Rui Knopfli
Poeta moçambicano, Rui Knopfli nasceu em 1932, em Inhambane, Moçambique, e faleceu em 1997.
Desde finais dos anos 50, desenvolveu uma sólida obra poética que não é facilmente incluída nas correntes literárias moçambicanas, assumindo-se antes como continuadora da tradição lírica do Ocidente. Camões, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa ou T. S. Eliot poderiam servir de referência para analisar a poética de Knopfli.
Isto apesar de, por ter nascido em plena savana de Moçambique, muita da sua imagética remeter para paragens africanas.
A concisão e o cuidado formal de que se revestem os seus poemas reflectem um sentir contido e desencantado, perante uma realidade muitas vezes altamente agressiva.
Rui Knopfli viveu em Moçambique até aos 43 anos, tendo colaborado em diversos jornais e codirigido, com Eugénio Lisboa e o jornalista Gouvêa Lemos, de quem tinha um quadro pintado por Neves e Sousa, pintor angolano, no seu escritório em Londres, quando Adido Cultural de Portugal, os suplementos literários do semanário A Voz de Moçambique e do diário A Tribuna.
O País dos Outros (1959), Reino Submarino (1962) e Máquina de Areia (1964) foram os seus primeiros livros, mas é Mangas Verdes com Sal o seu livro da maturidade enquanto poeta.
Nele escreve: «Eu trabalho, dura e dificilmente, / a madeira rija dos meus versos, / sílaba a sílaba, palavra a palavra», verdadeiro testemunho do despojamento e da precisão que caracteriza o seu estilo.
Knopfli olhava as correntes literárias em voga nas décadas de 60 com distanciamento e até ironia.
Apesar de ter experimentado escrever poemas concretistas, foi sobre um estilo de depuramento clássico e formal que sempre se debruçou com maior interesse.
Por outro lado, é frequentemente classificado como poeta barroco, contribuindo para tal não só o desenvolvimento de temas como o tempo e o desengano, como o próprio uso da linguagem rigorosa com que talha os seus versos.
Daí a sua independência e originalidade, daí a dificuldade em integrá-lo nas correntes literárias.
O desencanto do poeta não soa a revolta, antes a uma passividade indiferente.
As imagens podem ser violentas ou ameaçadoras, mas isso acontece quase que subliminarmente, já que o que prevalece é a serenidade das coisas, bem harmonizada com um estilo sóbrio, revelador de algo que está para além da dor.
Em 1975 teve que partir para Londres, onde em 1982 assumiu o cargo de conselheiro de imprensa na Embaixada de Portugal.
Rui Knopfli, que desde sempre pautara a sua poesia por uma forte incidência urbana, onde o artificial se sobrepunha à natureza, vê-se agora mergulhado no mais intenso cosmopolitismo, facto esse que, em vez de se harmonizar com o seu sentir, antes lhe intensifica o sentimento de exílio e, consequentemente, de desolação.
Daí que, na senda de outros poetas de língua portuguesa, confesse, em 1978, no livro O Escriba Acocorado : «pátria é só a língua em que me digo».
A sua carreira literária prosseguiu em 1982 com a edição coligida de toda a sua poesia, reunida no livro Memória Consentida - Vinte Anos de Poesia, e O Corpo de Atena, de 1984, para além da edição, conjuntamente com Grabato Dias, dos cadernos de poesia Calibán.
Bibliografia: O País dos Outros, Lourenço Marques, 1959; Reino Submarino, Lourenço Marques, 1962; Máquina de Areia, Lourenço Marques, 1964; Mangas Verdes com Sal, Lourenço Marques, 1969; A Ilha de Próspero, Lourenço Marques, 1972; O Escriba Acocorado, Lisboa, 1978; Memória Consentida, Lisboa, 1982
Bibliografia: O País dos Outros, Lourenço Marques, 1959; Reino Submarino, Lourenço Marques, 1962; Máquina de Areia, Lourenço Marques, 1964; Mangas Verdes com Sal, Lourenço Marques, 1969; A Ilha de Próspero, Lourenço Marques, 1972; O Escriba Acocorado, Lisboa, 1978; Memória Consentida, Lisboa, 1982
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