S.T - Como você vê o avanço da extrema - direita na Europa? Existe muito anti-semitismo no Rio Grande do Sul?M.S - Com grande preocupação, no mundo inteiro e em Israel. É o renascimento de antigas intolerâncias. Nós pensamos que estamos num mundo globalizado, que as pessoas agora vão conviver melhor. Mas isto está se revelando um equívoco. Quando a gente menos espera, velhas xenofobias ressurgem com conseqüências trágicas. No RS, não tem um anti-semitismo escancarado. Esse foi um estado que teve um movimento nazista nos anos 30 e 40 relativamente forte. E tem um movimento neo-nazista nos anos 80 e 90 débil. É uma coisa mais ridícula do que ameaçadora. Isso não significa que a gente deva minimizar. Porque esses neo-nazistas e racistas que estão ganhando eleições na Europa, há uns anos atrás eram meia dúzia e hoje conseguem adeptos. Isso sempre acontece quando existe uma crise social, representada na Europa pelo afluxo de imigrantes e pela violência social. São facetas do preconceito que ressurgem. Há uma comunidade árabe no RS, sobretudo nas cidades da fronteira. É uma comunidade que está crescendo, e que pode se tornar maior que a comunidade judaica. É engraçado porque eles repetem a trajetória judaica, trabalham em comércio. Eles são solidários aos palestinos, mas existem várias correntes, desde os extremistas até os que querem um diálogo. Agora, ser contra o estado de Israel não significa ser anti-semita..
Danielle Sommer e Victor Brami
Parte da entrevista a Moacyr Scliar
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