08/11/2007 - 15h03
Estréia - Redford traz apatia dos EUA em "Leões e Cordeiros"
SÃO PAULO (Reuters) - Militante político tanto na arte como na vida pessoal, o veterano Robert Redford volta à cadeira da direção depois de sete anos para realizar o drama "Leões e Cordeiros", sobre a guerra do Afeganistão e a atual apatia cívica dos norte-americanos.
Redford, que fez "Lendas da Vida" em 2000, não só dirige como produz e atua no filme.
Na pele do professor universitário Stephen Malley, Redford incorpora uma espécie de centro moral do filme, que busca refletir sobre responsabilidade individual e coletiva, além de motivar um aluno brilhante, mas acomodado, Todd (Andrew Garfield).
Personagem menos atraente da trama, Todd tem uma função essencial -- ser o símbolo de uma certa juventude norte-americana que está negociando seu talento pelo maior preço e o sucesso material mais rápido.
O fogo cruzado é mais direto no outro lado do mundo, para os soldados Ernest Rodriguez (Michael Pena) e Arian Finch (Derek Luke), que resolveram entrar na guerra inspirados pelas ideologias do professor Malley.
Envolvidos em uma missão secreta no Afeganistão, eles caem em local perigoso, sob a mira de milícias do Taliban. Sua vida depende da rapidez de um resgate e de manobras políticas que são tomadas a milhares de quilômetros dali.
Mais precisamente, no gabinete do senador Jasper Irving (Tom Cruise) que, naquele momento, dá uma entrevista exclusiva a uma veterana repórter de televisão, Janine Roth (Meryl Streep).
A entrevista é o foco mais importante da ação, porque revela os mecanismos de propaganda que colocam em movimento a máquina de guerra -- da qual é parte fundamental o controle da opinião pública.
Convencer a tarimbada repórter de que será vitoriosa esta nova operação executada no Afeganistão é, portanto, mais uma estratégia bélica. E que beneficiará também a carreira do jovem e ambicioso senador republicano, de olho na Casa Branca.
Redford, como se sabe, é um histórico apoiador do Partido Democrata e não perdeu a chance de lançar uma farpa aqui.
Nos três focos narrativos, no front, no gabinete do senador e na sala do professor, revelam-se três becos sem saída, verdadeiros símbolos do impasse em que se encontram os Estados Unidos.
(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)
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