ou não) que admitem Deus como princípio supremo, Ser infinito, perfeito, criador do Universo, da Vida e das Leis que os regem. Todas religiões são espiritualistas, embora nem todo espiritualista siga necessariamente uma religião. Nesse contexto está também o politeísmo.
Na atualidade, volta e meia, ressaltam alardes de enaltecimento ao materialismo, seja através de livros (como vem ocorrendo na Europa), seja através de artigos ou notícias divulgados pela mídia.
Recentemente, mais precisamente na Folha de São Paulo do dia 15 de maio último, à página A18-Ciência, foi noticiado que, em carta inédita, Einstein ataca Deus.
Em manuscrito, leiloado nessa mesma data, em Londres, há a afirmação de que o físico diz que religião é “infantil” e nega que judeus sejam povo “escolhido”. Essa correspondência, enviada a amigo filósofo um ano antes da morte de Einstein contrasta com o tom tolerante expresso em declarações anteriores, e data de 1954. O manuscrito, diz o artigo, foi dirigido a seu amigo e filósofo Eric Gutkind.
Einstein, lembrado pela frase “A ciência sem religião é manca, a religião sem a ciência é cega”, e, numa posição não-clerical, ter dito.
“Não creio no Deus da teologia que recompensa o bem e pune o mal”, afirma no manuscrito em tela: “A palavra de Deus é para mim nada mais do que expressão e produto da fraqueza humana, e a Bíblia é uma coleção de lendas honráveis, ainda que primitivas, que são, contudo, bem infantis. Para mim, a religião judaica, como todas as outras religiões, é uma encarnação das superstições mais infantis.”
A casa de leilões Bloomsbury, local da venda do manuscrito, diz estar 100% certa da autenticidade do documento.
Será? Não temos como saber.
O fato, entretanto, aliado à sua onda materialista mencionada acima, nos faz lembrar a colocação de Kardec, no capítulo XIX, item 7, de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”: A resistência do incrédulo, devemos convir, muitas vezes provém menos dele, do que da maneira por que lhe apresentam as coisas. A fé necessita de uma base, base que é a inteligência perfeita daquilo em que se deve crer. E, para crer, é preciso, sobretudo, compreender. A fé cega já não é deste século, tanto assim que precisamente o dogma da fé cega é que produz hoje o maior número dos incrédulos, porque ela pretende impor-se, exigindo a abdicação de uma das mais preciosas prerrogativas do homem: o raciocínio e o livre arbítrio. Fé inabalável só é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.
É essa fé, raciocinada, que a Doutrina Espírita nos faculta, pelo seu estudo sério e persistente.

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