A gente não faz amigos, reconhece-os
(Vinícius de Moraes)
Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso só sendo louco.
Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela cara lavada e a alma exposta.
Não quero só o ombro ou o colo, quero também a sua maior alegria.
Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de
aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e a outra metade velhice.
Crianças para que não esqueçam o valor do vento no rosto e velhos para que
nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois vendo-os loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me
esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.
(Oscar Wilde)
Sem comentários:
Enviar um comentário