quarta-feira, outubro 10

Acidentes com ônibus e carreta deixam pelo menos 28 mortos em Santa Catarina

Tragédia

Acidentes com ônibus e carreta deixam pelo menos 28 mortos em Santa Catarina


Publicada em 10/10/2007 às 14h08mClic RBS; GloboNews TV; Zero Hora; CBN; TV Globo; O Globo Online


FLORIANÓPOLIS - Pelo menos 28 pessoas morreram e 90 ficaram feridas em dois acidentes no mesmo local da rodovia BR-282, na noite desta terça-feira, em Santa Catarina.

O primeiro acidente envolveu duas carretas e um ônibus e deixou sete mortos, entre eles dois dos motoristas.

O segundo, ainda pior, aconteceu cerca de duas horas depois, quando as vítimas ainda eram socorridas.

Uma carreta perdeu o controle e atropelou as equipes de resgate e as pessoas que estavam no local.

Entre os mortos, estão bombeiros, civis e até profissionais que faziam a cobertura do acidente.

Evandro Troian, cinegrafista da RBS TV Chapecó, afiliada da TV Globo, foi atingido e morreu na hora. Até agora, 22 vítimas foram identificadas pelo Instituto Médico Legal (IML). O governador Luiz Henrique da Silveira esteve no local do acidente e irá decretar luto oficial de três dias no estado.

( Veja fotos da tragédia )

Por volta das 19h30m, um ônibus - que transportava cerca de 40 passageiros de Chapecó para São José do Cedro - teria se chocado com duas carretas nas proximidades de Descanso, no extremo oeste do estado.

Com a colisão, os três veículos teriam caído em uma ribanceira e pegado fogo. Cerca de duas horas depois, outra carreta perdeu o controle dos freios e acabou atingindo os veículos parados na rodovia, atropelando equipes de resgate e curiosos que pararam para observar a tragédia.

- Estavam os bombeiros, a ambulância, guinchos, todos parados quando, de repente, veio uma carreta a mais de 130 quilômetros por hora descendo a serra, levando gente, levando carro de bombeiros, carros de polícia, guinchos, levando tudo junto - contou um senhor.


O governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, acredita que o acidente ocorreu devido à irresponsabilidade e à imprudência dos motoristas.


- Infelizmente a tragédia ocorreu por imperícia de um motorista e irresponsabilidade absurda de outro que não aceitando parar na barreira feita pela polícia ultrapassou o dispositivo militar - comentou o governador em entrevista ao programa Atualidade, da Rádio Gaúcha, na manhã desta quarta-feira.

Motorista da carreta é autuado por homicídio culposo
Rosenei Ferrari, de 28 anos, o motorista da carreta que provocou o segundo acidente, foi autuado por homicídio culposo, aquele em que não há intenção de matar.

Os dois motoristas envolvidos no primeiro acidente morreram.

Segundo o repórter Marcos Meller, da Rádio Peperi, que presenciou o segundo acidente, o caminhão responsável pela colisão trafegava por uma faixa de pista reservada para o trânsito de ambulâncias, em alta velocidade.

A Polícia Rodoviária Federal não descarta a possibilidade de ter havido falha mecânica no veículo.

- Estamos investigando se houve algum tipo de defeito mecânico no veículo, porque a sinalização com viaturas estava sendo feita a oito quilômetros de distância do acidente - afirmou um policial. Após a tragédia, bombeiro sobrevivente diz que nasceu de novo

Para quem sobreviveu à tragédia, foi como nascer de novo.

" Eu fui arrastado pelo caminhão. Nunca tive a sensação de estar vendo a morte "

- Eu fui arrastado pelo caminhão. Fiquei preso embaixo do caminhão. Nunca tive a sensação de estar vendo a morte. Mas ali, quando eu ouvi aquele barulho e vi aqueles ferros e os caminhões vindo para cima de mim, eu achei que fosse morrer.

A hora que parou, eu olhei e estava embaixo de uma lona. Comecei a me mexer, estava legal, conseguindo me mexer. Consegui tirar a lona de cima de mim. Realmente, eu nasci de novo - contou o bombeiro Rogério Golin.


Gilmar Poletti, motorista de um caminhão-guincho que trabalhava na remoção dos veículos do primeiro acidente, disse à reportagem da RBS TV que foi atirado na ribanceira, e precisou retirar outras vítimas e objetos que ficaram sobre seu corpo para conseguir deixar o local. Escuridão e inclinação do terreno dificultaram resgate

O trabalho de resgate das vítimas mobilizou centenas de policiais, socorristas e oficiais do Exército.

A missão tornou-se mais complicada pela escuridão e pela inclinação do terreno.

Cordas foram usadas para auxiliar o trabalho. Alguns corpos que estavam no ônibus ficaram presos às ferragens. Foi preciso utilizar uma serra para fazer o resgate.

Parentes e amigos passaram a madrugada buscando informações.
Durante toda a noite, ambulâncias chegavam aos hospitais com feridos.

Só para o Hospital de Maravilha, a cerca de 30 quilômetros do local do acidente, foram levados, pelos menos, 20 feridos.


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