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16 jan (1 dia atrás)
Televisões Portuguesas vs. Direitos dos Animais
Só no passado fim-de-semana, entre Sábado e Domingo, duas reportagens especiais da SIC mostraram, mais uma vez, como esta estação de televisão lamentavelmente se distanciou dos tempos em que, dirigida por Emídio Rangel, ajudou a lançar importantes questões relativas aos direitos dos animais em Portugal, sempre tratando-as de forma justamente imparcial e sempre deixando bases de informação capazes de levarem os espectadores a formularem uma opinião informada e moralmente evoluída acerca de questões como a protecção de cães e gatos, as touradas e o modo tremendamente violento como são tratados os animais explorados e mortos com fins alimentares. Longe vão os tempos em que o excelente “Esta Semana”, de Margarida Marante, foi palco, por várias vezes, de debates sérios, civilizados embora apaixonados, e bem conduzidos acerca dos direitos dos animais, sempre feitos com base em boas reportagens. Longe vão os tempos em que a SIC era vista como um reduto de neutralidade e até de esperança pelos portugueses que se preocupam com os animais e que não gostam desse lado negro e cruel de Portugal sob a capa do qual tudo se pode fazer a todos os seres que têm o circunstancial azar de não pertencer à espécie humana. Longe vão os tempos em que a distância que a SIC manteve da emissão de touradas significava algo de moralmente importante quanto às suas opções programáticas. Com efeito, esses tempos parecem cada vez mais longínquos.
A SIC dos tempos mais recentes, que é ainda a SIC de hoje, é bem diferente. É a SIC que promove amplamente a exploração e violentação de animais em circos, em diversos programas, aproveitando todas essas oportunidades para pôr algumas das suas mais conhecidas caras a dizer que “os animais dos circos são muito bem tratados”. Isso é dito mesmo quando há provas, em Portugal (veja algumas das provas aqui: http://www.tvanimal.org/index.php?option=com_content&task=view&id=22&Itemid=43) e por todo o mundo, da violência que é rotineiramente exercida contra animais nos circos e mesmo depois de Victor Hugo Cardinali ter dito, publicamente: “Eu bati no elefante porque ele não queria fazer o exercício, e isso não nego. Nós não podemos deixar que um animal faça aquilo que quer, ou então não há respeito e o domador não está ali a fazer nada”. Isso é dito mesmo quando, recentemente, as figuras principais do programa da SIC Radical “A Luta Continua” foram severamente agredidos por vários elementos do Circo Chen (ver aqui, a partir do minuto 05:01 do vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=WTumv4xJLCo). Isso é dito apesar da questão principal da utilização de animais em circos não ser a violência. A questão central é que os animais não devem estar nos circos porque não é moralmente aceitável que os humanos os escravizem, subjugando-os, enclausurando-os, domando-os e ridicularizando-os para mera diversão.
Mas a SIC de hoje não se fica por aí. Entre outros exemplos passados e recentes, pode dizer-se, a título ilustrativo, que a SIC de hoje, só no passado fim-de-semana, foi infelizmente bastante mais longe:
1. Na rubrica “Perdidos e Achados” do “Jornal de Noite” do Sábado passado, a SIC retomou o tema “Barrancos e as Touradas”, para rever a sucessão de acontecimentos desde que o chamado “caso Barrancos” começou até aos dias de hoje. Nessa reportagem, que deveria ter sido o mais imparcial possível, além de ter sido dado 80% a 90% do tempo aos barranquenhos e apenas 10% a 20% do tempo aos defensores dos direitos dos animais, a reportagem foi mais longe, transmitindo, implicitamente, a mensagem de que o povo de Barrancos, de forma supostamente heróica, violou a lei e ameaçou as autoridades repetidamente até que o Presidente da República, o Governo e o Parlamento vieram, em 2002, legalizar as touradas de morte, mostrando que o crime compensa. A mesma reportagem transmitiu a ideia de que o povo de Barrancos teria saído vitorioso de uma disputa política com os defensores dos direitos dos animais, que teriam fracassado, infere-se da mesma reportagem televisiva. Na verdade, esse mesmo povo, embriagado pelo seu afastamento do progresso e pela ignorância dele decorrente, saiu perdedor dessa contenda moral, pois colocou-se do lado do primitivismo, para defender o seu direito a perseguir, torturar e matar 5 a 6 animais inocentes por ano, fazendo-o em público, sob a forma de espectáculo, ligando-se, assim, cada vez mais, com o seu lado ostensivamente primário e sanguinário, que o Estado ajudou a cultivar, através de um exercício público de cobardia política, ao dar àquele povo o direito de se manter inculto, ignorante e, pior do que tudo, viciado no mórbido gosto de violentar e de retirar prazer de assistir a essa violência. Portugal perdeu também, nesse episódio, mas quem perdeu realmente foram, como sempre, os animais. Os defensores dos animais não perderam, claro está, porque nem são eles que são torturados e violentados nas touradas de Barrancos como também não são eles que ficam reféns da ignorância e do subdesenvolvimento que presidiram a todo aquele escândalo. Os defensores dos animais souberam, então, como sabem hoje, que a luta cívica e política pelos direitos dos animais é uma dura luta pelos direitos fundamentais de indivíduos que não se podem representar a si mesmos, uma luta que se faz contra os maus hábitos dos povos, contra o obscurantismo, contra a rudeza e o gosto pelo sangue e pelo sofrimento, contra o provincianismo bacoco e contra a tendência para a rejeição do, e reacção ao, progresso e ao apuramento ético das sociedades humanas. Infelizmente, a reportagem da SIC documentou e transmitiu o contrário disto, permitindo que se pense, depois daquela reportagem, que Barrancos ganhou e que aquilo que ganhou terá valido a pena. Não foi sequer aflorada a hipótese daquelas pessoas, que tão realizadas se declararam por nada mais terem conseguido do que a permissão legislativa para torturarem e matarem animais, não terem a informação e o distanciamento suficientes para compreenderem tudo o que de mal defendem, praticam e ambicionam poder manter, contra tudo e contra todos. Mais lamentável é notar que a SIC, com esta reportagem, ajudou os barranquenhos a afundarem-se ainda mais em todo este triste enredo, glorificando-o, ironicamente.
2. Na “Reportagem Especial” do “Jornal da Noite” do Domingo passado, a SIC superou-se, em colaboração com a “Visão” (também do grupo Edimpresa). Numa reportagem intitulada “100% Vegetal”, um jornalista da revista “Visão”, em colaboração com repórteres da SIC, decidiu fazer a experiência de adoptar um regime integralmente vegetariano (vegano) durante dois meses para reportá-la num trabalho que seria, supostamente, de jornalismo (ver artigo em http://clix.visao.pt/Actualidade/Sociedade/Pages/vegetariano.aspx). Sem nunca salientar quais os motivos éticos que levam muitos milhões de pessoas por todo o mundo a terem uma dieta vegana e quais são os benefícios ecológicos do veganismo (recentemente reconhecidos por um relatório da Food and Agriculture Organization da ONU que revelou que a actividade pecuária mundial tem consequências ambientais devastadoras e que é a principal causa das alterações climáticas, tendo-se concluído do mesmo relatório que a adopção de uma dieta vegana é ainda mais urgente, importante e mais positivamente impactante para o equilíbrio ecológico da Terra do que evitar o uso dos automóveis, por exemplo), os jornalistas que fizeram esta reportagem não se limitaram a omitir estes dados tão importantes.
Nesta reportagem, que acabou por não ser mais do que uma peça de desinformação, sem esconder o seu gosto por carne e por alimentos animais e o seu desgosto por “ter” que se alimentar apenas de alimentos vegetais durante dois meses (o que logo o denunciou como a pessoa errada, dado o preconceito, para uma reportagem séria e imparcial sobre o tema), o jornalista João Luz esqueceu-se convenientemente de consultar um/a dietista ou nutricionista que estivesse em condições de o orientar adequadamente neste processo. Ao invés disso, foi (des)orientado pela endocrinologista Isabel do Carmo – que também confessou durante a reportagem, sem qualquer pudor, o seu preconceito contra uma dieta vegana, que logo se percebeu que radica em desinformação e impreparação. Inacreditavelmente, esta médica não informou João Luz de que não seria indicado passar, de um dia para o outro, de uma dieta que inclui o consumo de vários produtos de origem animal para uma dieta integralmente vegetariana, sendo sempre aconselhável haver uma transição, ainda que esta possa ser rápida, que passe pelo ovo-lacto-vegetarianismo ou, pelo menos, pelo ovo-vegetarianismo (embora haja muitas pessoas que se tornam veganas sem passar pelo vegetarianismo que admite o consumo de alguns alimentos de origem animal e que não sofrem qualquer alteração negativa daí resultante – antes pelo contrário). Além do mais, a mesma médica não lhe deu quaisquer indicações sérias, correctas e úteis sobre o que João Luz deveria procurar comer para poder ser vegano de forma saudável e, até, tendo gosto nisso. É que os veganos também apreciam ter gosto naquilo que comem, ao contrário do que se possa pensar, e uma dieta vegana pode e deve ser rica em experiências deliciosas – ao mesmo tempo que éticas, porque não implicam a morte de nenhum animal, e de longe mais saudáveis, porque recusam a ingestão de produtos animais que tão intimamente estão associados a diversos tipos de cancro, à osteoporose, ao colesterol elevado, a doenças cardíacas e respiratórias, a alergias alimentares, etc. Sendo que todos estes factos, mais do que comprovados tanto cientificamente quanto por inúmeras experiências de milhões de pessoas por todo o mundo, foram convenientemente omitidos nesta reportagem, nomeadamente por Isabel do Carmo, que, ou não os conhece ou prefere não os conhecer, o que em ambos os casos nada abona acerca da sua capacidade profissional. Na verdade, esta médica chegou mesmo a dizer que os veganos são pessoas muito paradas, passivas e não reactivas dada a falta de proteína animal – que, segundo a mesma, será de melhor qualidade e é mais forte do que a proteína vegetal. Entre outros exemplos que se poderiam referir para contrapor a esta ideia tola, pode-se referir, desde logo, que os milhões de veganos que trabalham energicamente em defesa dos direitos dos animais por todo o mundo são habitualmente pessoas a quem não falta energia nem capacidade física ou intelectual – sendo-lhes conhecida e reconhecida a sua resistência e persistência no desenvolvimento das actividades que empreendem.
Acresce que, durante a reportagem, nunca foi entrevistada uma única pessoa vegana, o que seria fundamental para uma reportagem sobre o veganismo, mas foi entrevistada uma família macrobiótica, ou seja, não vegana, que não ilustrou, sequer superficialmente, o estilo de vida vegano. Seria cansativo referir todos os exemplos que a reportagem deu que fizeram com que fosse uma péssima reportagem. Certo é que qualquer pessoa não poderá deixar de lado a hipótese – que é apenas uma hipótese explicativa e não mais do que isso – desta reportagem ter, porventura, uma agenda deliberada ou acidental que, pelo que cedo se percebeu, de uma maneira ou de outra acabou por servir os interesses das indústrias que produzem e lucram com a carne, do peixe, dos ovos e do leite e que são indústrias que não estão obviamente preocupadas com a saúde humana – se estivessem, não existiriam.
É de notar que esta reportagem foi feita numa colaboração SIC/”Visão” e que estes são dois órgãos de informação experientes, com jornalistas experientes. Como se explica, então, que, numa reportagem grande sobre veganismo feita por estes dois órgãos informativos, se tenham sido cometidos todos os erros, falhas e omissões possíveis para se chegar à conclusão – ali perigosa mas (para alguns) convenientemente publicada e publicitada – de que o veganismo não é uma opção saudável? Terá sido mero azar? Terá sido acidental? Qualquer que seja a resposta, esta reportagem feriu a credibilidade jornalística de ambos os órgãos e dos jornalistas que nela participaram.
Deve ser dito, claro está, que não se questiona todo o jornalismo que é feito na SIC (ou na “Visão”, que também surge neste rol de tristes casos) nem todos os jornalistas da SIC. Na verdade, a SIC é a estação de televisão que mais profissionais informados e sensíveis às diversas questões dos direitos dos animais tem. Profissionais que, além de serem bons jornalistas, são boas pessoas e que certamente não apreciam episódios como os do passado fim-de-semana informativo. Sobre a RTP1, pouco mais há a dizer que é um satélite de propaganda e defesa televisiva da tauromaquia, tendo chegado ao cúmulo de organizar e emitir uma tourada no Dia Mundial do Animal no passado ano, tendo ido bem mais longe quando produziu um programa especial da série “A Voz do Cidadão” dedicado à questão da emissão de touradas pela estação, tendo-o viciado da forma mais visível possível de modo a chegar à conclusão notoriamente pré-decidida de que as touradas deveriam continuar a ser emitidas pela RTP. Quanto à TVI, há muito que tem uma agenda ostensivamente hostil aos animais e à defesa dos seus direitos – a tal ponto que a ANIMAL decidiu, recentemente, não voltar a enviar comunicados, fazer declarações ou responder a questões ou entrevistas da TVI, dado que é uma estação que sempre procura apresentar a informação alterada para o modo como mais convém aos exploradores e torturadores de animais, que têm na TVI um porto seguro de defesa e propaganda.
Finalmente, importa lembrar que as estações de televisão, em Portugal e em todo o mundo, estão essencialmente do lado das maiores conveniências – e nunca da moral. A respeito da condição particular dos animais no mundo, as empresas que de algum modo os exploram ou lucram com a sua exploração são grandes anunciantes e pagam enormes fatias da publicidade das estações de televisão. Esse factor, aliado à ignorância e à reacção ao progresso (fenómenos que, em Portugal, se registam com bastante frequência), traz péssimos resultados para o modo como os animais são afectados pela actividade das estações de televisão. A título de exemplo, e para se compreender a extensão destes impactos, importa dizer que, nos Estados Unidos da América, o candidato presidencial e Senador Democrata Dennis Kucinich – um senador vegano, activo defensor dos direitos dos animais e dos direitos humanos, que condenou a guerra no Iraque desde o primeiro momento e que defende a existência de um serviço de saúde público e publicamente acessível – está a ser convenientemente afastado de todos os debates televisivos no contexto das eleições presidenciais. Afinal de contas, o que seria dos EUA e do mundo se um senador contra a guerra, integralmente vegetariano, defensor dos direitos dos animais e dos humanos, ecologista, activista contra a pena de morte e activista anti-discriminação (racial, sexual, religiosa, de opção religiosa ou política, etc.) fosse o próximo Presidente dos Estados Unidos da América? Afinal de contas, o que seria do mundo se fosse liderado por pessoas e governos comprometidos com a ética, a justiça e o respeito pelos direitos fundamentais dos indivíduos? Seria um mundo bem melhor... e, pelos vistos, há que impedir isso a todo o custo...
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.org.pt :: Em defesa dos direitos de todos os animais ::
ManifestoANIMAL.
org :: Pelo Fim dos Crimes Sem Castigo
2 comentários:
Querida! A menina é hipócrita? Ou é mesmo Lusa e Nacional e quer acreditar no seu País? Não deixe que grupelhos de fedelhos guedelhudos e drogados, esquerdistas e confusionistas, a levem e atormentem. Também há Gente Séria que ainda sobreviveu neste País, nados aqui, vividos nas Antigas Colónias traídos por gente com farda ou não, com caneta, até alguns meio-burgueses com problemas de consciência. Gente de lá ou do querido torrão Luso do Império. Mas Sobrevivemos, apesar da Traição. E concordamos na Defesa da Vida. Temos faróis e rumos, permita-me que deixe alguns, algum guia, o Guia. Bem Haja, minha Senhora.
Respeitosos Cumprimentos
http://kanhangulo.blogspot.com/
Aqui está a prova de mais um(a)neo.nazista com sangue judeu.
Mande sempre, mas tenha coragem como o demonstra no que escreve, a sua cara verdadeira.Não se esconda em nicknames.
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