Todas as manhãs, se ouvimos rádio ou lemos o jornal, confrontamos-nos com as mesmas noticias desoladoras: violência, crimes, guerras e catástrofes. Não me lembro de um único dia em que uma reportagem deixasse de informar que algo terrível estava acontecendo em algum lugar. Mesmo na época actual, é evidente que a preciosa vida humana não está segura. Nenhuma geração anterior vivenciou tantas más noticias quanto a de agora; este constante estado de medo e tensão deveria fazer com que qualquer pessoa sensível e compassiva questionasse com seriedade o progresso do mundo moderno.É irónico que os problemas mais graves se originem exactamente nas sociedades de indústria mais avançada. A ciência e a tecnologia têm realizado maravilhas em muitos campos, mas os problemas básicos persistem. A actual capacidade de ler e escrever, que é inédita, é uma aptidão que não parece favorecer a benevolência: ao contrário, mais parece ter inclinado à intranquilidade mental e ao descontentamento. Não há dúvida sobre o presente avanço material e tecnológico, mas constatamos como é insuficiente, pois até hoje não conseguimos alcançar a paz e a felicidade nem superar o sofrimento.Resta-nos concluir que deve haver algum erro grave no nosso progresso e desenvolvimento e que, se não for debelado a tempo, poderá acarretar consequências desastrosas para o futuro da humanidade. Não sou, de maneira alguma, contrário à ciência e à tecnologia – elas têm contribuído imensamente para a existência global da nossa espécie, para o nosso conforto e bem-estar materiais e para maior compreensão do mundo em que vivemos. Mas, colocando demasiada ênfase sobre ambas, corremos os risco de perder contacto com aquele conhecimento e aquela compreensão que aspiram à honestidade e ao altruísmo.A ciência e a tecnologia, embora capazes de criar um conforto material imensurável, não podem substituir os antiquíssimos valores espirituais e humanitários que embalsaram em ampla escala a civilização mundial, em todas as suas formas nacionais específicas, como sabemos hoje. Não podem ser negados os benefícios materiais científicos e tecnológicos sem precedentes, mas nossos problemas fundamentais permanecem irresolvidos; continuamos nos confrontando com os mesmos – se não maiores – sofrimentos, medos e tensões.
Portanto, é bastante coerente que tentemos estabelecer um equilíbrio entre o desenvolvimento material, por um lado, e o desenvolvimento dos valores espirituais, por outro. Para consegui-lo, precisamos fazer reviver nossos princípios humanitários.O que me lembra as palavras de um outro tibetano, Sogyal Rinpoche, do seu precioso O Livro Tibetano do Viver e do Morrer (Editora Palas Athena, São Paulo, 1999), em Bodhisatvas e Exercícios de compaixão.Para ver o catálogo completo da Editora Palas Athena por favor acesse:
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