quarta-feira, março 26

Entrevista: 'O gosto amargo dos sonhos', com Amós Oz

Entrevista: 'O gosto amargo dos sonhos', com Amós Oz
O escritor Amós Oz fala de Israel e Palestina, o sonho do sionismo e como os políticos ouvem os artistas e depois esquecem tudo o que eles ouviram.
Amós Oz é um escritor israelense de fama internacional cujos trabalhos têm sido traduzidos para mais de 45 línguas. Em maio, com o roteirista Tom Stoppard e com o Vice-Presidente Al Gore, ele receberá o prêmio Dan David, totalizando três milhões de dólares. Oz, 69, que ensina literatura na Universidade Bem Gurion, no sudeste de Israel, foi citado pelos juízes por "retratar os eventos históricos e ao mesmo tempo enfatizar o individuo e a exploração pessoal do trágico conflito entre duas nações". Membro fundador do Movimento Paz Agora, Oz tem sempre estado à frente da dificuldade israelense referente à identidade e defende com fervor uma solução para os dois Estados.

Ele recentemente deu uma entrevista à Joana Chen, da NEWSWEEK, na sua casa em Tel Aviv, sobre literatura, política e sobre as vozes dos mortos que não se vão.
NEWSWEEK: O que você acha que faz a sua escrita tão acessível para as pessoas do mundo inteiro?

Amós Oz: Eu acho que há algo universal no provincial. Meus livros são muito locais, mas de um modo estranho, eu acho que o quanto mais local, paroquial e provincial, mais universal a literatura pode ser.


Por que tão poucos livros seus tem sido traduzidos para o Árabe?

A tradução árabe é tão importante para mim quanta outra qualquer. É aquela que eu me envolvo mais.

Infelizmente, há uma parede de resistência nos países árabes. Muitos editores árabes não tocam em nada vindo de Israel, não importa se vem dos falcões [radicais] ou das pombas [diplomáticos]


O que você fez para remediar isto?

"De amor e trevas" é agora traduzido para o Árabe pela família de George Khoury, um aluno israelense palestino que levou um tiro na cabeça por terroristas que o confundiram com um judeu enquanto ele estava praticando seu "jogging" em Jerusalém.

Eu estou muito tocado por isto e pela nobre decisão da família de tratar esse livro como uma ponte entre as nações.

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