quinta-feira, janeiro 3

PRIVATIZAÇAO DA CULTURA









Autor: WU, CHIN TAO



















O crescente papel das grandes empresas e seus interesses privados
no mundo das artes na produção,




circulação e nas instituições culturais no mundo,
submetendo-a aos seus interesses,




sob a ótica do marketing, do investimento




em ativos ou da diplomacia de negócios.






Este é o delicado e pouco explorado tema deste livro
inovador da autora taiwanesa Chin-tao Wu,




a partir de sua pesquisa na Universidade de Londres




sobre as mudanças ocorridas nos sistemas





de apoio às artes nos Estados Unidos e Reino Unidos no final do século
XX.




A obra analisa os efeitos das políticas para o setor




dos governos de Ronald Reagan e Margaret Thatcher,




que estabeleceram marcos como a redução dos investimentos





governamentais diretos e do controle público,




e o crescimento dos incentivos fiscais, fundações privadas,




do marketing cultural e dos institutos de empresas atuando no setor.




A cultura deixa de ser uma área de enriquecimento do espírito,





para se tornar mais um setor que tem que "se sustentar",




como "negócios privados", mas que seguem,






ainda que de forma às vezes dissimulada, subsidiados pelo poder
público.






A partir desta mudança na postura dos governos e sociedades





em relação à influência do mundo dos negócios na arte,






Chin-tao explora o peso das empresas e seus dirigentes




nos conselhos curadores, inclusive de instituições públicas




como a Tate Gallery, e as crescentes coleções privadas,




em poder das próprias empresas.






Como estas fazem da arte, também, seu negócio financeiro

e de imagem.






E como os próprios museus se tornam cada dia mais

orientados e parecidos com empresas.






Como no caso, estudado no livro, das "franquias"




do museu Guggenheim, que hoje já possui até uma filial




dentro de um cassino em Las Vegas.






E quais são os efeitos disso na produção artística.




Um debate essencial para a discussão de cultura






no Brasil das leis de incentivo que promovem




o controle privado com recursos públicos,




após a falência da polêmica Brasilconnects,






da imensa coleção privada de Edemar Cid Ferreira,




e dos projetos imobiliários de um Museu de Artes de São Paulo em crise.






O livro traz ainda um texto inédito sobre financiamento público à cultura, escrito por Danilo Santos de Miranda,






Diretor do Departamento Regional do SESC no Estado de São Paulo.









"É importante observar que este livro fala principalmente do





aspecto privado do problema, isto é da entrada agressiva das grandes corporações





e outras instituições no circuito internacional da arte. Mas existe outra questão igualmente importante,




sobretudo no Brasil, onde interesses públicos e




privados muitas vezes se misturam:




a participação do Estado no sistema da arte, suas políticas,




estratégias e critérios de incentivo,




mecanismos de destinação de fundos públicos etc.






O fato é que, como em tudo na vida, quem banca controla." Comentários de LUCIANO TRIGO.





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