Pedaço de Madeira
Há um pedaço de madeira,
que eu considero parte do meu corpo.
Sem ele eu me sinto assim feito uma árvore sem folhas,
ou um pássaro sem asas.
Às vezes, quando estamos em alguma reunião festiva,
ele senta-se no meu colo, encosta-se no meu peito,
pega minha mão coloca no seu braço,
aí faz ventar poemas e um punhado de canções bonitas.
Porque ele é madeira de lei mesmo.
Vez por outra põe sorrisos na boca de quem chora,
ou despeja lágrimas num rosto que sorri.
Na alegria ou na tristeza ele é pau pra toda obra.
gosta demais de se comunicar
e não tem preconceito de espécie alguma.
Já desfilou em várias escolas de samba,
freqüenta as biroscas de quase todas as favelas do país.
Conhece uma infinidade de botecos.
É bem recebido também em lugares sofisticados.
Tem um milhão de estórias pra contar.
É obediente, educado, ta sempre afinado comigo.
É incapaz de ofender a quem quer que seja.
Pelo contrário, tem um astral que agrada a gregos e troianos
Onde a gente chega, ele é o esquindim da festa.
Em suma, é um pau que nasceu certo.
É apaixonado pela natureza, vidrado em arte e adora o espaço.
É capaz de ficar horas e horas se deixando enluarar até o amanhecer e quando se apaga a última estrela, ele cumprimenta o sol, o sol que pinta de bronze a pele das mulheres.
Aí o sono me pega, me enche de sonhos e quando me solta, vou viver de sonhos outra vez com esse pedaço de madeira que eu
considero parte do meu corpo, que é a minha viola.
Carlos Magno
sobre a obra
Este texto faz parte do meu livro, Meu Mar de Sonhos pela Kirios Gráfica Editora Ltda
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