01, Setembro/2001
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Rua Engenheiro Andra Júnior, 156, Tatuapé, SP/SP
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A relação entre homens e mulheres em nossa sociedade atual, talvez a grande revolução do comportamento social do século vinte, foi sem sombra de dúvida à independência econômica da mulher.
Em nenhuma outra etapa da história da humanidade assistimos a um processo tão determinado de busca de espaço e principalmente necessidade de escolha própria. Digo que esse processo foi o mais revolucionário, pois ao contrário de outros, é nítido notar que jamais haverá um retrocesso, dada a dimensão que o mesmo tomou.
Embora milhares de estudos tenham sido efetuados com o assunto citado, há uma lacuna no que tange ao psiquismo tanto de homens e mulheres em nosso contexto atual, após dita independência econômica.
E apesar de diariamente estarmos convivendo com um tipo de ser psicologicamente diferente do de nossos antepassados, pouco paramos para refletir sobre o assunto.
Não cabe neste breve estudo medir as conseqüências da tomada de espaço pelo universo feminino, mas, sobretudo analisar como homens e mulheres têm reagido a tal processo.
Os tipos psicológicos que citarei abaixo jamais devem ser generalizados, pois apenas se tratam de atitudes e comportamentos existentes no contexto social, o que não implica que sejam regras, mas tão somente aspectos humanos observados.
Gostaria de ressaltar ainda que os tipos abaixo descritos não são constitucionais, mas, sobretudo formas de comportamento que visam o poder no sentido da conquista de espaço no mundo pelo ego da pessoa, elemento fundamental para o equilíbrio e estima pessoal. No âmbito feminino ressalto os seguintes tipos psicológicos:
1) A mulher infantilizada
Qualquer que seja sua condição econômica, este tipo psicológico se caracteriza por uma dependência excessiva no plano afetivo e emocional, sendo que acaba quase sempre reproduzindo suas vivências familiares na atual relação amorosa, não rompendo os laços pretéritos, e descobre estar reproduzindo literalmente os mesmos, acarretando intenso sofrimento psíquico.
A culpa é um elemento sempre presente, que tem como mensagem básica coibir não apenas sua auto estima, mas, sobretudo lhe negar o acesso ao prazer tanto no sentido sexual como no plano do desenvolvimento de sua personalidade. O ciúme, posse e insegurança sempre estão presentes, e o resultado é a eterna comparação e sentimento de inferioridade.
É desnecessário salientar que tal mulher não elaborou seu condicionamento passado que visava a passividade, submissão e principalmente desejo de ser cuidada, acarretando-lhe ódio ao descobrir que tal universo simplesmente é inexistente. Sente-se presa nessa esfera de relacionamento, sendo que não obteve êxito na conciliação do desejo de segurança e autonomia própria.
Enfim, seu sonho é a segurança de um modelo passado em que se condicionou, e seu pesadelo é a realidade presente onde sente toda a frustração, inferioridade e revolta por saber que tal modelo não pode mais ser aplicado, embora não consiga superar o mesmo. Anseia pela independência, embora muitas vezes veja na mesma um sinônimo da solidão, abandono e sentimento de rejeição.
2) A mulher independente
Herdeira da revolução dos costumes das últimas décadas, obviamente este tipo tem total autonomia econômica, sendo o seu grande desafio integrar a parte afetiva.
Talvez a maior armadilha para esta mulher seja a relação de poder decorrente de sua condição, pois sua emancipação social pode provocar sentimentos de superioridade, tornando-a tão exigente nas outras esferas da vida, que o resultado será que ninguém preencherá sua enorme lista de exigências, arruinando dessa forma seu potencial para a entrega e troca amorosa.
Está claro que nesse determinado ponto se tornou absolutamente igual ao elemento masculino, que infelizmente quase sempre almeja a perfeição, por se achar extremamente narcisista, devendo o outro se render perante seus dotes especiais; alimentando diariamente a competição e disputa, atributos que só levam a solidão extremada.
O pior de tudo é que este tipo de mulher embora seja objeto da cobiça no plano consumista de nossa sociedade, não encontra quase nenhum apoio do elemento masculino, que a enxerga com desconfiança e determinada frieza por receio de disputar com o mesma a ascensão econômica.
O homem. E o homem?
Em relação ao aspecto masculino seria desnecessário descrever determinados tipos psíquicos, simplesmente pelo fato do homem permanecer quase que inalterado em sua postura afetiva e social, embora algumas pessoas argumentem o contrário.
Em defesa de minha tese cito como exemplo minha própria profissão, onde a quase totalidade das pessoas é do sexo feminino; e em terapia observamos uma defasagem da presença do elemento masculino.
A sensibilidade que deveria ser mais do que obrigatória passa a ser elemento de barganha e objeto raríssimo manipulado pelo homem.
Aliás, este último se quiser preservar sua saúde psíquica deveria se perguntar constantemente qual é a sua máxima prioridade?
O elemento amoroso continua perdendo de longe se compararmos com o aspecto financeiro e prestígio social.
É incrivelmente curioso como se desenvolvem mecanismos de compensação dos elementos acima citados.
Não estou pretendendo dizer que homens ou mulheres devessem ser submissos, mas que ambos tem uma necessidade de entrega amorosa, coisa ausente nas relações atuais.
Diversos relatos de garotas de programa corroboram o fato de que a grande maioria dos homens procura dito serviço visando a sodomização e submissão sexual, ao contrário de sua postura social de controle e poder.
Sem dúvida isso é a prova da compensação citada anteriormente, sendo que infelizmente o elemento masculino se utiliza de mecanismos extremamente velados para vivenciar seus afetos não apenas recalcados, mas à parte que lhe cabe da entrega.
Como isto não é efetuado no plano diário, recorre-se a determinados expedientes que embora possam minimizar a angústia do elemento masculino em sempre ter de agir de acordo com o poder, não o ajudam a se desenvolver plenamente no tocante a igualdade afetiva, que deveria ser o objetivo máximo de um relacionamento.
A busca frenética pela beleza acaba se inserindo nesse contexto, pois se torna uma fuga ou ilusão no sentido de evitar o reconhecimento dos aspectos mais dolorosos de uma relação afetiva. É muito mais cômodo idolatrar uma pessoa ao invés de se deparar com possíveis sentimentos de tédio e insatisfação.
A conclusão dramática de todo esse processo é o acirramento da disputa de poder entre ambas as partes, onde a arma central é negar ao seu par toda a satisfação, prazer e companheirismo de que uma relação necessita, restando apenas os elementos sombrios e neuróticos que acabam se tornando um complemento macabro da personalidade do indivíduo, não se conscientizando que está destruindo toda a sua esperança de real prazer e sentido da vida.
ANTONIO CARLOS ALVES DE ARAÚJO- PSICÓLOGO C.R.P. 31341/5 END. RUA ENGENHEIRO ANDRADE JÚNIOR, 156 TATUAPÉ. SP-SP CONTATOS, PALESTRAS E CURSOS- 66980558 EMAIL: acaa@ig.com.br
E já vamos em 2008 e nada mudou e se mudou, foi para pior!!!
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