domingo, junho 29

Felizes os misericordiosos

FEDERAÇÃO ESPÍRITA

Felizes os misericordiosos

JOSÉ ARGEMIRO DA SILVEIRA

de Ribeirão Preto, SP



"Bem-aventurados aqueles que são misericordiosos, porque eles próprios obterão misericórdia" (São Mateus, 5:7).

Misericordioso é aquele que tem coração para os míseros; aquele que compreende e ama os fracos, os ignorantes, os doentes, todos os necessitados de corpo e de alma, e procura aliviar-lhes os sofrimentos.

A palavra miserável está associada a dependência. O miserável é aquele que, por si mesmo, sem a ajuda externa, não consegue sair do seu estado. A missão da ação social espírita é contribuir para que os irmãos, na situação de miséria, vençam a sua dependência, deixem de ser miseráveis. Certamente jamais teremos uma sociedade de ricos. Nem sabemos se isso é desejável. No entanto devemos ajudar a construir um mundo em que todos possam viver dignamente.

Há vários tipos de miséria: material, sócio-afetiva, ética-moral e espiritual. A miséria material é muito perceptível. É a falta dos recursos materiais parra atender às necessidades básicas.

A miséria sócio-afetiva decorre das exclusões. Nossos irmãos que não têm habilidades porque não aprenderam a ler, a escrever, nem têm um ofício, nem acesso à saúde. Muitas vezes nem documentos têm.

Ético-moral é a miséria associada aos vícios: alcoolismo, uso de drogas ilícitas, etc. Finalmente, a miséria espiritual tem a ver com os processos obsessivos. A pessoa num permanente estado de baixa-estima, vivendo em turbulências emocionais constantes, dificilmente terá condições para manter a serenidade, a calma, e assegurar um bom padrão vibratório. Conseqüentemente, pela lei de afinidade, de sintonia, estará muito sujeita às influências negativas de Espíritos desencarnados sofredores.

Sair das situações de miséria e passar a viver em níveis equilibrados, ainda que modestos, é um processo a ser conquistado gradativamente.

Importante na atividade assistencial espírita é o respeito para com aquele necessitado de amparo.
Respeito denota, de acordo com a raiz da palavra (respicere = olhar para ) ,é a capacidade de ver uma pessoa tal como é, ter conhecimento de sua individualidade singular. Respeito significa a preocupação de que a outra pessoa cresça e se desenvolva como é. Aceitar o outro como ele é.
Temos os nossos padrões, que funcionam como verdadeiros paradigmas. O outro, que é nosso irmão, como nós caminha na direção do bem, porque foi criado para o bem. Hoje as circunstâncias nos colocam juntos e cabe-nos ajudá-lo.
Quem sabe, amanhã, ele poderá nos mostrar outras etapas da caminhada.
No Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 2, há uma mensagem, em que o Espírito que se identificou como "uma Rainha de França", diz: "Rainha eu fui entre os homens, rainha eu acreditava entrar no reino dos céus.
Que desilusão! que humilhação, quando, em lugar de ser ali recebida como soberana, vi acima de mim, mas bem acima, homens que eu acreditava bem pequenos e que desprezei porque não eram de um sangue nobre!".

Em estado de baixa-estima, é muito difícil a pessoa descobrir-se como um ser imortal, filho de Deus, criado para um futuro brilhante de sabedoria e paz.
Ela precisa ser auxiliada a trabalhar sua auto-estima, para conseguir, paulatinamente, descobrir-se como Espírito imortal.
É uma experiência pessoal, intransferível.
Podemos falar disso a ele, mas, se não houver uma descoberta íntima, uma experiência pessoal, será um discurso sem muito sentido.
Para que se ame o próximo é necessário que nos amemos a nós mesmos.
E como isso acontecerá, se a pessoa em dificuldade, sente-se como se tudo estivesse perdido.
Se aparentemente está condenada à miséria, ao desemprego, à ignorância, aos vícios?

É uma aprendizagem.
Descobrir, encontrar novos comportamentos.
O ideal é que o amparado adquira autonomia, viva por si mesmo, útil e feliz. É preciso desintoxicar das vibrações negativas, dos maus hábitos.
A assistência não pode estar ligada a apenas dar algumas coisas.



Fonte: Verdade e luz, edição 234, Julho de 2005

Sem comentários: