quarta-feira, maio 14

Biografia e Obra de Artur Bual

Biografia e Obra


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Do ponto de vista cultural, a cidade tinha fundado algumas associações, com vista a dar resposta a algumas preocupações dessa índole.
Mas m um movimento ainda incipiente e bastante frágil, assente fundamentalmente na “carolice” de um pequeno grupo de entusiastas.
Assim, o teatro era realizado na Casa do Algarve, por um grupo de sócios daquela colectividade, já que o Grupo Dramático Actor Eduardo Brazão há muito que se encontrava moribundo; o cinema amador era desenvolvido no Cineclube da Beira, o mais antigo da casa oriental; e as artes plásticas no Centro de Cultura e Arte.
A partir de Setembro de 1961, o movimento cultural gravitará a volta de um projecto ambicioso, fruto de uma ideia levantada pelo escritor Nuno Bermudes, visando a construção de um Auditório e Galeria de Arte. Este entusiasmo espalhou-se a outros locais do território, como Vila Pery (actual cidade do Chimoio), onde se pensava então construir uma Biblioteca e Galeria de Arte, e a Lourenço Marques, onde o arquitecto “Pancho” Miranda Guedes chegou a apresentar à vereação da Câmara Municipal daquela localidade, em 12 de Julho de 1962, um anteprojecto para uma galeria artística.


O mundo literário e artístico beirense reduzia-se apenas a meia dúzia de pessoa.
Na literatura, saltam-nos de imediato os nomes de Nuno Bermudas e Fernando Couto, com uma actividade muito intensa, tanto na rádio como nos jornais.
Estes tinham sido os coordenadores de duas colecções de prosa e poesia, editadas por iniciativa da sociedade do Notícias da Beira.
Uma outra iniciativa local, a revista Paralelo 20, editada a partir dos finais dos anos 50, agregará a sua volta os vultos intelectuais do território. Muito menos visíveis, não deixando por isso de ter lugar neste grupo, estavam o Ascêncio de Freitas e o Dr. Jorge Vila. O primeiro tinha ficado conhecido a partir de um livro de contos, cães da Mesma Ninhada, editado pelo Notícias da Beira em 1960. O Dr. Jorge Vila era poeta, ao que me parece sem qualquer livro publicado em Moçambique. O seu prestígio vinha fundamentalmente dos prémios literários ganhos tanto em Lourenço Marques como na Beira. Eugénio Lisboa passou igualmente por aqui, enquanto funcionário dos Serviços de Electricidade, e, pelo que sei, através de familiares, exerceu alguma actividade de carácter cultural.


No jornalismo, o Noticias da Beira viria a recrutar António Gouveia Lemos, o profissional mais prestigiado de Moçambique, que juntará à sua volta um grupo de jovens repórteres.
José Craveirinha virá a escrever neste jornal, por iniciativa do primeiro, após a sua saída da prisão.
Pela mesma altura, Ricardo Rangel encontrava-se também aqui, ao serviço do Diário de Moçambique. então o jornal mais combativo da imprensa moçambicana.
Nas artes plásticas, a situação era em tudo semelhante.
O Centro de Cultura e Arte da Beira, fundado em 1961, virá a exercer uma meritória actividade a partir do ano seguinte, com a realização de cursos de iniciação artística, em desenho, pintura, escultura, iniciação musical e ballet.
Os nomes mais representativos neste domínio eram: José Pádua, Jorge Vasconcelos e, mais tarde, Shikhani, que virá a fixar-se na Beira em finais de 60/princípios de 70. Anteriormente tinha havido apenas Rui Filipe (Cândido de Figueiredo), já nascido naquela cidade, e cuja formação artística se tinha feito com mestre Frederico Ayres, tendo realizado exposições em Lourenço Marques e Beira.


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