domingo, julho 6

Evolução dos fenômenos espíritas

Evolução dos fenômenos espíritas
Cairbar Schutel

Matão, maio de 1929

As novas verdades não se manifestam de chofre, violentando as consciências, mas sim gradativa e progressivamente, preparando as inteligências para receberem-nas com circunspeção e critério.
A luz espiritual, como a luz material, vai se fazendo aos poucos, do mínimo para o máximo, acendendo cada vez mais a sua chama, aumentando sempre a sua claridade.
Assim tem acontecido em todos os tempos e assim acontecerá.
Quem quer que tenha acompanhado o Espiritismo, desde o seu início na aldeia de Hydesville, verificará, através das modalidades com que ele tem se apresentado, os seus fenômenos tendendo para uma manifestação mais aperfeiçoada do princípio anímico, que separado do corpo por ocasião da morte, se esforça, entretanto, para demonstrar a sua sobrevivência, por numerosas e variadas formas, que lhe são permitidas usar em seus transes novamente por este mundo.
No começo os fatos se achavam adstritos às pancadas nas paredes, nas portas, nos móveis, aos raps, que eram ouvidos constantemente sem que se pudesse atinar a causa de tais fenômenos. Logo depois ficou convencionado um alfabeto, porque se verificou que tais manifestações partiam de uma inteligência que tinha vontade própria, e as populares sessões de “mesinha” alvoroçaram os curiosos e atraíram os pesquisadores, que julgaram, em seguida, dever substituir esse meio de comunicação com o Além, por “pranchetas”, móveis, nas quais adaptaram um lápis, para que a mensagem, em vez de “batida”, saísse já escrita.
O resultado prático não se fez esperar, dando, logo após, a “prancheta”, lugar à escrita mediúnica e à locução mediúnica, meios ainda mais rápidos do entretenimento, da reatação das relações com os espíritos daqueles que se julgavam mortos.
Mas não pararam aí as manifestações da alma, depois da morte, que demonstra sempre a sua sobrevivência por meios os mais variados possíveis.
Além dos aspectos puramente físicos e dos que acima mencionamos, as manifestações intelectuais se salientam sempre como as mais perfeitas, sejam as apresentadas pelos médiuns videntes, auditivos, sejam pelos médiuns escreventes, máxime quando estes transmitem a própria letra e assinatura do espírito que se comunica, usando igual estilo e revelando fatos que são absolutamente desconhecidos dos médiuns e dos assistentes.
Não se podia, certamente, excluir das provas objetivas que os espíritos nos dão, os movimentos de objetos sem contato, os apports, as luzes produzidas na obscuridade, os sons, a levitação, as moldagens, as materializações etc., porque estes fenômenos, todos com tendência evolutiva, deveriam se apresentar de forma mais perfeita, capazes de reduzir as mais obstinadas negações.
E é justamente o que está acontecendo no vasto campo da fenomenologia espírita.
À medida que os homens progridem e vão se adaptando às formas rudimentares das manifestações, estas se ampliam e diversificam, como que substituindo o espelho de enigma pela realidade.
A fotografia, a voz direta, a visão face a face, a audição sem mediadores, fatos, ou antes, manifestações que se multiplicam atualmente em todos os países do mundo, estamos certos, não levarão muito tempo a se generalizar para que a Verdade triunfe da luta contra o obscurantismo.
Os fatos dessa natureza, como dissemos, são já bem numerosos, e aos espíritos liberais cabe a tarefa de levá-los, em singelas narrativas, com testemunhas insuspeitas, ao conhecimento da imprensa, para que a repercussão seja feita e o mundo conheça que entramos francamente numa era nova em que o Espírito se prepara com grande poder e virtudes, para reivindicar os seus direitos sonegados por uma ciência sem provas e sem princípios que tem originado a depressão moral do nosso planeta.
O Espiritismo, em sua inteireza e integridade irrepreensível, seja em sua forma experimental ou filosófica, veio nos trazer a prova cabal, positiva da imortalidade, baseada na possibilidade que temos de nos comunicar com os espíritos, isto é, com as almas daqueles que viveram na Terra.
O seu poder de demonstração repousa justamente na mediunidade e no testemunho sempre crescente dos fatos cujas modalidades variam ao infinito e se manifestam com tendência de um esclarecido aperfeiçoamento capaz de extinguir toda a dúvida.
Por muito tempo os observadores se contentaram em registrar indistintamente as produções mediúnicas, cerceando-as ao campo improdutivo do sobrenatural e do maravilhoso e qualificando-as a seu talante de acordo com suas idéias preconcebidas.
Chegada por fim a hora de maior desenvolvimento da humanidade, os fatos tomaram caráter ostensivo porque era preciso derrubar as muralhas do preconceito e o Espírito conseguiu expor os seus fins e os motivos desses insólitos fenômenos.
Os meios que encontrou eram por demais rasteiros, mas os homens não estavam na altura de mais elevadas manifestações. Daí foram iniciadas as pesquisas, mas a deficiência da instrução encaminhava sempre as experiências para o lado defeituoso, fazendo com que os observadores agissem de modo empírico, até que o ilustre missionário Allan Kardec lançou aos quatro ventos o seu magistral “Livro dos Médiuns e dos Experimentadores Espíritas”, no qual oferece as explicações necessárias ao discernimento preciso das manifestações do Além, de que faz uma enumeração, pode-se dizer completa, com um sumário magnificamente esboçado das teorias científicas capazes de explicar os fatos e os mecanismos da mediunidade.
Esse livro é, sem dúvida, a chave do psiquismo; ele vem trazer a solução de um problema que por nenhum filósofo pôde ser resolvido e esclarecer uma multidão de fenômenos adormecidos sob o manto do mistério.
Foi depois da publicação de “O Livro dos Médiuns”, que as famosas sessões dirigidas por sábios pesquisadores se realizaram na Europa e na América, e daí para cá a mediunidade e os fenômenos vão sempre se ampliando e aperfeiçoando-se em suas belas e convincentes manifestações.
A despeito das oposições dos retardatários, o fato espírita tem tal evidência, possui tão grande força de convicção, que não estará longe o dia em que ele conquiste verdadeiramente o mundo, e então a Imortalidade brilhará como um farol grandioso a esclarecer a marcha evolutiva da humanidade.

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