sexta-feira, setembro 10

A minha Mãe

A minha Mãe

Era a minha Mãe, uma grande Mulher!
Com ela aprendi a educação esmerada que tento passar, ontem e hoje,
aos seus netos, meus filhos.
Conseguiu, apesar de só, serem os seus filhos sempre unidos.
Enquanto o meu Pai foi vivo, ela nunca trabalhou fora de casa, pois o
meu Pai achava que era mais importante que ela ficasse em casa, para
que educasse os filhos, apesar de termos uma ama, chamada Rebecca,a
quem os meus Pais, depositavam total confiança, participando também na
nossa educação.
Aos 48 anos de idade, ela ficou viúva com cinco filhos menores, nos
braços vazios de rendimentos monetários.
Nunca a vi chorar, pelo menos à nossa frente. Era o nosso alicerce.
Não se deixou abater, para poder continuar a sua missão de Mãe e não falhasse.
Foi no Rio de Janeiro que ela, com ajuda dos nossos Tios paternos,
foi procurar o seu primeiro emprego.
Mantía-nos sempre, com rédeas curtas, mas normalmente relevava.
Estávamos na época dos hippies e era ela que fazia os vestidos
compridos, para mim e a minha irmã mais velha, querendo sempre
acompanhar a época de cada momento de novidades da malta jovem.
Entretanto lá conseguiu um emprego num restaurante de um hotel de 4
estrelas como chefe de cozinha, trabalho que sabia fazer bem, por o
fazer em Moçambique, para os colegas do meu Pai que era jornalista e
fazia questão que os jantares fossem servidos com todo o requinte.
Com esta experiência mas sem curriculum, pois dona de casa não é
trabalho pago, resolveu fazer um Curriculum Vitae falso, como se o já
teria trabalhado nessa área, em hotéis em Moçambique, no restaurante
da Senhora Teresa Weiss, conhecida esta pelos seus méritos pratos e
doces, sendo o restaurante bastante conhecido no Rio de Janeiro, pela
classe social alta.
Depois de uma semana, com a mentira engasgada na sua garganta, a
minha Mãe foi lhe contar que o seu Curriculum era falso e explicou-lhe
o porquê do seu curriculum falso, Teresa Weiss não despediu a minha
Mãe dizendo-lhe que ela já tinha demonstrado que sabia cozinhar
lindamente e chefiar uma equipa e que a minha Mãe continuaria ali a
trabalhar.
Enquanto trabalhava no hotel, começaram a haver propostas para outros
restaurantes aonde lhe pagariam um salário aliciante. Ela aceitou a
proposta de um pequeno restaurante perto das instalações da TV Globo,
foi aí nesse restaurante que duas senhoras vieram propor-lhe sociedade
num restaurante que iriam abrir. Com a sua fama já e reconhecida no
meio dos restauranteurs, aceitou mais um desafio, aonde o restaurante
ficaria a chamar-se com o nome dela, Magdalena.
Com ela aprendi que a vida tem muitos obstáculos, mas com muita
perseverança conseguimos ultrapassá-los.
Tenho dela uma grande saudade, pois sei que se ainda fosse viva, o que
hoje passo com os meus filhos e porque todos a amávamos, jamais a
queríamos triste por uma parvoíce de ambas as partes.
Para mim, ela representa a força da Vida Terrena.

Maria Madalena Moreira de Carvalho de Gouvêa Lemos.
28/08/2010

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