O ENTARDECER DE CACHOEIRA ESCURA
Entardecendo.
Cala o moleque do picolé.
Fecha as portas o verdureiro.
A paisagem nua.
Rostos cansados
Atravessam as ruas.
Um grito atentaa liberdade infantil.
Um tapa ecoa
Um suspiro vence as palavras
O estudante passa,
O beberrão se embriaga.
O marginal planeja
O viciado se dopa
Os inimigos se topam
As mariposas se enfeitam.
A menina na janela
O cachorro magricela
Os piolhos de botequim.
Palitos que se renovam.
Mãos viciadas.
Tilintar de copos
Troca de garrafas.
Um gemido acusa.
Os sentidos aguçam
E olhares furtivos
Varrem a escuridão.
O olhar tristonho
De um "crente " ordeiro
Faz a sua preceNesse devaneio.
Madrugada,
Mentes cansadas,
Embriagadas,
No travesseiro.
Mal descansa o corpo
Que retorna à luta.
Vida de guerreiro.
Começa o dia.
Grita o moleque do picolé
TiaoNascimento
Publicado no Recanto das Letras em 26/10/2007Código do texto: T711108
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