Caricatura de Victor Hugo no ponto máximo de sua carreira política, por Honoré Daumier, (1849)
A partir de 1849, Victor Hugo dedica um quarto da sua obra à política, um quarto à religião e outro à Filosofia humana e social.
Se o pensamento de Victor Hugo pode parecer complexo e às vezes contraditório, não se pode dizer que seja monoteísta.
Reformista, deseja mudar a sociedade mas não mudar de sociedade. Se ele justifica o enriquecimento, denuncia violentamente a desigualdade social.
É contra os ricos que capitalizam os seus lucros sem reinjetá-los na produção.
A elite burguesa jamais o perdoará por isso.
Ele também se opõe à violência quando ela se aplica contra um poder democrático, mas a justifica (conforme à Declaração dos direitos do homem) contra um poder ilegítimo. É assim que, em 1851, lança um chamado à luta - "carregar seu fuzil e ficar preparado" - que não é seguido. Mantém esta posição até 1870, quando começa a Guerra Franco-Prussiana; Hugo a condena: "guerra de capricho" e não de liberdade.
Em seguida, o império é deposto e a guerra continua, desta vez contra a república; o argumento de Hugo em favor da fraternização resta, ainda, sem resposta.
É assim que, em 17 de Setembro, publica uma chamada ao levantamento de massa e à resistência. Os republicanos moderados ficam horrorizados: preferem Bismarck aos "socialistas"!
A população de Paris, no entanto, se mobiliza e lê avidamente Les Châtiments. (Ver Comuna de Paris).
Escultura de Victor Hugo, por Rodin.
Coerente, Hugo não podia ser comunista: "O significado da Comuna é imenso, ela poderia fazer grandes coisas, mas na verdade faz somente pequenas coisas. E pequenas coisas que são odiosas, é lamentável. Compreendam-me: sou um homem de revolução.
Aceito, assim, as grandes necessidades, mas somente sob uma condição: que sejam a confirmação dos princípios e não o seu desrespeito.
Todo o meu pensamento oscila entre dois pólos: civilização-revolução ".
" A construção de uma sociedade igualitária só será possível se for conseqüência de uma recomposição da sociedade liberal."
No entanto, diante da repressão que se abate sobre os comunistas, o poeta declara seu desgosto: "Alguns bandidos mataram 64 reféns. Replica-se matando 6000 prisioneiros!".
Denunciando até o fim a segregação social, Hugo declara durante a última reunião pública que preside:
"A questão social perdura. Ela é terrível, mas é simples: é a questão dos que têm e dos que não têm!".
Tratava-se precisamente de recolher fundos para permitir a 126 delegados operários a viagem ao primeiro Congresso socialista da França, em Marselha.
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