Assumidamente retrô
Três vezes premiado com o Jabuti, o amazonense Milton Hatoum afirma que seus romances têm "um pé no século 19"
Considerado hoje um dos grandes ficcionistas nacionais, o amazonense Milton Hatoum tem se habituado com facilidade ao sabor da vitória. Seu terceiro romance, Cinzas do Norte (1), lançado em 2005, foi a obra mais premiada da literatura nacional nos últimos dois anos: ganhou, além dos Jabutis de melhor romance e Livro do Ano em Ficção, também o Portugal Telecom de 2006, um dos prêmios que melhor pagam a um autor no Brasil. E por pouco também não levou o Passo Fundo Zaffari e Bourbon desta edição da Jornada - conforme revelou o mestre de cerimônias Ignácio de Loyola Brandão em um debate na tarde de ontem, O Outro Pé da Sereia, de Mia Couto, venceu por uma pequena margem.- Não vou dizer que não gosto de prêmios.
O Cinzas do Norte foi inundado com talvez mais prêmios até do que mereceria, mas o fato é que isso me permitiu finalmente viver de literatura. Não se escreve pensando nos prêmios, mas é bom quando eles vêm - disse ontem o escritor.Milton Hatoum tem uma voz grave e lenta como a correnteza do Rio Amazonas presente em sua obra.
Apesar de esta ser sua primeira viagem a Passo Fundo, Hatoum já veio várias vezes ao Rio Grande do Sul, tantas que se considera gaúcho honorário. Seu romance anterior, Dois Irmãos (2), também vencedor do Jabuti, é leitura obrigatória para dois vestibulares do Estado, um deles o da UFRGS. Hatoum pronunciou a conferência de inauguração do Curso de Formação de Escritores da Unisinos, em agosto do ano passado, e até o mais conhecido autor gaúcho, Luis Fernando Verissimo, prestou-lhe uma bem-humorada homenagem ao incluí-lo como um personagem do romance O Opositor, cuja história se passa em Manaus. (CARLOS ANDRÉ MOREIRA, Zero Hora)
Sem comentários:
Enviar um comentário