Poesia sem sabor
Por mais que eu queira, não sei das verdades à luz do dia.
Tudo o que eu queria era a poesia que existia em acordar apressada, pintar os olhos, alimentar os filhos, estacionar numa vaga qualquer, e sorver os rostos que não se sabiam observados.
Felicidade não rima com poesia.
Poesia só aparece quando sobra tempo, quando já não se está ocupado sendo feliz.
O silêncio tem sempre dois significados, e a saudade é a mortalha derradeira de um tempo que não se quer findo.
A saudade tem mania de aguçar a memória, de pintar os dias idos de cor-de-rosa, e acinzentar o que não tem mais.
Meu tempo não segue as folhas do calendário, e hoje não me entendo em vinte e quatro horas.
Nada me alegra tempo suficiente para virar lembrança.
Nada me pertence ou me é destinado.
É como se a areia da ampulheta tivesse acabado e eu não tivesse me dado conta.
E daí?
Preciso apenas escrever lembranças e versos com sabor de gestação.
Preciso das gargalhadas e dos choros de madrugada, dos beijos nas manhãs despercebidas, da sensação de segurança e proteção de um amor prometido.
A mulher feiticeira está distante das fogueiras,
e a poesia foi dormir mais cedo, numa cama pequena, que não me cabe,
sob um edredom macio com cheiro de novo.
Não sei mais nada desde há muito tempo, quando a areia deixou de escoar os sonhos, e todos os vidros se partiram em estilhaços de passado.
O tempo passa, mas não tenho mais vontade de viajar na incerteza, depois de todas as certezas desfeitas.
As paixões deixam gosto amargo e palavras soltas.
Deixam imagens desconexas e sensação de fracasso.
Não existe verso que me devolva a ilusão.
Não quero mais verdades e descobertas, quero a mentira que me embalava os anos e me definia os horizontes.
Onde estão as ilusões?
Onde os planos e sonhos de madrugadas à luz de velas?
Mas eu sei que o meu trem passou em disparada, me deixando na estação, sem nome e sem rumo.
Não posso voltar e não sei para onde ir.
Então me sento no banco, ao lado de tantos indigentes que, no fim das contas, amaram.
Tudo o que eu queria era a poesia que existia em acordar apressada, pintar os olhos, alimentar os filhos, estacionar numa vaga qualquer, e sorver os rostos que não se sabiam observados.
Felicidade não rima com poesia.
Poesia só aparece quando sobra tempo, quando já não se está ocupado sendo feliz.
O silêncio tem sempre dois significados, e a saudade é a mortalha derradeira de um tempo que não se quer findo.
A saudade tem mania de aguçar a memória, de pintar os dias idos de cor-de-rosa, e acinzentar o que não tem mais.
Meu tempo não segue as folhas do calendário, e hoje não me entendo em vinte e quatro horas.
Nada me alegra tempo suficiente para virar lembrança.
Nada me pertence ou me é destinado.
É como se a areia da ampulheta tivesse acabado e eu não tivesse me dado conta.
E daí?
Preciso apenas escrever lembranças e versos com sabor de gestação.
Preciso das gargalhadas e dos choros de madrugada, dos beijos nas manhãs despercebidas, da sensação de segurança e proteção de um amor prometido.
A mulher feiticeira está distante das fogueiras,
e a poesia foi dormir mais cedo, numa cama pequena, que não me cabe,
sob um edredom macio com cheiro de novo.
Não sei mais nada desde há muito tempo, quando a areia deixou de escoar os sonhos, e todos os vidros se partiram em estilhaços de passado.
O tempo passa, mas não tenho mais vontade de viajar na incerteza, depois de todas as certezas desfeitas.
As paixões deixam gosto amargo e palavras soltas.
Deixam imagens desconexas e sensação de fracasso.
Não existe verso que me devolva a ilusão.
Não quero mais verdades e descobertas, quero a mentira que me embalava os anos e me definia os horizontes.
Onde estão as ilusões?
Onde os planos e sonhos de madrugadas à luz de velas?
Mas eu sei que o meu trem passou em disparada, me deixando na estação, sem nome e sem rumo.
Não posso voltar e não sei para onde ir.
Então me sento no banco, ao lado de tantos indigentes que, no fim das contas, amaram.
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